Capítulo 30

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Christian

Anastasia se aconchegou em meu peito enquanto estávamos deitados em minha cama, assistindo a um jogo da NHL. Conversamos sem rumo, acompanhando o jogo apenas pela metade, pois nenhum de nós estava particularmente interessado nos times que estavam jogando. No que diz respeito a uma noite de um dia de semana, foi perfeita. Exceto por uma coisa: a conversa que precisávamos ter.

A conversa que certamente será difícil, garantidamente desconfortável e, com sorte, não desastrosa.

Talvez fosse muito cedo para falar sobre isso, mas pesaria em minha consciência até que o fizéssemos. E eu me recusava a fazer isso na noite em que sairíamos para jantar, podendo estragar o aniversário dela duas vezes em um ano.

Toda essa situação me deixou furioso. Eu literalmente tratava os casos de uma noite e os encontros casuais melhor do que Hyde havia tratado sua própria namorada. Isso era errado em todos os níveis.

Aqui vamos nós...

Anastasia

Christian pegou o controle remoto e baixou o volume da TV.

— Ana? — Ele se virou para olhar para mim e estudou meu rosto, com a voz baixa. — O quanto você se lembra da nossa caminhada da boate até à minha casa?

— Não muito. — disse eu, balançando a cabeça. — Lembro-me de ter vomitado. Vagamente. É mais ou menos isso. Por quê?

Suas sobrancelhas se franziram. — Porque você me disse algo naquela noite, e acho que não se lembra.

Os alarmes dispararam em minha cabeça, com sirenes estridentes e luzes vermelhas piscando. Eu tinha certeza de que a essência da conversa era: ele não gostava mais de mim por causa disso, e agora estava pronto para acabar com tudo entre nós. Já.

Entre no modo de pânico máximo.

Eu me esforcei para me sentar direito.

— Você está falando disso agora? Isso foi há muito tempo.

— Eu me contive porque era algo pessoal. — disse ele. — Não queria que você pensasse que eu estava provocando você ou sendo um idiota. Mas com a maneira como as coisas mudaram entre nós, parece errado eu saber disso quando você não sabe que eu sei.

Minha respiração ficou presa, com o coração saltando para a garganta.

Não.

Eu não fiz isso. Não poderia ter feito. Eu não teria feito isso.

— O que eu disse a você? — sussurrei, com o pânico me enrolando no pescoço com força. — Diga-me, por favor.

— Você me disse que Hyde era péssimo na cama. — Christian fez uma pausa, estranhamente hesitante. O tempo passou mais devagar enquanto eu prendia a respiração, esperando que ele continuasse. — Especificamente, que ele não fazia sexo oral e que você fingia com ele regularmente.

Sem mais nem menos, minha dignidade se evaporou no ar. Nem mesmo minhas amigas mais próximas sabiam dessa segunda coisa, e eu havia contado a Christian na noite em que o conheci? Santo Deus. E isso era infinitamente mais humilhante, considerando que ele era muito mais experiente do que eu.

— Está bem. — Eu me desvencilhei de seu abraço, deslizei para fora da cama e me levantei. — Se precisar de mim, estarei em casa morrendo de vergonha. Diga aos meus pais para comprarem uma bela lápide. De mármore cinza, algo assim.

— Ana, espere. Podemos conversar sobre isso? — Ele se aproximou e segurou minha mão com cuidado.

A humilhação fervilhava em minhas entranhas, cáustica e ardente, ameaçando transbordar. Eu me virei para encará-lo, com as bochechas queimando.

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