Capítulo 52

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~ Dean Winchester ~

Em minhas mãos, segurava algumas fotos de família, as últimas relíquias de um passado que parecia tão distante agora. Eram momentos capturados em papel: risadas ao redor da mesa, um aniversário de infância em que todos estavam juntos, um sorriso genuíno da minha mãe. O contraste com a realidade atual era doloroso. Aqueles dias de simplicidade e amor pareciam uma eternidade atrás, perdidos em um mar de caos e desespero.

O peso das memórias me envolvia, e cada imagem era uma faceta de quem eu costumava ser, antes de ser moldado pelo que se tornara. Cada rosto que eu via refletia um mundo que havia desmoronado, uma família que não tinha mais o mesmo significado. Era como se, a cada decisão que tomei, eu tivesse rasgado um pedaço daquela felicidade.

Havia um tempo em que eu acreditava que proteger os que amava era o suficiente. Mas o que eu fiz? Me tornei a fonte de destruição, um ímã para o caos que estava sempre à espreita. Eu olhei novamente para a foto de Sam e eu, tão cheios de esperança e inocência, e a lembrança do nosso pai, sempre tão distante, apenas intensificou o abismo que se formara entre nós.

Mas havia Celeste. Seu nome ecoava em minha mente como uma luz em meio à escuridão. Ela tinha se infiltrado em meu coração de maneira inesperada, trazendo uma fragilidade que eu não sabia que ainda existia dentro de mim. Eu me lembrava da determinação em seus olhos, da forma como se colocara na frente do perigo para me proteger, mesmo quando eu estava perdido na escuridão que a marca havia trazido.

O conflito era claro: eu queria ser o homem que ela via, mas a verdade é que não sabia se ainda era esse homem. O peso da culpa era esmagador, e a ideia de que poderia arrastá-la para o abismo junto comigo me aterrorizava.

Na noite passada, nenhum som veio dela — nenhum sussurro, movimento ou sequer um suspiro entre os sonhos. O quarto permanecia em um silêncio profundo, quase inquietante. Castiel tinha dito que ela estava bem, que seu coração ainda batia, mas que algo mais estava acontecendo. Era como se sua recuperação estivesse seguindo um ritmo próprio, uma cura que nem mesmo Castiel conseguia entender.

Olhei para ela, imersa naquele sono impenetrável, e senti uma preocupação que crescia a cada minuto. Era estranho vê-la assim, sem a sua vivacidade, como se estivesse presa em algum lugar que eu não podia alcançar.

— Vamos tomar café? — Sam apareceu no quarto, tirando-me de meus pensamentos.

— Vamos. — Levantei da poltrona, esticando os músculos antes de seguir meu irmão.

— Castiel disse que ficaria de olho nela enquanto estivermos fora.

— E onde está o anjo? — perguntei, ligando o motor do carro.

— Ele saiu, mas falou que voltaria.

Entrei no carro e, enquanto Sam se acomodava no banco do passageiro, dei partida, seguindo em direção a um mercadinho próximo. O caminho era silencioso, o tipo de silêncio que carregava um peso inconfundível. Eu tentava não pensar em tudo o que havia acontecido, em como eu era a causa do sofrimento de Celeste.

Enquanto dirigia, minha mente se revirava, revivendo os momentos em que ela havia se colocado em risco por mim.

— Você passou a noite no quarto com ela... — Sam iniciou, hesitante. — Mas pelo que eu vi, ela continua na mesma posição. Dean... será que ela...

𝐎𝐦𝐞𝐧 𝐨𝐟 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 | Dean Winchester Onde histórias criam vida. Descubra agora