Capítulo 4

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Anastasia

A torcida vibrou quando a campainha soou e o placar mudou. Para minha consternação, as letras vermelhas brilhantes agora diziam quatro a zero, Falcons.

Ser o time visitante sempre foi uma droga, mas era especialmente ruim quando estávamos sendo derrotados dessa forma.

Nosso goleiro, Eddie Mendez, jogou o taco e soltou uma série de palavrões coloridos que ecoaram por toda an arena. Prendi a respiração, esperando para ver se o técnico Brown o tiraria do jogo, mas ele continuou. Meu irmão Sawyer tirou as luvas azuis e brancas e patinou até ao banco de reservas, balançando a cabeça. Ele estava chateado consigo mesmo por causa da jogada defensiva malfeita, não com Mendez por tê-la deixado entrar.

E, ao lado da rede, Christian Grey - ponta esquerda dos Falcons - fez um gesto de comemoração com o punho e foi até ao banco de reservas para cumprimentar seus colegas de equipe e se gabar, como sempre fazia. A irritação me invadiu.

— Eu o odeio. — murmurei.

Leila acenou com a cabeça.

— Eu também. Ele é o pior. 

Eu não tinha uma reação emocional forte a muitos jogadores, bons ou ruins, mas Grey era a exceção. Ele era a definição de detestável. A arrogância em uma camisa vermelha.

A presunção em patins.

É claro que ele era bom - um atacante corajoso de primeira ou segunda linha em uma liga da Divisão I - mas seu ego enorme era desproporcional ao seu nível de habilidade. E ele era famoso por falar mal e causar brigas entre nossas respectivas equipes. Especificamente, por iniciar altercações que terminavam em pênaltis para nós e em gols dos Falcons quando estávamos com poucos jogadores.

Ele não era apenas desleixado; ele era totalmente desonesto.

No final da temporada regular, na primavera passada, Grey e Sawyer se cruzaram no segundo período. Apesar da clara instigação de Grey, Sawyer recebeu uma má conduta no jogo, enquanto Grey saiu ileso. Perder meu irmão foi doloroso, pois a equipe já estava com vários defensores lesionados. No final, perdemos por um gol e não conseguimos nos classificar para os playoffs. Sawyer ainda guardava rancor de Grey. E eu também.

Ficamos em silêncio novamente, observando a continuação do massacre no gelo. Ou Leila, pelo menos. Eu não conseguia desviar meus olhos de Jack. Mesmo quando ele estava no banco, era impossível me concentrar em outro lugar que não fosse ele por mais de alguns segundos.

Ela me cutucou com o cotovelo. — Tem certeza de que está bem? 

— Estou bem. — Enrolei os braços em volta do corpo, desejando ter usado uma jaqueta por cima do meu capuz cinza. A arena da Universidade Boyd, Northridge Center, era sempre muito fria, mas eu estava tão atordoada que nem pensei nisso antes de sair pela porta.

— Vocês já conversaram desde então? 

— Mais ou menos. — eu disse. — Na verdade, não. 

Jack me enviou uma série de mensagens de desculpas cada vez mais frenéticas esta tarde. Não estava tentando me reconquistar, mas tentando controlar os danos, repetindo os pedidos de ontem à noite para continuarmos amigos. No início, eu o ignorei, mas depois da quinta mensagem, finalmente cedi e respondi, dizendo que estava tudo bem (obviamente não estava) e que eu só precisava de um tempo (ou seja, para sempre). Em parte, porque eu era uma pessoa fácil e, em parte, porque não queria que o drama entre nós tirasse a cabeça dele do jogo desta noite. Independentemente de como eu realmente me sentia, eu precisava apaziguálo para que ele não estragasse tudo para o resto da equipe.

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