Capítulo 2

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Anastasia

Na manhã seguinte, sentei-me na ilha da cozinha com uma xícara de café e um prato de comida que eu não tinha nenhum interesse em consumir. Meu estômago revirava enquanto eu empurrava os ovos mexidos, agora frios, em volta do prato, tentando reunir a vontade de comer.

De acordo com o relógio digital no fogão, eram oito e quinze, o que significava que eu estava olhando para a minha comida há quase uma hora. Minha mãe sempre dizia que um café da manhã farto era a chave para começar o dia com o pé direito, mas nenhuma quantidade de comida poderia consertar os acontecimentos da noite passada. Nada poderia, a não ser uma varinha mágica.

— Bom dia! — Minha colega de quarto, Leila, entrou na cozinha, indo direto para a cafeteira. Claramente, seu dia estava começando muito melhor do que o meu. Ela já estava vestida com um suéter rosa cortado e jeans desgastados, e seu cabelo castanho encaracolado estava trançado em uma trança grossa. Eu ainda não tinha tomado banho e usava um pijama roxo maltrapilho, com meu cabelo comprido em um ninho de ratos emaranhado. Minha pele estava manchada, meus olhos inchados e meu coração vazio.

A ideia de ficar solteira novamente depois de um ano e meio era semelhante a estar à deriva, perdida no mar sem bússola. Eu não sabia quem era sem Jack. Eu não queria saber.

De costas para ela, Leila serviu-se de uma xícara enorme de french roast, depois foi à geladeira e tirou o creme de baunilha.

— Como foi seu jantar de aniversário? — Ela fechou a porta com o quadril.

— Bem... — As palavras ficaram presas em minha garganta. — Não muito bem.

Leila riu e mexeu o café, a colher tilintando contra a caneca de cerâmica. — Por que Jack a manteve acordada a noite toda?

Foi como levar uma facada no coração e no estômago ao mesmo tempo.

Ela se virou para me encarar, seus olhos de chocolate escuro me sondando por cima de sua caneca rosa. — Você parece muito cansada. 

Como eu tinha sido atropelada pelo ônibus da separação, eu tinha certeza de que parecia mais do que cansada. Provavelmente eu parecia um troll.

— Uh, não exatamente. 

Ela tomou um gole de seu café, erguendo as sobrancelhas.

— Onde está Jack, afinal? Ele ainda está dormindo? 

Outra facada.

— Ele não está aqui. — Mas ele deveria estar.

— Oh. — A testa dela se enrugou, registrando uma leve confusão. — Ele teve que treinar hoje de manhã? Achei que Paul tinha dito que não haveria treino em terra firme hoje. 

— Não. — eu disse. — Ele me deu um fora. 

Leila congelou com a caneca rosa-pétala a meio caminho de sua boca. — O quê? — Seus olhos se voltaram para os meus.

— Sim. — Olhei para o meu prato e dei uma mordida em uma torrada de trigo integral encharcada. Como a alternativa para comer era discutir a separação, meu apetite voltou de repente. Leila me encarou, com os olhos arregalados. Desejei ter imprimido um panfleto que pudesse distribuir em vez de ter que contar cada detalhe doloroso. Uma espécie de boletim de notícias.

Engoli e acrescentei: — Ele disse que deveríamos "dar um tempo". E então isso se transformou em um rompimento.

Parte de mim ainda não acreditava que era real, mas outra parte - uma parte maior - estava conformada com isso.

— Querida. — Ela largou a xícara e deu a volta na ilha. Sentada na banqueta ao meu lado, ela examinou meu rosto com preocupação e tocou meu braço gentilmente. — Sinto muito. 

— Está tudo bem. 

— O que aconteceu? Não estou entendendo. 

Eu também não, mas isso não importava. E agora eu tinha que reviver essa conversa horrível sobre o término do namoro repetidas vezes com todos os meus amigos e meu irmão, bem como com meus pais. Dar a notícia, testemunhar suas reações de choque e suportar sua pena incômoda. Eu não queria compaixão.

Não queria abraços. Não queria falar sobre isso - de forma alguma.

— Nós nos distanciamos, eu acho. 

— Mesmo assim, deve estar arrasada. Sinto-me péssima por você, Ana. 

Leila e eu morávamos juntas há mais de seis meses e nos dávamos muito bem, trocando roupas, compartilhando maquiagem e assistindo a séries ruins na Netflix. Mas nos conhecemos porque Paul e Jack jogavam juntos, o que significava que a vida dela, assim como a minha, girava em torno do time. Agora ela estava olhando para mim com o nível de choque e horror que se esperaria ao receber a notícia de uma morte.

Ela estava realmente preocupada comigo? Ou estava preocupada com o fato de que ela e Paul seriam os próximos? Seriam eles os próximos? Assim como Jack, Paul estava no terceiro ano e tinha aspirações à NHL. Talvez todos eles tivessem um pacto de largar as namoradas e viver o último ano da faculdade.

Ou talvez eu fosse o único peso morto.

— Sim, bem... acontece. — Evitando seu olhar, peguei meu prato e me levantei, afastando a banqueta do balcão. — De qualquer forma, preciso tomar banho e ir à biblioteca. Tenho um artigo para terminar antes do jogo de hoje à noite. 

Se fosse possível me concentrar em escrever neste momento. Essa parte pode ser um exagero. Ou poderia ser uma boa fuga. Eu poderia me trancar longe da realidade e ignorar que minha vida amorosa tinha acabado de implodir.

— Você ainda vai vir? 

A pergunta foi como um tapa, embora eu soubesse que ela não queria dizer isso.

— Tenho que ir. — eu disse. — Sawyer nunca me perdoaria se eu de repente boicotasse os jogos deles.

Além disso, eu não tinha certeza do que faria para preencher meu tempo se não fosse.

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