Capítulo 39

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~ Celeste Barnes ~

O clima ao meu redor parecia mudar com cada segundo que passava. Não sabia se era medo ou o próprio inferno que tinha diferentes atmosferas, transmutando conforme meu estado de espírito. Sentada numa cadeira, observei com cautela os três demônios que me vigiavam. Eles não faziam nada, apenas me observavam, como se eu fosse uma curiosidade exótica.

— Então essa é a âncora? — Um deles perguntou, sua voz carregada de curiosidade e desdém.

O segundo, que estava de braços cruzados, confirmou com um simples balançar de cabeça.

— Podem soltá-la, — a voz distante do meu pai cortou o silêncio, atraindo a atenção dos demônios.

— Como podemos confiar que ela não vai nos transformar em poeira? — Um dos demônios questionou, claramente nervoso com a ideia de me deixar livre.

— Ela não vai, — meu pai respondeu, sua voz firme e cheia de certeza. — Crowley, antes de sair, preencheu esse lugar com runas, proteções e o que mais fosse necessário.

Eles hesitaram, mas acabaram acatando a ordem. Senti as correntes que me prendiam se afrouxarem lentamente, e o som metálico de cada elo caindo no chão ecoou pela sala.

Os demônios saíram, deixando-me sozinha com ele, o homem que um dia foi meu pai. Ele se sentou num pequeno caixote à minha frente, com uma expressão que misturava desdém e algo mais sombrio. Eu permaneci imóvel, observando cada detalhe daquele reencontro carregado de tensão.

— Runas? — Quebrei o silêncio, minha voz fria. — Não sabia que existiam runas para âncoras. Devo ser algo muito poderoso, a ponto de precisarem criar proteções contra mim.

Ele me olhou por um instante, inclinando-se para frente com um sorriso amargo. — Você deve estar se achando, não é? — disse, quase provocador. — Desde que me matou naquele dia, você se tornou uma pessoa totalmente diferente.

As palavras dele eram pesadas, cheias de ressentimento. Mas eu já estava além de me deixar afetar por elas.

— Não adiantou ter mudado, — respondi, firme, segurando seu olhar — se a causa dessa mudança voltou.

Ele sorriu, permanecendo inclinado enquadro me olhava nos olhos — O que realmente você pode fazer, hein? — Ele se referiu aos meus poderes.

— Encher balões em formato de bichinhos. Quer ver? — Brinquei com sarcasmo na voz.

A sala ficou ainda mais sufocante após o tapa. O impacto ecoou, mas a dor foi superficial comparada ao turbilhão de sentimentos que mantinha sob controle. Olhei para ele, minha expressão inalterada, enquanto o silêncio se tornava quase palpável entre nós.

— Tá descontando a sua raiva? — provoquei, com um tom calmo que só o irritava mais. — Faça melhor.

Ele estreitou os olhos, claramente lutando contra o impulso de me ferir ainda mais. — Quer que eu te mate, é isso?

— Poderia tentar, — respondi, desafiando-o com o olhar. — Mas você não é digno da minha morte.

Suas mãos tremeram, e por um segundo, achei que ele realmente tentaria algo. Mas ele apenas recuou, frustrado. Sabia que, mesmo com todo o poder que pudesse ter adquirido, ele ainda não tinha controle sobre mim. E isso o consumia.

𝐎𝐦𝐞𝐧 𝐨𝐟 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 | Dean Winchester Onde histórias criam vida. Descubra agora