🍁CAPÍTULO 37🍁

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🍁Luiz

Depois da nossa breve discussão, o silêncio entre nós parecia mais pesado, mas ao mesmo tempo, eu sabia que era passageiro. Leonardo era assim: explosivo em momentos de ciúme, mas sua intensidade sempre se dissipava rapidamente quando ele percebia que suas preocupações eram infundadas. Eu o conhecia bem demais para me deixar abalar por aquilo. Ele ainda mantinha a carranca quando eu resolvi mudar o clima.

— Leo, — falei suavemente, tentando trazer de volta o bom humor, — eu queria te pedir uma coisa.

Ele arqueou as sobrancelhas, curioso, e a tensão em sua expressão começou a ceder.

— O que você quer, Luiz? — sua voz tinha um tom brincalhão, mas ainda firme. — Seja o que for, eu compro para você.

Senti um calor no peito ao ouvir aquilo. Ele sempre se dispunha a fazer tudo por mim, e naquele momento, tive a ideia de finalmente pedir algo que eu desejava há muito tempo.

— Sempre sonhei em ter um relógio de pulso. — Falei com simplicidade, como se fosse uma coisa corriqueira, mas o desejo por trás daquelas palavras era mais profundo do que eu demonstrava.

Leonardo me olhou por um segundo, e então, para minha surpresa, ele soltou uma risada. Não uma risada de deboche, mas uma de quem achava graça na simplicidade do meu pedido.

— Um relógio de pulso? — Ele balançou a cabeça, incrédulo, com um sorriso no canto dos lábios. — Isso é tão simples, Luiz. Eu pensei que você me pediria algo mais grandioso.

Eu sorri de volta, aliviado por vê-lo relaxar. A carranca desaparecia enquanto ele começava a imaginar como poderia me agradar.

— Se é isso que você quer, vamos buscar o relógio perfeito.

Ele fez um gesto para que eu o seguisse, e assim, fomos juntos até uma joalheria. O caminho até lá foi tranquilo, mas havia uma tensão invisível que sempre pairava sobre nós em público. Não podíamos demonstrar nossa intimidade de maneira aberta; nossa relação era proibida pelas leis e pelos costumes da época. Cada gesto nosso precisava ser cuidadosamente medido, cada palavra, moderada.

Ao entrar na loja, fomos recebidos por um vendedor sorridente, que imediatamente nos guiou até a seção de relógios. As vitrines brilhavam sob a luz das lâmpadas, e os mostradores reluziam em cores de ouro, prata, couro e metal. Havia tantos modelos que por um momento fiquei desnorteado, sem saber qual escolher. Olhei de relance para Leonardo, buscando sua aprovação silenciosa.

— Vai em frente, — ele murmurou baixinho, inclinando-se perto de mim para que apenas eu ouvisse. — Escolhe o que mais te agradar.

Passei os olhos por vários relógios, mas nenhum me parecia certo até que meus olhos se fixaram em um modelo específico. Era um relógio com pulseira de couro vermelho e detalhes em metal dourado. Algo naquele design me chamou atenção. Era simples, mas elegante. O vermelho da pulseira contrastava perfeitamente com o dourado do mostrador. Era lindo.

— Esse aqui, — falei com um sorriso, apontando para o relógio.

Leonardo se aproximou, inclinando-se para olhar o modelo com mais atenção. Um leve sorriso se formou em seus lábios.

— Você tem bom gosto, Luiz, — ele comentou, sua voz baixa e carregada de aprovação. — Esse é um belo relógio. Acho que combina com você.

Senti uma onda de alegria passar por mim ao ouvir isso. Mesmo que ele estivesse sendo contido, eu sabia que por trás daquela máscara, ele estava tão satisfeito quanto eu. Era uma pequena vitória para nós dois.

— Vou embrulhá-lo para você, — disse o vendedor com um sorriso cortês, e logo estávamos com a compra finalizada.

Ao sairmos da loja, o peso da nossa situação voltou. Estávamos juntos, mas havia uma barreira invisível entre nós e o mundo. Não podíamos ser como outros casais, que andavam de mãos dadas ou trocavam olhares afetuosos sem medo de julgamentos. Leonardo olhou para mim, seu rosto mais sério, mas havia um calor nos olhos dele.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora