Ecos Caóticos

Vinte e seis

Horas depois, quando Jisung finalmente adormeceu ao seu lado, Felix deslizou para fora da cama com o máximo de cuidado, tentando não fazer barulho. Ele ficou um momento em pé, observando Jisung, que dormia tranquilamente, sem saber da tempestade de emoções que o outro enfrentava. Com um suspiro pesado, Felix vestiu uma camiseta larga e saiu do quarto, seus pés descalços fazendo o mínimo de ruído pelo apartamento escuro.

Ao chegar no escritório, ele fechou a porta atrás de si e ligou o computador. A luz da tela acendeu o pequeno espaço, revelando a tensão nos ombros de Felix e o cansaço em seu rosto. Ele hesitou por um instante, os dedos pairando sobre o teclado, mas depois de um suspiro pesado, começou a digitar.

“Eu sinto saudades.”

Felix escreveu com a sinceridade que carregava no peito. Ele não sabia exatamente o que esperar, mas só precisava que Hyunjin soubesse disso. Ele esperou ansiosamente, os olhos fixos na tela, as mãos trêmulas sobre o teclado. Quando a resposta chegou apenas minutos depois, o coração de Felix acelerou.

“Eu também sinto, Felix. Mas preciso continuar longe. Isso é o melhor para você.”

Felix sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto lia aquelas palavras. Lágrimas encheram seus olhos e ele deixou escapar um soluço, tentando conter a dor que sentia. Como ele podia continuar longe depois de tudo? Hyunjin estava vivo, mas distante, e agora era como se ele estivesse mais inalcançável do que nunca.

Com as lágrimas correndo silenciosamente por seu rosto, Felix começou a digitar novamente, sem conseguir parar. Ele precisava que Hyunjin soubesse o quanto isso o estava destruindo.

“Eu não aguento essa distância. Eu te vi, te toquei, como você espera que eu continue vivendo normalmente?”

Felix apertava as teclas com força, a dor e a saudade refletidas em cada palavra. Ele ficou sentado em frente à tela, esperando outra resposta, o peito apertado de ansiedade. Quando finalmente a resposta veio, não trouxe nenhum consolo.

“Eu sei que é difícil. Mas não há outra opção. Se eu me aproximar, será perigoso para você. E isso é algo que eu nunca vou permitir.”

Felix chorava mais agora, os ombros sacudindo silenciosamente. Ele queria gritar, queria fazer Hyunjin entender que o que estava o matando era essa distância. Era ter ele de volta e não poder tê-lo completamente. Suas mãos tremiam enquanto ele escrevia uma última mensagem, as lágrimas caindo nos pulsos.

“Eu só quero você aqui...”

Ele sabia que não podia pedir mais do que isso, mas aquele simples desejo o consumia. Quando Hyunjin não respondeu imediatamente, Felix desligou o computador e desabou sobre a mesa, soluçando sozinho no escuro.

Ele sabia que não receberia a resposta que queria, mas ainda assim, parte dele esperava que, de alguma forma, Hyunjin pudesse estar ali para salvá-lo da dor que sentia.

...

Felix se sentia derreter sob os beijos quentes de Hyunjin. As mãos dele deslizavam pela sua pele, explorando cada centímetro com familiaridade e desejo. Felix mal conseguia conter os gemidos que escapavam dos seus lábios ao menor toque. Seus corpos se moviam em sincronia, como se pertencessem um ao outro. O cabelo comprido de Hyunjin roçava levemente sua pele enquanto ele descia, chupando o pescoço de Felix, e a sensação era avassaladora. Felix arqueou as costas, sentindo um arrepio percorrer seu corpo, seus gemidos ficando mais altos.

— Eu te amo... — sussurrou Hyunjin contra sua pele, os lábios se movendo suavemente sobre o ponto sensível.

— Eu também te amo... — Felix respondeu, sem hesitar, as palavras saindo com naturalidade, como se o amor estivesse gravado em sua alma.

Aqueles momentos eram perfeitos, sem nenhuma tensão, sem medos. Era apenas ele e Hyunjin, juntos como deveriam estar. Felix sentia que poderia viver eternamente naquele instante.

Mas, de repente, algo mudou. O toque de Hyunjin começou a desaparecer, seus lábios sumiram, e a escuridão tomou conta...

...

Felix acordou com um sobressalto, ofegante, seu coração batendo rápido demais. Ele estava deitado no escritório, a cabeça apoiada nos braços sobre a mesa. Mais uma vez, ele havia sonhado com uma lembrança de Hyunjin, uma memória que o assombrava sempre que fechava os olhos. Felix passou as mãos pelos cabelos, frustrado e cansado. A cada vez que sonhava com ele, a saudade e a dor aumentavam.

Felix suspirou profundamente, levantando-se da cadeira e olhando para o relógio na parede. Era madrugada e o apartamento estava em silêncio absoluto. Ele passou a mão pelo rosto, sentindo os vestígios de lágrimas secas. Ainda podia sentir o toque de Hyunjin, ainda podia ouvir sua voz sussurrando que o amava.

— Por que você teve que ir... — Felix murmurou para si mesmo, sua voz ecoando no silêncio.

Ele se levantou devagar, com o corpo pesado de cansaço e de saudade, e caminhou até o quarto. Ao entrar, viu Jisung dormindo tranquilamente, alheio a toda a tempestade emocional que Felix enfrentava.

Felix deitou ao lado de Jisung, mas seus pensamentos estavam a quilômetros de distância. Ele fechou os olhos, desejando que, da próxima vez que sonhasse com Hyunjin, não precisasse acordar.