Treze

29 3 0
                                    

Mais tarde naquela noite, Felix estava deitado na cama, os lençóis macios o cobrindo até o pescoço. Ele encarava o teto, seus pensamentos distantes, enquanto o quarto mergulhava em um silêncio reconfortante. O som da água sendo desligada no banheiro indicava que Jisung estava voltando. Logo, Jisung saiu, enxugando os cabelos com uma toalha. Ele jogou a toalha de lado, deslizou para debaixo dos lençóis e se aproximou de Felix, que estava imóvel.

Jisung, com o rosto relaxado, se inclinou para ele, passando um braço ao redor de seu corpo. Felix resmungou, não se mexendo muito, mas deixando-se ser abraçado. Jisung o apertou mais forte, aproximando o rosto de sua nuca, depositando um beijo leve na pele descoberta.

— Você tá quieto hoje — Jisung murmurou, a voz baixa e calorosa contra o pescoço de Felix.

Felix apenas suspirou, sem dizer nada, mas seus olhos continuaram fixos no teto. Ele sentiu o toque suave dos lábios de Jisung descendo lentamente por seu pescoço. O contato, normalmente, o fazia arrepiar-se de leve, mas naquela noite parecia não ter o mesmo efeito. Ele deixou escapar um pequeno suspiro, quase involuntário, quando Jisung encontrou seus lábios e o beijou com vontade. Felix retribuiu, seus lábios respondendo ao toque com suavidade, mas algo dentro dele parecia distante, desconectado.

Jisung, no entanto, não percebeu essa distância sutil. Ele puxou Felix para mais perto, aprofundando o beijo, suas mãos deslizando pelo corpo de Felix, até começarem a levantar sua blusa, numa tentativa de se aproximar ainda mais.

Foi então que Felix parou o movimento, segurando a mão de Jisung e afastando-a suavemente. Ele olhou para Jisung e sorriu de leve, um sorriso que não chegava aos olhos.

— Não tô afim hoje — disse em um sussurro, quase envergonhado.

Jisung olhou para ele por um momento, surpreso, mas logo relaxou, tentando disfarçar o pequeno desapontamento que sentiu crescer em seu peito. Ele retribuiu o sorriso, embora de forma um pouco forçada, e beijou Felix de leve nos lábios.

— Tudo bem — ele murmurou, sua voz carinhosa, mas havia uma pequena frustração escondida ali.

Felix se virou de costas, acomodando-se na cama, sentindo o corpo pesado e a mente ainda mais. O calor dos braços de Jisung ainda o envolvia, mas era como se estivesse um pouco longe, uma presença que ele sabia que deveria confortá-lo, mas que naquela noite não conseguia alcançar seu coração. Ele ouviu o suspiro baixo de Jisung ao seu lado, um suspiro que ele conhecia bem — o suspiro de alguém que estava tentando não demonstrar que estava magoado.

Felix fechou os olhos, tentando afastar a sensação de culpa que começava a se instalar. No fundo, sentia que estava traindo a confiança de Jisung ao manter uma parte de si presa no passado, incapaz de se entregar completamente ao presente. Mesmo sabendo disso, Felix não conseguia mudar o que sentia, e isso o corroía por dentro.

Jisung ainda tentou abraçá-lo por trás, mas logo desistiu, afastando-se um pouco na cama. O silêncio entre eles se alongou, preenchendo o quarto com uma sensação de distância palpável, ainda que estivessem deitados lado a lado.

Ecos Caóticos Onde histórias criam vida. Descubra agora