🍁CAPÍTULO 08🍁

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🍁Luiz

O sol nascia com suavidade sobre a fazenda, iluminando a vastidão dos campos. Acordei cedo, como de costume, e fiz minha higiene matinal. A água fresca no rosto ajudava a clarear minha mente, preparando-me para o dia que estava por vir. Depois de um rápido café da manhã, senti a necessidade de buscar instruções sobre as tarefas do dia. Caminhei até a sala principal da casa grande, onde os patrões, sentados no sofá, conversavam tranquilamente. A atmosfera ali sempre tinha um ar de autoridade, mas, de alguma forma, eu me acostumara com isso.

Assim que me aproximei, o patrão ergueu os olhos e, com um tom firme, disse:

- Luiz, Alice quer ir à cidade hoje. Acompanhe-a nas compras.

Assenti respeitosamente, sentindo uma leve ansiedade crescer dentro de mim. Eu sabia que, ao lado de Alice, muitos olhos estariam sobre nós. Em poucos minutos, Alice apareceu, vestida com uma elegância simples, mas que destacava sua beleza. Ela sorriu ao me ver, um sorriso suave, mas sincero.

- Vamos, Luiz? - disse ela, com um tom animado. - Tenho várias coisas para comprar hoje.

Fomos até o carro dos patrões, onde o motorista já nos aguardava. Entrei no banco de trás junto com Alice, e assim começamos o caminho até a cidade. O silêncio inicial logo foi quebrado por Alice, que, com curiosidade nos olhos, começou a puxar conversa.

- Sabe, Luiz, a última vez que fui à Itália, senti que nunca mais queria sair de lá. É um lugar tão bonito, cheio de história... - Ela sorriu, olhando pela janela, como se relembrasse cada momento.

A menção da Itália despertou algo em mim, e não pude evitar a vontade de compartilhar.

- Meu pai também era de lá. Ele me falava muito sobre o país, das cidades antigas, dos campos... Ele sempre dizia que um dia voltaríamos juntos, mas... - minha voz vacilou um pouco, lembrando da promessa não cumprida.

Alice virou o rosto em minha direção, surpresa e curiosa.

- Seu pai era italiano? - Ela sorriu com mais intensidade. - Nunca imaginei! Onde ele nasceu?

- Em uma pequena cidade na região da Toscana. Não sei muito sobre lá, mas ele dizia que as colinas eram de tirar o fôlego, e que as pessoas viviam em harmonia com a terra. - Senti uma leve melancolia ao lembrar das histórias que ele costumava contar.

- A Toscana é realmente maravilhosa - disse Alice, com o olhar brilhante. - As cores do pôr do sol, os vinhedos... É um lugar que parece saído de um sonho. Acho que, quando tiver a chance, você deveria ir lá. Seria como uma conexão com o seu pai, de certa forma.

Sorri de leve, grato por aquela compreensão.

- Talvez um dia, quem sabe - respondi, esperançoso.

Enquanto a estrada se estendia diante de nós, a conversa continuou, fluindo de maneira natural. Falamos sobre a Itália, sobre as coisas que Alice tinha aprendido por lá, sobre as diferenças entre a vida aqui e na Europa. Aos poucos, o nervosismo que eu sentia desapareceu, e uma amizade genuína começou a se formar entre nós. Não éramos apenas um patrão e um empregado naquele momento; éramos duas pessoas trocando histórias e sonhos.

- Sabe, Luiz, às vezes eu sinto que sou uma estranha aqui. Passei tanto tempo fora que parece que não pertenço a este lugar como antes. - Alice suspirou, parecendo triste por um momento.

- Entendo como se sente. - Respondi, tentando escolher as palavras certas. - Eu também me sinto assim às vezes, como se não pertencesse a lugar nenhum. Mas acho que podemos encontrar nosso lugar, mesmo quando não sabemos onde ele está.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora