Rivais

Capítulo 65

Christian

Fragmentos da luz dourada da tarde se filtravam pelas frestas entre minhas cortinas, lembrando-me rudemente que era o meio do dia e que eu estava bem acordado. Soltei um suspiro pesado de frustração, olhando para o teto totalmente branco. A casa estava silenciosa, o ar parado. Provavelmente, os dois rapazes estavam fora de casa, como eu deveria estar. Como eu queria estar.

Infelizmente, eu estava vibrando com excesso de energia desde o momento em que acordei esta manhã. Minha raiva de longa data e de baixo nível em relação a Hyde se misturou a um tom desagradável de ansiedade, tornando impossível relaxar, muito menos dormir. Eu odiava me preocupar, raramente o fazia e me ressentia muito com o fato de estar me preocupando. Mas isso era pessoal de uma forma que nenhum confronto havia sido antes.

Eu iria vencer ou morrer tentando.

Provavelmente também iria bater na parede com força após o término do jogo, mas desde que saíssemos vitoriosos, eu não me importava.

Por causa das aulas e da preparação para o jogo, não cheguei a ver Anastasia. Eu havia relaxado minha rígida rotina pré-jogo ultimamente, mas não podia correr riscos hoje. Ty, Elliot e eu executávamos religiosamente todos os rituais supersticiosos que tínhamos, por menores ou mais bobos que fossem. Até mesmo os mais idiotas, como Elliot usando seu par de meias da sorte e qual deles estava dirigindo para o rinque.

Se houvesse alguma chance de fazer a balança pender a nosso favor, estaríamos fazendo isso.

Bem, exceto pelo meu cochilo antes do jogo - e não foi por falta de tentativa. Eu adorava dormir, nunca tive problemas de insônia e, normalmente, estaria dormindo profundamente há vinte minutos. Em vez disso, eu estava obcecado com as jogadas e sonhando acordado com a possibilidade de infligir lesões corporais graves a Hyde. Seria outra checagem no gelo ou eu o esmagaria contra as tábuas como a praga que ele era? Eu havia planejado qualquer um dos cenários para estar pronto quando surgisse uma oportunidade. Com sorte, eu o tiraria do jogo novamente para não ter que ver seu rosto estúpido e presunçoso por mais tempo do que o necessário.

O sono foi ficando cada vez mais distante enquanto minha raiva aumentava ainda mais. Que merda. Hyde estava vivendo na minha cabeça sem pagar aluguel quando eu deveria estar descansando e recarregando as baterias. Ou fantasiando com Anastasia nua, no mínimo.

Finalmente, deslizei para fora da cama e me afundei na cadeira da escrivaninha, pegando meu livro de Economia Urbana. Estudar era a última coisa que eu queria fazer antes de um jogo - e era algo que eu nunca tinha feito -, mas não sabia o que mais fazer comigo mesmo.

Isso durou apenas três minutos antes de eu desistir e consultar as estatísticas de hóquei on-line, reorganizando minhas linhas de fantasia de hóquei.

Eu ainda estava na liderança e queria continuar assim. Isso ocupou meu cérebro inquieto por um tempo, mas o zumbido baixo do ressentimento permaneceu no fundo da minha mente, no entanto.

Passos soaram no corredor, fazendo com que eu voltasse à realidade.

— Pronto? — Elliot bateu em minha porta.

Olhei para o relógio em minha mesa, com a eletricidade correndo em minhas veias. Hora de partir.

— Sim. — eu disse. — Já estou descendo.

Com o corpo zumbindo, fiquei de pé, empurrei minha cadeira e peguei minhas coisas na saída. Desci as escadas correndo e encontrei os rapazes esperando no corredor, com os rostos tensos. A atmosfera estava tão pesada que parecia que estávamos indo para um funeral em vez de um jogo.

— Vocês estão prontos para foder alguma merda? — perguntei.

Elliot assentiu com a cabeça. — Você sabe disso.