🍁CAPÍTULO 29🍁

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🍁Luiz

A madrugada havia se transformado em um jogo perigoso e irresistível. A cozinha, que antes era apenas um lugar de silêncio e refeições rápidas, agora estava preenchida pelo som das risadas abafadas e pelos passos pesados de Leonardo, tentando me capturar em meio à nossa loucura. O ar estava denso, carregado de tensão e desejo. A cachaça ainda queimava nossas gargantas, mas não era o álcool que nos deixava assim. Era o jogo que havia começado.

A mesa, que antes fora o centro de um simples jantar, agora era nossa trincheira, uma barreira que eu usava para me afastar dele, mantendo a distância entre nós. Leonardo tinha aquele sorriso desafiador nos lábios, o sorriso de quem estava no controle. Ele rodeava a mesa como um predador que cerca sua presa, os olhos famintos, mas brincalhões, tentando me intimidar.

- Luiz... - ele começou, com a voz suave e provocante. - Você está mesmo fugindo de mim? É isso?

Eu ri, meu coração batendo rápido, o corpo em alerta. Cada movimento seu fazia minhas pernas tremerem, não de medo, mas de excitação. O jeito como ele rodava a mesa, como se calculasse o momento certo para me pegar, me fazia lembrar daquelas brincadeiras de infância, quando se corria para escapar de alguém. Só que dessa vez, a intensidade era diferente.

- Não sou criança pra brincar assim, Leo - respondi, tentando soar firme, mas a risada escapou. A tensão era quase insuportável.

- Não parece... - ele respondeu com um tom brincalhão, rindo também. - Parece que você está adorando. Eu vou te pegar, Luiz.

Ele dava um passo para o lado e eu dava um para o outro, ambos circulando a mesa como em uma dança desajeitada. A adrenalina corria nas minhas veias, e a cada volta eu sentia que ele estava cada vez mais perto. Seu olhar me queimava, e por mais que eu quisesse fugir, a verdade era que parte de mim desejava ser alcançado. Ele tinha aquele poder sobre mim, algo que me deixava inquieto e ao mesmo tempo fascinado.

Então, em um movimento rápido, Leonardo tentou me surpreender. Ele avançou de repente, suas mãos tentando me agarrar por cima da mesa. Eu consegui desviar por um triz, soltando uma risada alta e desafiadora, enquanto ele ficava ali, com as mãos esticadas no ar, quase me pegando.

- Moleque! - Ele gritou, rindo de si mesmo, mas visivelmente determinado.

Minha pulsação estava acelerada, o suor começava a se acumular na minha testa, e minhas pernas já sentiam o esforço de ficar fugindo de um lado para o outro. Foi então que percebi que ele realmente estava perto de me alcançar. O brilho nos olhos dele mostrava que ele não ia desistir tão cedo. Eu precisava de um plano, uma fuga rápida, antes que ele me pegasse.

De repente, me veio a ideia. O porão! Se eu conseguisse chegar até lá, Leonardo jamais me encontraria. Era o lugar perfeito para me esconder, e eu sabia que ele não se arriscaria a me procurar ali. Ele nunca havia descido ao porão desde que voltou à fazenda, e eu conhecia cada canto daquele lugar.

- Vai ter que correr mais rápido se quiser me pegar, Leo! - provoquei, sentindo a energia do jogo tomar conta de mim.

E então eu corri. Corri como um moleque, rindo e tentando escapar do alcance dele. Senti seus dedos roçando minha camisa enquanto ele quase me pegava, mas consegui escapar por um fio, deslizando pela cozinha e disparando em direção ao corredor que levava ao porão. Meu coração batia tão forte que eu mal conseguia ouvir meus próprios passos.

Desci as escadas rapidamente, o som dos meus pés ecoando no ambiente silencioso. O porão estava escuro, úmido, e o ar ali era pesado, mas eu sabia que seria o lugar perfeito para me esconder. Ouvi os passos de Leonardo vindo atrás de mim, mas, antes que ele chegasse, me enfiei em um canto escuro, onde as sombras me envolveram completamente.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora