Richard
Cheguei em casa para o almoço e encontrei a Nanda já organizando a mesa, com aquela expressão de indiferença que eu sabia que tinha um pouco de ressentimento. Respirando fundo, decidi que era agora ou nunca. Precisava contar a verdade para ela. Sabia que ela andava desconfiada das minhas saídas, e, por mais que aquilo me deixasse vulnerável, eu precisava confessar o que estava acontecendo.
– Nanda, a gente precisa conversar — comecei, tentando soar o mais sério possível.
Ela deu de ombros, sem me encarar.
– Fala.
Sentei-me à mesa e tentei medir as palavras, mas logo percebi que qualquer tentativa de suavizar a situação seria inútil. Ela estava cansada das minhas desculpas.
– Eu sei que minhas atitudes estão sendo questionáveis, e entendo o quanto você está desconfiada. A verdade é que... eu tenho saído escondido porque estou indo à psicóloga.
Ela finalmente me olhou, mas não com a surpresa ou empatia que eu esperava. Em vez disso, ela soltou uma risada curta e sarcástica.
– Psicóloga? Sério, Richard? É essa a desculpa que você tá usando agora? — Ela cruzou os braços, me encarando com aquela expressão de ceticismo.
– Eu tô falando sério, Nanda. Eu comecei a terapia porque achei que precisava entender o que estava acontecendo, tentar mudar por mim e por nós... — Tentei continuar, mas ela me interrompeu com outra risada debochada.
– Claro, justo agora você resolve procurar ajuda. E você acha que eu vou acreditar? Depois de tudo que você já fez? — Ela me olhava como se estivesse vendo através de uma mentira óbvia.
– Não é uma desculpa, Nanda. É a verdade. Eu só não queria admitir porque... eu tinha vergonha. Fiquei me enrolando, com medo de te contar e você achar que era mais uma desculpa. — Senti a frustração crescer. O que mais eu podia fazer pra ela acreditar em mim?
Ela balançou a cabeça, soltando uma respiração pesada.
– Vergonha? Você mente, sai escondido, usa até o Joaquín como álibi, e agora vem falar que é terapia? Como você espera que eu acredite nisso?
Aumentei o tom, sentindo minha própria paciência esgotar.
– Nanda, eu tô tentando fazer algo pra melhorar! Eu sei que vacilei, sei que demorei pra perceber, mas tô tentando. Você não entende?
Ela revirou os olhos, o sarcasmo presente em cada palavra.
– Ah, agora eu que não entendo? Você quer que eu acredite, depois de tudo, que você tá realmente comprometido com a nossa relação? É isso? Como eu deveria reagir, Richard? Como se eu não tivesse visto você bagunçar nossa vida várias vezes?
O tom irônico e acusador dela me deixou ainda mais impaciente.
– Eu tô aqui tentando ser honesto! — exclamei, gesticulando de frustração. — Mas parece que você já decidiu que nada do que eu faço vai servir pra você.
– Talvez seja isso mesmo, Richard. Talvez eu esteja cansada de esperar uma mudança que nunca vem. Você vai à psicóloga? Ótimo pra você. Mas, sinceramente, isso não muda o que você fez e a dor que causou.
As palavras dela, carregadas de dor e desconfiança, me atingiram como um soco. Eu sabia que tinha errado, mas parecia que, pra ela, não havia volta. Qualquer passo meu parecia insuficiente, como se eu estivesse andando em círculos, sem chance de quebrar aquela barreira.
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Como Perder A Sua Mulher Em 80 dias | Richard Ríos
Fiksi PenggemarOnde Ananda e Richard estão se divorciando ᴄᴏᴘʏʀɪɢʜᴛ ᴡɪᴋɪᴍᴀʏʙᴀɴᴋ ꜱᴇᴛᴇᴍʙʀᴏ 𝟸𝟶𝟸𝟺