🍁CAPÍTULO 12🍁

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🍁Luiz

O dia se despedia lentamente, e com ele vinha o peso de um luto que parecia não ter fim. Passei cada momento ao lado de Alice, tentando oferecer um pouco de conforto em meio à tempestade emocional que a envolvia. A noite chegou, e finalmente, após tantas horas de lágrimas e dor, Alice adormeceu tranquila em sua agonia. Fiquei aliviado ao vê-la descansar, mesmo que por um breve momento.

Enquanto me dirigia à cozinha, segurando a xícara de chá vazia, uma sensação estranha me tomou. Uma mão forte agarrou meu braço, e uma aura poderosa emanava de quem me segurava. Virei-me e me deparei com Leonardo, o irmão de Alice.

- O que você quer? - perguntei, tentando me soltar, mas ele apertou ainda mais meu braço, como se quisesse me prender a um destino que eu não desejava.

Ele me guiou até a sala que antes era o escritório de Antônio, e ao fechar a porta atrás de nós, o ambiente se tornou opressivo. O olhar de Leonardo era desdenhoso, e eu sentia a tensão aumentar.

- Você está agindo como um pretendente de Alice - disse ele, com uma voz que transbordava desprezo.

Aquilo me chocou. Como ele poderia pensar assim? Era um absurdo!

- Não, não é isso! - respondi, tentando manter a calma. - Eu nunca senti nada por Alice além de amizade.

Leonardo se aproximou ainda mais, quase grudando em mim. O cheiro do seu perfume misturado com o ar pesado da sala tornava tudo mais opressivo.

- Se você realmente gostasse de viver - ele sussurrou, seu tom de voz quase ameaçador -, jamais ousaria tocar na minha irmã. Eu já tenho um plano para ela, e você, um branco escravo, não será um obstáculo.

Suas palavras cortaram como uma faca. Senti uma onda de raiva intensa brotar dentro de mim, uma vontade pura de acabar com aquele homem que se achava superior. Mas, com grande esforço, contive meu ímpeto, sabendo que a violência não traria Alice de volta e que era isso que ele queria, provocar uma reação.

- Você não sabe do que está falando - disse, com a voz trêmula, mas firme. - Alice é minha amiga, e sempre estarei ao lado dela.

Leonardo soltou meu braço, e com um último olhar cheio de desdém, me deixou ali, sozinho em um mar de emoções conflitantes. Eu precisava sair daquele lugar, me refugiar em algum canto onde pudesse processar o que acabara de acontecer.

Saí da sala e me dirigi ao meu quarto, meu coração batendo acelerado. Ao entrar, fechei a porta atrás de mim e me deixei cair na cama. O que Leonardo havia dito ecoava em minha mente, mas havia algo mais profundo, uma determinação crescente de proteger Alice, não importa o custo. Eu não permitiria que ele a machucasse ou a usasse como um peão em seu jogo.

Naquela noite, em meio ao caos e à dor, prometi a mim mesmo que encontraria uma forma de enfrentar os desafios que estavam por vir, mesmo que isso significasse confrontar o irmão de minha amiga. O amor e a amizade que eu sentia por Alice se tornariam a minha força, e eu faria o que fosse preciso para mantê-la a salvo.

A escuridão da madrugada envolvia a Casa Grande como um manto pesado, e o silêncio era profundo, quebrado apenas pelo som distante de um relógio marcando o tempo. Acordei de súbito, uma sensação estranha invadindo meu corpo. Uma onda de calor e desejo se espalhou por mim, e uma dor aguda no ventre fez com que eu quase gritasse.

Lutando para me levantar, percebi que a noite ainda era jovem e que todos na casa estavam imersos em seus próprios pesadelos. Com passos trôpegos, fui em direção à cozinha, onde a luz da lua entrava por uma das janelas, iluminando de forma suave o espaço que antes parecia acolhedor.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora