Dia 12

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Ananda

Cheguei em casa com Thaís após um longo dia. Ela brincava com suas bonecas enquanto eu organizava a cozinha, preparando o jantar para nós duas. A rotina era sempre assim, meio corrida, mas eu gostava. Ocupava minha mente e me dava uma sensação de controle que, ultimamente, eu sentia que estava perdendo.

  – Thaís, quer o que para hoje? — perguntei, enquanto olhava para a panela no fogão.

  – Macarrão! — ela respondeu animada, já distraída com os brinquedos no chão da sala.

Sorri, voltando a atenção para o jantar. Eu sempre fazia questão de manter as coisas leves para ela, mesmo que por dentro o caos estivesse me consumindo. Thaís não precisava carregar o peso das minhas preocupações. E, naquele momento, estava tudo bem... até eu pegar o celular para ver as notícias.

Abri o feed quase no automático, rolando a tela sem muito interesse. Mas então, uma imagem me chamou a atenção de imediato. Era Richard. Com uma pulseira. Uma pulseira que eu conhecia muito bem.

Meu coração afundou no mesmo instante.

Aquela pulseira.

A mesma que ele usava quando namorava a Natália, antes de mim. Aquela maldita pulseira que sempre me fez sentir que eu estava em segundo lugar, como se uma parte dele nunca tivesse superado o passado.

Minha respiração acelerou, e senti o sangue ferver. Como ele teve a audácia de usar aquilo de novo? E pior ainda, agora, quando estamos tentando... o quê? Recomeçar? Ele disse que ia mudar, que tudo seria diferente. Mas usar algo que ele sempre associou a um relacionamento anterior? Era como se ele esfregasse na minha cara que eu nunca fui suficiente.

Minha mente começou a correr. Todas as vezes em que ele prometeu ser transparente, as promessas vazias, e agora isso. Eu sentia o familiar nó de raiva se formar no meu estômago, a sensação de traição, de desprezo, voltando com força total.

Peguei o celular e, sem pensar duas vezes, digitei a mensagem.

"Richard, quando você chegar em casa, nós vamos ter uma conversa muito séria."

Quase apertei enviar imediatamente, mas hesitei por um segundo. Respirei fundo, tentando não deixar a raiva me cegar completamente. Só que a cada segundo que eu olhava aquela imagem, mais meu sangue fervia. Ele sabia o que aquela pulseira significava. Sabia o que isso representava pra mim. E mesmo assim, lá estava ele, exibindo-a como se fosse um troféu de outro tempo.

Apertei enviar.

Olhei para Thaís, que ainda estava imersa no mundo dos brinquedos, sem a menor ideia do que se passava. Tentei forçar um sorriso, mas sentia a tensão acumulada nos meus ombros, a raiva tomando conta de cada célula do meu corpo.

  – Vou fazer o macarrão agora, amor — disse, quase em um sussurro, tentando disfarçar.

Enquanto mexia a panela, meus pensamentos voltaram ao que eu faria quando Richard chegasse. Não ia deixar isso passar. Não dessa vez. Ele precisava entender que certas coisas tinham um peso, e que a minha paciência já estava no limite. Eu me recuso a ser desrespeitada assim de novo.

Passei a mão pelos cabelos, nervosa. A comida estava quase pronta, mas meu apetite já tinha ido embora. Tudo o que eu queria agora era que ele chegasse logo, para que essa conversa acontecesse de uma vez.

Richard sempre teve uma maneira de contornar as situações, de me fazer questionar se eu estava exagerando. Mas não dessa vez. Não com essa pulseira. Não com algo que sempre carregou tanto significado para nós dois... ou melhor, para ele e ela.

Como Perder A Sua Mulher Em 80 dias | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora