🍁CAPÍTULO 45🍁

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🍁Leonardo

A noite estava pesada e silenciosa quando partimos. Montados em nossos cavalos, cavalgávamos firmemente, cruzando a estrada poeirenta até a cidade. Ao meu lado, João seguiu de olhar firme, e atrás vinham dois caboclos da vila, homens que sofreram ao lado de Luiz, pessoas que também tinham rancor daquela igreja e de tudo o que ela representava. O ar da noite era frio, mas meu peito queimava de raiva, meu corpo pulsava em antecipação pela vingança que eu sabia que estava prestes a se abrir.

Quando nos aproximamos da igreja, desci do cavalo e sinalizei para os outros fazerem silêncio. A rua estava escura, e a entrada pela parte de trás era a única que nos dava acesso direto ao dormitório do padre. Apontei para que os homens segurassem qualquer um que tentasse escapar ou interferir. Entrei, passos decididos, o coração disparado. Meu objetivo era claro: o pai iria pagar pelo que fez.

Encontrei o miserável deitado em sua cama, respirando pesadamente, inconsciente do destino que se aproximava. Parei ao lado dele, respirei fundo e, com toda a raiva que havia em mim, dei um chute na cama.

— Acorda, velho safado. — rosnei, vendo-o despertar num sobressalto, os olhos arregalados de medo ao me considerar. Ele se encolheu na cama, seu rosto tomado pelo pânico. A voz dele saiu trêmula, tentando esconder o medo com uma falsa autoridade.

— O que é isso? Como ousa... invadiu a casa de Deus... — balbuciou, mas eu o interrompi com desprezo.

—Casa de Deus? - cúspide como palavras. — Que Deus aprovaria um homem poderia como você? Um homem que humilha meu Luiz e meu filho? Seu tempo de abusar da fé e das pessoas acabou.

Ele começou a murmurar, balbuciando desculpas, mas meu olhar o queimava, e eu não estava ali para ouvir mentiras.

— Você teve coragem de chamar o nosso bebê de pecado, de abominação... de nele tocar — avançou em sua direção, e ele recuou, suando frio, quase tropeçando ao tentar sair da cama. — Diga-me, padre, quem é o verdadeiro pecador aqui?

Ele começou a falar, a mesma ladainha de comunicação e ódio que já era conhecido. Mas cada palavra que saiu da sua boca era como jogar lenha na minha raiva. Apontei para os caboclos que aguardavam ao meu lado.

— Façam o que quiserem com ele — ordenei, sem um pingo de compaixão. — Esse miserável pregava a obediência, abençoava o sofrimento de vocês. Pois agora é a hora de ele sentir na pele o que pregava.

Os homens se aproximaram, e o pai tentou resistir, mas não havia escapatória. Aqueles homens o seguraram, seus rostos marcados por anos de humilhação e ódio. Eles arrastaram o padre para o chão e, enquanto o socavam, ele gritou por misericórdia, mas suas palavras eram abafadas pelo som das pancadas. Os caboclos se encarregaram de fazer justiça, o som dos ossos dele quebrando e de seus gemidos ecoando pelo espaço sombrio da igreja.

Depois de um tempo, tudo o que restava do padre era uma figura fraca e retorcida, gemendo em agonia. Quando percebi que ele não tinha mais forças, caminhei até ele e o puxei pelo colarinho, aproximando seu rosto do meu.

— Você nunca mais vai levantar a voz para condenar ninguém — sussurrei, vendo o medo em seus olhos. — Sua vida termina aqui, padre.

Deixei ele ali e eu virei para João, que me esperava na entrada com outro homem, o ajudante do padre, que também havia encostado em Luiz. Ele estava mais claro que a lua, tremendo como um animal acuado. Sem esperar um segundo, avancei e o joguei no chão.

— Então foi você que teve a coragem de encostar no Luiz? — querendo, minha voz baixa, controlada, mas repleta de fúria.

Ele tentou implorar, mas meu punho foi direto ao rosto dele, um golpe seco que fez sua cabeça bater contra o chão de pedra.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora