🍁Leonardo
O crepúsculo já cobria o céu quando finalmente escutei os passos apressados do doutor pelo corredor. O mensageiro havia cumprido minha ordem, trazendo o médico com uma rapidez que me confortou. Eu não deixaria o tempo correr enquanto pairava sobre Luiz qualquer ameaça.
Ao entrar, o doutor cumprimentou-me com um leve aceno, embora seu olhar grave refletisse a urgência da situação. Não precisei dizer muito. Meu rosto, tenso e impaciente, falava por mim. Luiz estava sentado na beira da cama, quieto, tentando manter a calma, mas eu percebia a leve tremedeira em suas mãos.
— Boa noite, Luiz — disse o doutor, numa voz profissional, mas serena, enquanto se aproximava. — Fiquei sabendo que sofreu uma queda e está sentindo tonturas. Preciso fazer um exame cuidadoso.
Luiz assentiu, lançando-me um olhar hesitante antes de responder:
— Sim, doutor... Mas acho que não é nada demais. Só um susto.
— Não é você quem decide isso, Luiz — retruquei, com uma firmeza que fez o doutor erguer as sobrancelhas, surpreso com minha atitude. — Verifique tudo, doutor. Absolutamente tudo.
O doutor acenou, abrindo a maleta e retirando alguns instrumentos enquanto eu mantinha meus olhos fixos em Luiz, atento a qualquer sinal de desconforto. Ele começou o exame, verificando os sinais vitais e as áreas onde os hematomas surgiam. Luiz encolheu-se quando o médico pressionou de leve um machucado no braço, mas se esforçou para não demonstrar muita dor.
— Luiz, você disse que foi uma queda — comentou o doutor, enquanto continuava o exame. — Consegue lembrar-se de algo mais específico? Sentiu alguma fraqueza antes disso?
Luiz hesitou, evitando meus olhos. Respirou fundo e respondeu, de maneira calculada:
— Sim... eu estava no tribunal e senti uma tontura repentina. Acho que estava muito quente lá dentro, e fiquei esperando por muito tempo.
Senti meu coração se apertar com a resposta evasiva, mas permaneci em silêncio, meus punhos cerrados. Não queria expor Luiz ali, mas meu instinto me dizia que ele não estava sendo completamente honesto. O doutor notou a tensão entre nós e decidiu manter o foco.
— Entendo. Pode ser exaustão, mas quero ser minucioso — disse o doutor, voltando a examinar Luiz. — Quero verificar seu pulso e pressão. Se está tudo em ordem, também darei atenção ao bebê, para garantir que a queda não afetou a gestação.
Com essa última frase, senti meu peito se contrair em antecipação. Esse era o momento que eu aguardava, a confirmação de que nosso bebê estava seguro. Luiz suspirou, assentindo, e o doutor se aproximou com o estetoscópio, posicionando-o com cuidado sobre o ventre dele, que respirava fundo, tentando manter-se calmo.
O médico manteve o foco, atento ao ritmo e aos batimentos. Eu observava cada reação, cada mudança em sua expressão, à procura de qualquer sinal que pudesse me tranquilizar ou alertar. Por um breve instante, o doutor sorriu e, em seguida, se dirigiu a mim:
— Leonardo, pode relaxar. O bebê está bem, os batimentos estão fortes. Não há nada que sugira algum problema imediato.
Eu não conseguia conter a onda de alívio que percorreu meu corpo. Fechei os olhos por um instante, absorvendo a notícia como uma bênção.
— Graças a Deus... — murmurei, sentindo a tensão se dissipar.
O doutor então virou-se para Luiz, que parecia também mais tranquilo, embora ainda exausto.
— Luiz, apesar de tudo estar bem, recomendo repouso absoluto por alguns dias. Evite esforços e alimente-se bem. O estresse pode afetar tanto você quanto o bebê. Se sentir qualquer tontura ou dor, me avise imediatamente.
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VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]
FanficEm um Brasil escravocrata, onde a liberdade é um sonho distante, Luiz Fernando, um jovem órfão e marcado pela brutalidade da vida, descobre que seu destino foi selado sem sua permissão. Vendido como propriedade, ele agora pertence a Leonardo de Andr...