Capítulo 1

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Anastasia

Eu estava oficialmente fora de meu elemento.

— Quer beber alguma coisa? — perguntou Jack, com seus olhos azuis brilhando de forma divertida à luz das velas. Ele usava um terno cinza com uma camisa branca por baixo - com o botão de cima desabotoado - e o cabelo loiro penteado para trás com cuidado. — Agora que você finalmente é maior de idade, quero dizer. 

— Claro. — eu disse. — Hum, escolha algo para nós. 

Estávamos comemorando meu aniversário de 21 anos em um dos restaurantes mais chiques da cidade. Eu raramente bebia e não conseguia pronunciar a maioria das palavras da carta de vinhos.

Como filho único de dois advogados abastados de Chicago, Jack cresceu jantando em lugares como esse todo fim de semana. Mas como a caçula de quatro filhos de uma enfermeira e de um professor de um subúrbio de Minneapolis, isso estava fora do meu alcance. A ideia da minha família de uma grande noitada era ir ao Applebee's, e até mesmo isso tinha de ser incluído no orçamento.

Ele acenou com a cabeça e pegou a carta de vinhos.

— Vou pedir uma garrafa de vinho.

Jack folheou as páginas, examinando a seleção com a intensidade de alguém comprando um carro novo, enquanto eu me remexia em meu assento, desejando não ter pegado emprestado os saltos de Leila. Eles eram meio pequenos demais e apertavam meus dedos dos pés como loucos.

Antes de calçar esses sapatos torturantes, passei a maior parte da tarde me maquiando e me preparando. Minhas colegas de quarto quase me arrancaram um olho ao me ajudar a aplicar cílios postiços; foi uma provação séria, que prometi nunca mais repetir.

Cruzei as pernas e dei uma olhada no restaurante para me distrair, observando os opulentos detalhes em ouro e as obras de arte emolduradas nas paredes. As outras mesas estavam ocupadas, em sua maioria, por pessoas pelo menos dez anos mais velhas do que nós, todas bem vestidas e bem arrumadas. Eu mesma não teria escolhido esse lugar, se tivesse a chance, mas Jack me surpreendeu. O que contava era a intenção, certo?

Depois de mais um minuto, ele fechou o cardápio e o colocou de lado. Como se o tivéssemos convocado, nosso garçom reapareceu instantaneamente. Ele era incrivelmente alto, magro como um junco e parecia que seria levado por uma brisa forte.

— O que posso fazer para que vocês comecem esta noite? — Ele nos deu um sorriso brando que dizia que não acreditava que pudéssemos nos dar ao luxo de estar aqui. Era uma meia verdade.

— Vamos tomar uma garrafa de River Estates Cabernet Sauvignon. — disse Jack, entregando-lhe a carta de vinhos.

— Excelente escolha. — O garçom nos fez uma pequena reverência antes de se virar e ir embora.

Eu esperava que ele voltasse logo para que pudéssemos pedir o jantar. Depois de viver com sanduíches de manteiga de amendoim por um mês para comprar o vestidinho preto que eu estava usando, a ideia de ver um pão Wonder ou um pote de manteiga de amendoim novamente me dava vontade de vomitar. Agora eu estava faminta por comida de verdade, embora o cardápio estivesse escrito inteiramente em francês, que eu não sabia falar, muito menos ler.

Jack estendeu a mão sobre a toalha de marfim e pegou minha mão. Ele acariciou as costas dela com o polegar.

— Tenho pensado muito sobre depois da formatura. 

— Você tem novidades? — A empolgação borbulhou em meu estômago. Eu me inclinei para mais perto, estudando seu rosto à luz da vela. — Quem Gavin acha que vai pegar? 

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