VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]

🍁CAPÍTULO 24🍁

🍁Luiz

A noite foi instalada silenciosamente na fazenda, e eu fiquei no meu quarto, organizando minhas roupas com cuidado. Cada peça era minha lembrança do meu novo status, da transformação que estava acontecendo na vida. Embora a obturação que o dentista faça ainda seja um pouco, eu me sinto bem. Era um sinal de que estava cuidando de mim, um sinal de que merecia atenção.

A luz suave do abajur iluminava o ambiente, criando uma atmosfera tranquila. Enquanto dobrava minhas roupas, minha mente vagava para os acontecimentos do dia: as compras, o dentista, e, principalmente, o olhar de Leonardo quando me viu sorrir. Ele havia sido gentil, quase protetor. A ideia de que ele queria me ajudar me deixou inquieto e, ao mesmo tempo, aqueceu meu coração.

Sentindo que o dia havia sido longo e cansativo, decidi tomar um banho. Fui até o banheiro e comecei a encher a banheira com água morna. O vapor começou a se formar, envolvendo o ambiente em uma névoa suave. Assim que a banheira estava cheia, despojei-me das roupas e me olhei no espelho.

A imagem refletida era de um jovem de corpo baixo e delicado, com traços simétricos e uma leve carne nas áreas certas. Havia algo novo em mim, um brilho que antes não existia. Eu era lindo, e isso me fez sentir uma onda de confiança que há muito não experimentava. Em meio a esses pensamentos, deslizei para dentro da água quente.

Assim que a água tocou minha pele, uma sensação de prazer e liberdade tomou conta de mim. A sujeira do dia, tanto física quanto emocional, começou a se dissolver. Eu fechei os olhos e respirei fundo, permitindo que a água me envolvesse como um abraço acolhedor.

No entanto, à medida que relaxava, minha mente começou a vagar para pensamentos mais íntimos e secretos. Fazia muito tempo que eu não me tocava, que não explorava a própria pele com desejo e curiosidade. Era uma necessidade latente, uma parte de mim que sempre fora reprimida.

As mãos deslizaram pela água morna, a sensação era tão prazerosa que era impossível resistir. Toques suaves, quase hesitantes, começaram a se tornar mais audaciosos à medida que a motivação crescia. A imagem de Leonardo, com seu corpo forte e imponente, invade meus pensamentos. A maneira como ele me olhou, como se eu fosse alguém especial, fez meu coração acelerar.

— Ele está cuidando de mim — murmurei para mim mesmo, perdido em devaneios. — Ele me vê.

Naquela água, com os olhos fechados e o coração acelerado, eu me permiti sonhar. O toque das minhas mãos era uma liberação, uma conexão com meu próprio corpo, com meus desejos reprimidos. Cada movimento me levava a um estado de êxtase, onde a vergonha e a dúvida se dissolviam, aumentando por um calor que irradiava de dentro de mim.

O tempo parecia ter parado enquanto eu flutuava na água, perdido entre a realidade e a fantasia. Era um momento de liberdade, onde pude ser eu mesmo, sem julgamentos ou expectativas.

Depois de um tempo, finalmente me levantei da banheira, a água escorrendo pelo meu corpo enquanto eu me secava. Olhai novamente para o espelho e percebi que a imagem que via não era apenas a de um jovem belo, mas de alguém que estava começando a se conhecer, a se aceitar, e a explorar as profundezas de seus sentimentos e desejos.

A noite ainda era jovem, e, embora a dor da obturação persistisse, eu senti que havia uma nova energia dentro de mim. Eu não sabia o que o futuro me reservava, mas uma coisa era certa: eu estava pronto para enfrentar qualquer coisa que viesse, com um sorriso no rosto e a coragem de ser quem realmente sou.

Assim que terminei de me secar, coloquei uma cueca simples e apaguei as luzes do banheiro. A escuridão envolveu meu corpo, mas não me incomodava. Ao contrário, aquela quietude e a leve brisa que entrava pela janela me deixavam confortável. Senti o cheiro dos lençóis limpos me chamando para a cama, e a ideia de me entregar ao descanso era tentadora.

Mas, enquanto me dirigia ao quarto, um som repentino quebrou a calma da noite. A porta da frente bateu com força. Meu coração disparou. Era Leonardo.

— Luiz? — ele chamou, a voz ecoando pelo corredor escuro.

Eu hesitei por um momento, mas então me lembrei de que havia algo novo entre nós, algo que havia mudado nas últimas semanas. O receio que antes sentia dele agora se misturava com uma curiosidade inquieta.

— Estou aqui! — respondi, tentando controlar o tremor na minha voz.

Leonardo apareceu na porta do meu quarto, sua figura alta e imponente se destacando na penumbra. A luz da sala iluminava parcialmente seu rosto, e eu pude ver a expressão de surpresa e algo mais, algo que parecia ser preocupação.

— Você está bem? — ele perguntou, com um tom de sinceridade que me deixou intrigado.

— Sim, só estava me preparando para dormir — respondi, um pouco mais à vontade do que antes.

Ele deu um passo à frente, e o cheiro de sua colônia invadiu o ambiente, me fazendo sentir um misto de segurança e excitação.

— Estava na sala e ouvi o barulho da água. Pensei que você estivesse em problemas — ele disse, sua voz suave contrastando com a dureza que costumava ter.

— Estava apenas tomando um banho, não se preocupe. Estou bem — respondi, tentando manter a conversa leve, embora meu coração estivesse acelerado.

Leonardo me observou por um momento, como se estivesse avaliando algo. Seus olhos percorriam meu corpo, e eu me sentia vulnerável, mas, ao mesmo tempo, algo em sua expressão me deixava esperançoso.

— Eu... eu só queria ter certeza de que você estava bem — ele finalmente disse, afastando um pouco o olhar.

Aquelas palavras me tocaram de uma maneira que eu não esperava. Por um instante, me perguntei se havia uma possibilidade de que ele se importasse comigo de uma forma diferente.

— Obrigado — murmurei, um pouco tímido, mas com um sorriso.

— E quanto à sua nova posição? — ele continuou, mudando de assunto, mas não sem um leve brilho de interesse em seus olhos. — Está se sentindo confortável?

— Sim, estou animado para começar — respondi, sabendo que as palavras eram verdadeiras. — Sinto que agora posso fazer a diferença na fazenda.

Leonardo assentiu, um sorriso curto surgindo em seu rosto. O ambiente parecia mais leve, e por um momento, o espaço entre nós se tornava mais íntimo.

— Isso é bom de ouvir — ele disse, aproximando-se um pouco mais. — Você merece isso, Luiz.

Aquelas palavras ressoaram em mim, e eu me peguei analisando o quanto ele havia mudado. Leonardo parecia mais relaxado, quase vulnerável, e isso me deixava intrigado.

— Eu sempre estarei aqui para ajudar, se você precisar — ele acrescentou, seu olhar firme, como se estivesse fazendo uma promessa.

Nesse momento, a tensão no ar começou a se dissipar, e eu pude ver que ele estava ali por uma razão, não apenas como o irmão autoritário, mas como alguém que estava disposto a se abrir.

— Agradeço, Leonardo. Sabe que isso significa muito para mim — respondi, sentindo uma onda de gratidão e esperança.

Ele hesitou por um instante, como se quisesse dizer mais, mas então, como se percebesse a proximidade que estávamos criando, deu um passo atrás, em um gesto involuntário de autocontrole.

— Bem, então, boa noite, Luiz — ele disse, com um tom mais casual, embora o olhar ainda carregasse uma carga emocional.

— Boa noite, Leonardo — respondi, observando-o se afastar.

Assim que ele saiu, fechei a porta e me deixei cair na cama, meu coração ainda batendo rápido. Aquela breve interação havia sido intensa, e eu não conseguia deixar de me perguntar o que isso significava para nós dois. A escuridão ao meu redor agora parecia cheia de possibilidades, e eu me permiti sonhar mais uma vez.

Continua...