Capítulo 38

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~ Dean Winchester ~

A marca...

A marca era mais do que um símbolo; era um lembrete constante do que eu era e do que tinha me tornado. Desde que a recebi, minha vida se transformou em uma batalha sem fim. Cada dia era como uma prova de sobrevivência, onde eu estava sempre em estado de alerta, como um predador à espreita. Um movimento em falso e tudo poderia desmoronar.

Eu lembrava de como era a vida antes dela, quando eu podia agir sem pensar duas vezes, mas agora cada decisão era uma questão de vida ou morte. Os instintos estavam afiados, e qualquer provocação, por mais idiota que fosse, poderia me fazer perder a cabeça. Eu me vi em várias situações de confronto, lutando contra demônios e monstros, mas a verdadeira luta era contra mim mesmo.

Sentia que a marca me transformava em alguém que eu não reconhecia. O peso dela era sufocante, e eu sabia que havia uma linha tênue entre proteger aqueles que amava e me deixar consumir por essa escuridão. Cada vez que a raiva se acendia dentro de mim, eu tinha que lutar para não deixar que ela me dominasse. E, no fundo, eu temia que um dia isso pudesse acontecer.

Você é a mais anormal aqui.

Essas palavras ecoavam na minha mente, relembrando constantemente a minha fala contra Celeste, a frase que provavelmente me custou a perdi-la... talvez de uma vez por todas.

Droga.

Eu fixei meu olhar duro no espelho, como se esperasse uma resposta dele ou, quem sabe, uma visão de como Celeste estaria agora. Mas sempre que tentava me lembrar dela, sua mentira tomava conta de mim instantaneamente, como uma neblina densa que encobria tudo.

Lembrei da expressão em seu rosto quando eu a magoei. A decepção que cravara em seu olhar. Era como se um punhal tivesse sido cravado no meu peito, e eu não conseguia me perdoar por isso. Eu sabia que era a última pessoa com quem ela deveria se preocupar, mas, ironicamente, era ela quem me mantinha em um lugar melhor, mesmo quando não percebia.

A cada momento de raiva ou desespero, a lembrança dela era o que me impedia de me deixar levar por essa escuridão. Eu precisava dela, mais do que admitiria. E mesmo que as palavras que eu havia dito ainda me ferissem, eu sabia que precisava encontrar uma maneira de corrigir isso.

Respirei fundo, tentando espantar os pensamentos turbulentos, mas a imagem de Celeste não saia da minha cabeça. Eu precisava dizer a ela o que realmente sentia e lutar contra a marca que ameaçava me consumir.

Dean? Meus pensamentos desvaneiam quando escuto Sam chamar do outro lado. Passei tempo demais no banheiro.

Tô saindo. — Respondi, passando uma toalha ao redor da cintura e saindo do banheiro em direção ao quarto.

Sam me lançou um olhar breve, mas não trocamos palavras. O clima estava pesado, e eu não queria discutir nada agora. Fui direto para o quarto, fechei a porta atrás de mim e comecei a procurar algo para vestir. As roupas estavam espalhadas pela cama, mas nada parecia certo.

Eu precisava de um tempo para pensar, para clarear a mente. A marca pulsava em meu braço, como um lembrete constante do que estava em jogo. Fui até o guarda-roupa e peguei uma camiseta limpa, vestindo-a rapidamente. Olhei para o espelho, mas a imagem refletida era de alguém que eu mal reconhecia.

𝐎𝐦𝐞𝐧 𝐨𝐟 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 | Dean Winchester Onde histórias criam vida. Descubra agora