VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]

🍁CAPÍTULO 28🍁

🍁Luiz

A noite havia se estendido muito além do que eu imaginava. Leonardo, agora completamente imerso na bebida, estava vulnerável como nunca antes. Seus olhos pesados e a postura relaxada contrastavam com o homem rígido e controlado que eu conhecia. Percebi que aquele momento, por mais arriscado que fosse, me dava uma oportunidade única de descobrir mais sobre ele, de explorar os segredos que ele mantinha tão bem guardados.

— Leonardo — comecei, tentando não parecer invasivo. — O que você realmente fazia nos Estados Unidos? Nunca entendi bem essa parte da sua vida.

Ele suspirou, o olhar perdido por um momento antes de responder.

— Fui para lá com quinze anos... trabalhar nas fazendas do meu tio. — Ele deu um gole grande na bebida, como se aquilo fosse aliviar o peso da memória. — Aos dezoito, consegui comprar minha própria fazenda. — Ele parou, os olhos fixos no copo. — Fiz fortuna com automóveis depois disso. Investi pesado e ganhei muito dinheiro.

— Você fez isso tudo sozinho? — perguntei, já sentindo que a resposta traria algo mais profundo.

Leonardo hesitou, e vi uma sombra de dor em seu semblante. Ele olhou para mim, mas desta vez não havia a usual altivez em seus olhos, apenas uma tristeza profunda.

— Não. Não foi sozinho. — Ele fez uma pausa, os dedos apertando o copo com força. — Me casei aos dezenove anos, com uma jovem. Linda, de boa família. Parecia que tudo estava indo bem. Mas... — Ele fez uma pausa longa, o peito subindo e descendo com mais intensidade. — Aos vinte e dois, ela engravidou.

Eu podia ver a dor tomando conta dele, e fiquei em silêncio, esperando que ele continuasse.

— Ela morreu no parto. — A voz dele ficou rouca, quase um sussurro. — Ela e a criança. E depois... depois eu descobri que eu sou infértil. Aquela criança não era minha.

Senti um nó se formar na minha garganta. Leonardo estava diante de mim, não apenas o homem poderoso e dominador, mas alguém que havia sofrido profundamente, traído por quem ele amava.

— Foi traição — ele continuou, os olhos perdidos em algum ponto da sala. — Desde então, parei de pensar em relacionamentos. Fiquei focado no trabalho, tentando esquecer.

Eu não sabia o que dizer. A revelação de sua infertilidade e da traição me chocou, mas também explicava muito sobre o comportamento de Leonardo, a barreira emocional que ele sempre erguia entre nós.

— E por que você voltou ao Brasil? — perguntei, buscando manter a conversa, mas também querendo entender melhor o que o trazia de volta.

Ele respirou fundo, colocando o copo sobre a mesa e esfregando o rosto com as mãos.

— Voltei por causa do meu pai. — Ele parou e me olhou nos olhos, sua expressão agora mais pesada. — Queria pedir desculpas. Pelas brigas. Pela distância que coloquei entre nós. — Ele balançou a cabeça, como se estivesse revivendo as discussões. — Mas o verdadeiro motivo... — Ele hesitou, sua voz ficando mais baixa. — Eu voltei para tentar ser feliz.

Aquela última frase ficou no ar, pairando sobre nós. Eu me aproximei, sentindo que havia algo mais profundo naquela resposta.

— Você... — comecei, quase sem saber como formular a pergunta. — Você tem alguém em mente para isso?

Leonardo me olhou, seu rosto se suavizando um pouco, mas havia algo a mais em seu olhar agora. Sem dizer nada, ele se inclinou para frente, com uma expressão que misturava desejo e confusão. Antes que eu pudesse processar, senti seus braços me puxarem para perto. Seu corpo forte, já anestesiado pela bebida, se moldou ao meu, e logo seus lábios estavam no meu pescoço, quentes e intensos.