~ Celeste Barnes ~
A brisa leve e acalentadora da noite finalmente começou a soprar, trazendo consigo um breve alívio. Ainda estávamos na lanchonete, eu e a Morte, sentados frente a frente, nos olhando em silêncio, como se uma conversa não dita estivesse acontecendo entre nós. Havia tanto que eu queria expressar, mas as palavras pareciam presas.Levar Leona, alguém que, de certa forma, sempre foi como uma avó para mim, para a luz foi doloroso. A ideia de que ela estava longe de seus filhos, de sua família, me deixava inquieta. Mas, ao menos, ela estava em paz agora. Eu tentava me convencer disso, mas era um consolo que não se encaixava direito no vazio que ficou.
— Não se culpe por levá-la para o paraíso, — disse ele, quebrando o silêncio que nos envolvia. — Nem sempre a morte é algo que esperamos.
Eu mantive a expressão firme, tentando esconder o que realmente sentia. — Fiz o que deveria fazer, — respondi, com uma indiferença que parecia quase ensaiada. Não queria parecer fraca, não na frente dele.
A Morte me observou com aquele olhar impenetrável, capaz de ver além das camadas de resistência que eu tentava manter. — Suas próprias palavras não te convencem, — ele repetiu, calmo, mas direto.
Eu respirei fundo, mudando o foco da conversa. — Sabe quem fez isso? — perguntei, esperando por uma resposta que talvez me desse algum tipo de justiça.
— Nossa única função é levar as almas aos seus destinos, — ele respondeu, mantendo a neutralidade.
— A senhora Russell não tinha inimigos. Quem faria algo assim com ela?
Ele me olhou por um breve instante antes de continuar. — Às vezes, é melhor não sabermos demais sobre a vida das almas, — explicou. — Como dizem, "O resto, a Deus pertence". Saber quem ou o que causou a morte dela não mudará o resultado.
Eu o encarei, determinada. — Quem fez isso? — Refiz a pergunta, minha voz um pouco mais firme.
— Scott Barrow, 42 anos. — Ele respondeu, sua voz sem emoção, como se estivesse lendo um fato simples. — Morto em sua própria casa pela filha mais nova. Retornou misteriosamente com a ajuda de um demônio, mais precisamente, Abaddon.
Senti o peso das palavras caírem sobre mim. Meu coração parou por um segundo. — Meu pai, — murmurei, quase tentando não acreditar no que estava dizendo.
A Morte permaneceu em silêncio, sem julgamento, sem condolências. A verdade nua e crua estava ali, e agora eu teria que lidar com ela.
O silêncio pesado que pairava sobre a lanchonete parecia esmagador. A Morte se levantou lentamente, apoiando-se em sua foice, o aço frio refletindo a pouca luz do local.
— Seu pai é uma falha no plano, Celeste, — ele disse, virando-se de costas para mim. — Almas que não deveriam ser levadas estão partindo antes do previsto.
As palavras dele soaram como um julgamento silencioso, e eu não consegui conter a raiva. Levantei-me bruscamente. — Não me culpe. Eu juro por Deus, que queria que ele estivesse morto, — respondi, a fúria escapando na minha voz.
A Morte virou a cabeça levemente, seus olhos sombrios me analisando. — Não jure, criança. — Sua voz era fria, mas não desdenhosa. — Apenas evite que o plano seja afetado por causa de uma falha. Esse é o seu papel, não é? Interfira.
— O que quer que eu faça? — Perguntei, frustrada. — Mate-o, novamente? É isso?
Ele permaneceu impassível. — Eu quero o plano em equilíbrio, — disse, frio como sempre. — Como você fará isso, é uma decisão sua.
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𝐎𝐦𝐞𝐧 𝐨𝐟 𝐝𝐞𝐚𝐭𝐡 | Dean Winchester
Fanfiction𝐂𝐞𝐥𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐁𝐚𝐫𝐧𝐞𝐬- ❝ Busca desesperadamente uma vida normal, longe do legado sobrenatural de sua família. Prima da renomada psíquica Pamela Barnes, Celeste foi treinada desde jovem para lidar com suas habilidades psíquicas. Ao completar 19...