Anastasia
Momentos depois, estávamos na caminhonete de Christian, saindo de onde ele havia estacionado ilegalmente na rua. Meu cérebro ainda estava confuso por causa do beijo, mas eu estava tentando manter a calma por uma questão de aparência. Ele provavelmente beijava garotas como eu o tempo todo. Eu duvidava que isso significasse algo para ele.
Eu gostaria de poder dizer o mesmo.
— Para constar. — eu disse. — Não sou desastrada.
Ele deu uma olhada para mim, com um sorriso nos lábios.
— É por isso que você quase caiu do meio-fio do lado de fora da XS?
— Fiz muitas coisas que estavam fora de meu caráter naquela noite. — Aparentemente, eu ainda as estava fazendo. Mas não podia mais culpar o álcool.
— Certo, para onde? — Christian fez um sinal para a esquerda e deu uma olhada no ombro, saindo para a via principal.
Momentaneamente distraída por suas mãos grandes que seguravam o volante e pela lembrança de como as senti em meu corpo, procurei uma ideia, mas não encontrei nada.
— Acho que é sua vez de decidir.
— Tenho certeza de que decidi da última vez. — disse ele. — Eu estava tentando ser legal, mas agora estou arrastando você para onde eu quiser. Prepare-se para uma noite selvagem de aventura e crime.
— Você está brincando, certo?
Ele deu de ombros. — Acho que você terá que ver.
***
Depois de mais quinze minutos, paramos na entrada de uma área de parque natural escondida não muito longe do centro da cidade.
As árvores se alinhavam no estacionamento, estendendo-se por quilômetros em cada direção, com suas folhas em seu esplendor total de outono, pintando a paisagem com laranja queimado, âmbar e dourado. Era de tirar o fôlego.
Christian estacionou e desligou a ignição, depois pegou uma Carhartt cinza no banco de trás antes de sair e trancar a caminhonete. Saí e apreciei a paisagem, curtindo o efeito calmante que o ar fresco estava exercendo sobre meu cérebro esgotado. A conversa fiada e a distância física entre nós durante a viagem ajudaram um pouco, mas eu ainda não tinha processado totalmente aquele beijo.
Eu não tinha certeza se algum dia o faria. Era o tipo de beijo do qual eu provavelmente sempre me lembraria.
Mesmo que não fosse real.
— Por aqui. — Christian acenou com a cabeça para a direita. Começamos a descer por um caminho pavimentado em uma densa área de árvores pintadas em ricos tons de outono, andando próximos, mas sem nos tocarmos.
— Que lugar é esse, afinal? — perguntei, fechando o zíper do meu casaco enquanto caminhávamos. O tempo havia esfriado bastante desde a semana anterior. Havia um friozinho no ar que prometia a chegada do inverno.
— O nome verdadeiro é Hammond Park, mas as pessoas o chamam de Fim do Mundo. — disse ele. — Às vezes, venho aqui para pensar.
— Ah, então não é frequente.
Ele sorriu, batendo em mim com o cotovelo.
Momentos depois, um barracão com paredes de vidro apareceu à nossa frente em uma clareira, cercado por mesas e cadeiras de metal. A placa na frente dizia Uncommon Coffee Co.
— Ah, não. — Balancei a cabeça. — Se eu tomar café tão tarde, não vou dormir esta noite.
— Acalme-se, vovó. Não estamos aqui para tomar café. — Christian abriu a porta e fez um gesto com a palma da mão aberta para que eu entrasse primeiro. Os aromas celestiais de café e chocolate enchiam a cafeteria, que era decorada com madeira recuperada, dando-lhe um charme rústico e moderno. Um cardápio de quadro-negro exibia suas ofertas em tons pastéis do arco-íris atrás do balcão.

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Rivais
Hayran KurguDepois de ser abandonada pelo meu namorado no meu aniversário de 21 anos, decidi afogar as mágoas numa nova boate. É lá que encontro Christian Grey o maior rival do meu ex: arrogante, irresistível, e com uma fama que vai além das suas habilidades no...