Ananda
O Allianz estava lotado naquela tarde. O barulho da torcida ecoava por todo o estádio, e o entusiasmo do jogo estava no ar. Eu me ajeitei no assento ao lado da Camila, tentando manter a calma, mas Thaís, sentada entre nós duas, estava inquieta de tanta empolgação. Ela usava uma pequena camiseta do time, a mesma que Richard havia dado a ela com tanto carinho. Seus olhinhos brilhavam, fascinados pelo ambiente e pela energia ao redor.
– Olha lá, mamãe! — Thaís apontava a todo instante para o campo, tentando achar o pai entre os jogadores. — Papai vai fazer gol hoje, né?
Eu sorri, acariciando seus cabelos enquanto tentava disfarçar a ansiedade.
– Vai sim, meu amor. Papai vai jogar muito.
Ao meu lado, Camila deu um sorrisinho de lado, me cutucando com o cotovelo.
– Tá nervosa, Nanda? — ela perguntou, percebendo como eu me mexia no banco, tentando me manter calma.
– Um pouco — admiti. — É estranho, sabe? Estar aqui de novo, depois de tudo que aconteceu. Mas eu não queria deixar a Thaís de fora.
– E você também não queria — ela provocou, piscando para mim.
Revirei os olhos, mas não pude evitar um sorriso. Ela tinha razão, em partes. Ver Richard jogando sempre mexia comigo de alguma forma. Desde os primeiros tempos, eu tinha esse orgulho misturado com nervosismo, como se o jogo fosse uma prova silenciosa do homem que ele era. Agora, com todas as complicações entre nós, estar ali me trazia uma montanha-russa de emoções.
Quando o apito inicial soou, todos ao redor se levantaram para aplaudir. Thaís, no auge da animação, pulava na cadeira e gritava "Papai! Papai!" repetidamente, enquanto o jogo se desenrolava.
Eu observei Richard lá embaixo, correndo pelo campo, focado como sempre. Era impressionante como ele conseguia desligar tudo ao seu redor e se concentrar no jogo. Mas eu sabia que, em algum nível, ele sabia que estávamos ali. Que eu estava ali.
O jogo avançava, e, aos poucos, a tensão foi se acumulando. O time do Richard estava jogando bem, mas o placar seguia empatado. Até que, em um determinado lance, a bola veio em direção a ele. Meu coração disparou enquanto eu observava a jogada.
– Vai, Richard! — gritei, sem perceber, me levantando junto com a multidão.
Ele dominou a bola com facilidade, driblando dois jogadores antes de chutar direto para o gol. O estádio inteiro prendeu a respiração, e em um segundo, o som da bola batendo nas redes ecoou.
GOOOOL!
O estádio explodiu em gritos, e eu me peguei rindo, de felicidade pura. Thaís gritava ainda mais alto ao meu lado, pulando nos meus braços.
– Papai fez gol, mamãe! Ele fez!
Mas o que realmente me pegou de surpresa foi o gesto que veio a seguir. Richard correu até a lateral do campo, apontando diretamente para onde estávamos. Seus olhos nos encontraram, e ele fez um gesto, apontando para o coração e depois para nós.
Ele estava dedicando o gol para nós.
Eu senti meu coração derreter naquele momento. Thaís, sem entender totalmente, acenava e gritava de volta, como se estivesse conversando com ele.
Camila, ao meu lado, me cutucou de novo, com um sorriso malicioso.
– Eu acho que isso foi pra você, amiga.
– Foi para Thaís — corrigi, embora minha voz estivesse um pouco embargada de emoção.
Mas era verdade. O gesto foi para nós duas. Ele estava nos mostrando, de forma pública e inegável, que ainda estávamos no coração dele. E por mais que eu tivesse meus receios, minhas dúvidas e tudo o que estávamos enfrentando, naquele momento, não consegui evitar sentir algo. Uma conexão, um laço que parecia ter se renovado.
Eu suspirei profundamente, observando-o voltar para o campo. Aquele gesto, por mais simples que fosse, tinha mexido comigo.
– Ele ainda te ama, Nanda — Camila murmurou, como se tivesse lido meus pensamentos.
Eu engoli em seco, sem saber ao certo o que responder. Sabia que o amor dele ainda estava ali, mas o que eu mais temia era o que viria depois. Eu queria acreditar que tudo poderia se ajeitar, mas ao mesmo tempo, eu sabia que seria uma longa jornada.
Thaís ainda comemorava, pulando de alegria, e eu me forcei a focar nela, sorrindo e abraçando-a. Pelo menos, naquele momento, a felicidade dela era o mais importante.
– Vamos ver o que vem depois, Cami — respondi, tentando manter os pés no chão.
Richard
Depois do apito final, a euforia tomou conta do estádio. O gol que eu tinha feito não só garantiu a vitória, mas também teve um significado pessoal muito maior. Dedicar aquele gol para a Nanda e a Thaís foi meu jeito de mostrar que elas eram minha maior motivação. O barulho da torcida ainda vibrava nos meus ouvidos enquanto eu corria em direção ao vestiário, ansioso para encontrar as meninas.
Depois de me trocar rapidamente e passar pelas entrevistas de praxe, saí pelos corredores do estádio até o ponto onde sabia que Nanda, Thaís e Camila estavam me esperando. E lá estavam elas, como eu tinha imaginado: Thaís saltitando de felicidade, Nanda conversando com Camila, mas com um sorriso nos lábios que fez meu coração acelerar.
Quando Thaís me viu, correu direto para mim.
– Papai! Papai, você fez gol! — ela gritava, pulando em meus braços.
Eu a peguei no colo e a joguei no ar, fazendo-a rir. Aquela risada me enchia de uma felicidade indescritível.
– Fiz sim, meu amor. E foi pra você e pra mamãe — respondi, olhando diretamente para Nanda.
Ela se aproximou, ainda sorrindo, mas com aquele ar sereno e observador. Eu sabia que ela estava feliz, mas também sabia que ela não demonstrava tanto quanto Thaís.
– Foi um belo gol — ela comentou, cruzando os braços de leve.
– Tudo por vocês — respondi, dando um passo em sua direção e inclinando-me para beijá-la suavemente na testa.
Ela sorriu de leve, sem se afastar, mas eu percebi que havia algo de mais leve entre nós naquele momento. A tensão de antes parecia ter diminuído, pelo menos um pouco.
– Vamos comemorar? — perguntei, abraçando Thaís com um braço e segurando a mão de Nanda com o outro.
– Claro. Thaís está ansiosa pra jantar com você — ela disse, olhando para nossa filha, que balançava as pernas no meu colo, cheia de energia.
Caminhamos juntos para fora do estádio, onde a Camila já nos esperava perto do carro. O clima estava descontraído, e eu me sentia mais leve do que há muito tempo. Mas, enquanto nos aproximávamos do carro, lembrei-me dos rapazes do time e de como sempre costumávamos sair para comemorar vitórias importantes como aquela. E, sinceramente, depois de toda a pressão dos últimos dias, eu queria relaxar com eles também.
– Nanda... — comecei, hesitando um pouco.
Ela olhou para mim, curiosa.
– Eu tava pensando... Os meninos estão combinando de sair pra comemorar a vitória. Você se importaria se eu fosse com eles por um tempo? Prometo que não volto tarde.
Ela me olhou por um momento, seus olhos vasculhando os meus, como se estivesse ponderando a situação. Eu estava preparado para ela dizer "não", mas para minha surpresa, ela sorriu levemente e deu de ombros.
– Tudo bem, vai lá com eles. Só não chega muito tarde, tá? Thaís vai dormir cedo hoje.
Fiquei surpreso com a facilidade com que ela aceitou. Talvez o clima mais leve depois do jogo estivesse ajudando. De qualquer forma, sorri para ela, aliviado.
– Pode deixar. Eu não vou demorar.
Me abaixei para beijar Thaís na testa e dei um beijo rápido nos lábios de Nanda antes de sair em direção ao carro dos meninos. Enquanto me afastava, não pude evitar olhar para trás. Elas estavam lá, as duas mulheres mais importantes da minha vida, e eu sabia que precisava fazer tudo certo dessa vez.
– Richard?!
Escuro a voz da Nicole assim que mal piso dentro do salão da comemoração. Que porra ela ta fazendo aqui?
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Como Perder A Sua Mulher Em 80 dias | Richard Ríos
FanfictionOnde Ananda e Richard estão se divorciando ᴄᴏᴘʏʀɪɢʜᴛ ᴡɪᴋɪᴍᴀʏʙᴀɴᴋ ꜱᴇᴛᴇᴍʙʀᴏ 𝟸𝟶𝟸𝟺