Dezoito

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Horas se passaram desde que Felix e Jisung chegaram em casa, mas o cansaço físico que deveria ter o derrubado não foi suficiente para acalmar sua mente. Eles haviam feito amor logo após entrar no apartamento, e mesmo com os toques suaves de Jisung e o calor de seu corpo, Felix não conseguia escapar dos pensamentos que o atormentavam.

Deitado na cama, aconchegado nos braços de Jisung, Felix encarava o teto, mas o peso da visão daquela noite o esmagava. Ele tentou fechar os olhos, tentando se acalmar, mas tudo que via era Hyunjin parado do outro lado da rua. O olhar dele, o jeito que se virou e saiu apressado, quase como se estivesse fugindo... não saía da sua mente. A dúvida corroía cada canto de seus pensamentos. "Será que estou ficando louco?", Felix se perguntou pela milésima vez naquela noite.

Felix suspirou profundamente, virando-se devagar na cama para não acordar Jisung. Ele olhou para o rosto do namorado, tranquilo e adormecido, os lábios entreabertos e a respiração leve. Jisung sempre parecia tão sereno dormindo. Mas Felix não sentia paz. Não naquela noite.

Sem fazer barulho, ele se levantou da cama e vestiu uma camisa larga que mal cobria suas coxas. Ele precisava sair daquele quarto, precisava espairecer. Caminhou pelo apartamento em silêncio, seus pés descalços quase não fazendo som ao tocarem o chão de mármore. O apartamento estava escuro, exceto pela luz fraca que vinha da rua, iluminando vagamente o ambiente.

Felix passou a mão pelos cabelos loiros, suspirando enquanto tentava organizar seus pensamentos. "Eu vi Hyunjin. Eu tenho certeza que vi", pensou, mas a razão lutava contra essa certeza. Como ele poderia estar ali? Ele morreu. Felix viu seu corpo, segurou suas mãos frias e pálidas pela última vez no hospital. Ele enterrou Hyunjin.

Andando pelo corredor estreito, ele parou em frente à janela, observando a cidade lá fora. As luzes de Nova York continuavam a piscar e se movimentar como sempre, mas o coração de Felix estava em outra parte, em outra época. Ele se lembrou de como era caminhar por aquelas ruas com Hyunjin, como eles riam e se divertiam como qualquer casal apaixonado. Por um momento, tudo parecia tão real que Felix quase podia sentir a presença dele ao seu lado. Ele fechou os olhos, tentando afugentar essa sensação.

Felix deslizou os dedos pela vidraça fria da janela e, de repente, a dúvida se transformou em uma necessidade. "Eu preciso saber", ele murmurou para si mesmo, seu coração acelerado. "Eu preciso saber se estou alucinando ou... se realmente era ele."

Ele voltou para o sofá, jogando-se ali com um suspiro mais longo e profundo. Fechou os olhos por um instante, buscando algum alívio, mas a mente continuava acelerada. Hyunjin havia sumido da sua vida de uma forma abrupta e dolorosa, e agora, como um fantasma, parecia ter reaparecido apenas para abalar sua sanidade.

Enquanto o vento batia suavemente contra as janelas, Felix olhou para o chão, seus pensamentos rodopiando como uma tempestade. Ele sabia que aquela visão, real ou não, não iria desaparecer tão cedo.

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