🍁CAPÍTULO 48🍁

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🍁Leonardo

O porto de Santos surgiu diante de nós, com suas docas agitadas e repletas de navios e pessoas apressadas. As carruagens passaram pela multidão até finalmente pararmos em frente ao grande navio a vapor que nos levaria à Europa. Luiz segurava minha mão com força, o rosto iluminado de ansiedade e uma pontinha de nervosismo.

— É realmente tão grande assim? — ele perguntou, o olhar fixo na embarcação colossal à nossa frente. A grandiosidade do navio parecia fazer o céu ficar menor, com suas velas altas e a fumaça preta saindo da chaminé.

— Esse é o melhor navio que poderia nos levar, meu amor — respondi, sorrindo para ele. — Escolhi o melhor para nós. Será uma viagem longa, e eu quero que você tenha todo o conforto possível.

Enquanto carregadores subiam nossas bagagens, olhei para Luiz e percebi a mistura de sentimentos em seu olhar. Ele ainda olhava para o porto, para o horizonte do Brasil. Havia a alegria pela nova jornada, mas também uma sombra de saudade.

— Vai sentir falta? — perguntei, puxando-o para mais perto.

Ele suspirou, mantendo os olhos no porto.

— Um pouco, talvez. O Brasil foi o lugar onde eu vivi toda minha vida, onde tudo que conheci até agora aconteceu… é estranho saber que estou deixando isso para trás.

Pousei a mão em seu rosto, fazendo-o olhar para mim.

— Vamos construir uma nova vida, Luiz. E eu estarei ao seu lado para cada momento.

Ele sorriu, acenando levemente com a cabeça.

— Com você, sei que tudo será possível, Leonardo.

A bordo, o apartamento era amplo e luxuoso, com móveis de mogno e cortinas pesadas nas janelas que davam vista para o oceano. Um pequeno sofá de veludo vermelho ocupava o centro da sala, ao lado de uma mesa com um candelabro brilhante. Luiz girava pelo quarto, encantado com cada detalhe, a expressão de surpresa estampada no rosto.

— Nunca vi nada assim! É como um palácio flutuante — ele disse, rindo e correndo até a janela para espiar o oceano. — Olhe só para isso, Leonardo… é como se o mar fosse infinito!

— E é quase isso mesmo — comentei, sorrindo. Caminhei até ele, enlaçando seus ombros enquanto ele admirava a vista. — O oceano nos leva para longe de tudo o que já conhecemos, mas leva também para algo novo. É o preço da liberdade, meu amor.

Ele se virou para mim, os olhos brilhando de expectativa e emoção.

— Estou pronto, Leonardo. Não sei o que o futuro nos reserva, mas eu sei que… — ele pausou, respirando fundo. — Sei que nunca imaginei algo assim para mim. Se não fosse por você, eu jamais teria sonhado.

— E agora? Está sonhando? — perguntei, acariciando sua mão.

Luiz sorriu, aquele sorriso puro e sincero que era só dele.

— Acho que sim… e, pela primeira vez, o sonho parece real.

As horas passavam, e o navio começou a se mover. Luiz estava fascinado com cada detalhe, observando o porto se afastar, as ondas surgindo ao redor do navio, o céu que parecia abraçar o oceano. Ele mantinha-se junto à janela, em silêncio, absorvendo tudo. Me aproximei dele, repousando a mão em seu ombro.

— Sabe que teremos um mês para cruzar o Atlântico, não é? — brinquei, tentando aliviar a tensão que ainda havia no ar.

Ele assentiu, suspirando.

— Um mês… parece muito tempo, mas acho que vai passar rápido. Eu quero tanto ver o que nos espera do outro lado.

Segurei sua mão e o guiei até o sofá, puxando-o para se sentar comigo.

VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora