VENDIDO AO ALFA [CONCLUÍDO]

🍁CAPÍTULO 31🍁

🍁Luiz

Acordei com a luz suave da manhã filtrando-se pelas cortinas, criando um ambiente acolhedor e ao mesmo tempo estranho. O perfume do quarto, uma mistura de lavanda e algo que eu não conseguia identificar, me envolvia como um abraço reconfortante. Mas, ao mesmo tempo, uma onda de vergonha e confusão me atingiu como um raio.

A noite anterior. As lembranças vieram com força total, cada toque, cada sussurro de Leonardo ainda ressoando na minha mente. Sua garra, a intensidade de seu olhar e a maneira como ele me dominou… Era como se uma tempestade tivesse passado, deixando-me sem saber como me sentir. Meus lábios se curvaram em um sorriso involuntário, mas logo foram ofuscados pela insegurança. E se ele se arrependesse? E se eu tivesse cruzado uma linha que não deveria?

Levantei-me da cama macia, tentando abafar o tumulto emocional que se formava dentro de mim. As marcas que ele deixou em meu corpo eram visíveis no espelho. Eram marcas de desejo e vulnerabilidade, uma prova do que vivemos, mas que agora pareciam me expor. O que ele pensaria quando me visse? Um frio percorreu minha espinha, e eu sacudi a cabeça, como se pudesse afastar esses pensamentos.

No banheiro, liguei o chuveiro, deixando a água quente escorregar pelo meu corpo, tentando me limpar não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Fechei os olhos enquanto a água caía, permitindo que os pensamentos se dispersassem. Se havia algo que eu havia aprendido naquela noite, era que eu não deveria me envergonhar do que sentia.

Depois de me lavar, vesti uma camisa branca simples e uma calça social que sempre foi meu uniforme de trabalho. Olhei-me novamente no espelho, tentando encontrar coragem em meu próprio reflexo. Era hora de enfrentar a realidade.

Quando saí do meu quarto, tomei cuidado para não ser visto pelas empregadas que estavam ocupadas em suas tarefas matinais. Cada passo em direção à mesa do café era como atravessar um campo minado. Minha ansiedade pulsava em meu peito. E se Leonardo não quisesse mais falar comigo? E se ele se sentisse diferente?

Cheguei à mesa e encontrei Maria, uma das cozinheiras, preparando o café. O cheiro do pão fresco e do café torrado encheu minhas narinas, mas o aperto no meu estômago não diminuía.

— Bom dia, Luiz! — Maria sorriu, mas não consegui retornar o gesto com a mesma energia.

— Bom dia, Maria. Você viu o Patrão? — Perguntei, tentando esconder a ansiedade na minha voz.

— Ele acordou cedo e foi para a cidade. Não deu mais notícias. — Ela respondeu, enquanto arrumava a mesa.

Um alívio momentâneo passou por mim, mas logo foi seguido por uma nova onda de preocupação. Leonardo havia saído, e eu não sabia o que pensar sobre isso. Terminei meu café rapidamente, cada gole parecia um lembrete de que tudo havia mudado, e agora eu não sabia como lidar com essa nova realidade.

Depois de me despedir de Maria, segui em direção ao escritório. A cada passo, sentia meu coração acelerar. Imaginava como seria vê-lo novamente, as palavras que eu diria, as perguntas que precisaria fazer. Mas, mais do que isso, eu temia o que ele diria a mim.

Ao abrir a porta do escritório, encontrei o ambiente vazio, com os papéis desorganizados sobre a mesa e o cheiro de cachaça ainda pairando no ar. Fiquei parado na entrada por um momento, respirando fundo, tentando reunir coragem.

Meus olhos percorreram o espaço, buscando algum sinal de que Leonardo havia deixado um recado ou algo que indicasse seus sentimentos. A tensão no ar era palpável, e eu me perguntei se estava preparado para o que quer que fosse que ele dissesse ou fizesse quando finalmente aparecesse.

Então, decidi que não podia mais esperar. O que quer que acontecesse, eu tinha que encarar. Com isso em mente, aproximei-me da mesa e comecei a organizar alguns documentos, tentando me distrair e me preparar para o que viria a seguir.