Capítulo 52

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Anastasia

Uma pausa de um dia para ficar sóbria da intoxicação via Christian provavelmente não foi a pior coisa. Depois de voar alto o dia todo ontem, eu precisava voltar à Terra.

Mas não hoje, aparentemente.

Os melhores planos e tudo mais.

A chuva batia contra o telhado de vidro do átrio enquanto Christian e eu nos sentávamos em uma mesa de metal preto escondida no canto da praça de alimentação do campus de Callingwood, terminando o último de nossos burritos. Não tínhamos planejado nos ver hoje, e eu tinha planejado trabalhar em algumas tarefas durante meu intervalo, enquanto Christian fazia sua rotina habitual de pré-jogo depois da última aula da tarde. Mais tarde, hoje à noite, estaríamos em dois estádios diferentes para dois jogos diferentes.

Mas, quando um dos professores de Christian ficou doente de última hora, ele me mandou uma mensagem para almoçarmos juntos, e todas as outras coisas foram jogadas pela janela. A finalização da matéria sobre o Coro Sinfônico de Callingwood para a edição de fim de semana do jornal teria de esperar, porque a atração de passar um tempo com ele era atraente demais.

Lá se vai a autodisciplina que eu me orgulhava de ter.

Virei-me para encarar Christian, observando a maneira adoravelmente desajeitada com que ele tentava encaixar sua estrutura enorme na cadeira presa à pequena mesa. Suas pernas eram longas demais, o que o forçava a dobrar os joelhos em um ângulo desajeitado.

— O mundo não foi feito para pessoas do seu tamanho, não é?

Christian olhou para baixo, para suas pernas vestidas com jeans azul, com os lábios puxados para cima. 

— Não. — Ele acenou com a cabeça para mim. — É por isso que gosto do fato de você ser alta também. Você sabe o que é se sentir acima de todos os outros.

— Eu me sinto mal por você ter vindo até aqui para me ver e ter que dar meia-volta e voltar logo em seguida.

Ele jogou o braço ao longo do encosto da minha cadeira, com os dedos roçando a parte superior das minhas costas. 

— O que mais eu poderia fazer com minha tarde livre de sexta-feira? Estudar? Sozinho?

— Bem, sim. — Eu ri, dando a última mordida em meu arroz com coentro e limão. — Isso provavelmente seria uma boa ideia. E quanto à sua rotina de cochilos antes do jogo?

— Por que eu iria querer dormir quando posso ficar com você aqui?

Apontei para ele com meu garfo. — Você nem sequer vem aqui.

— E daí? — Christian deu de ombros. — Ainda sou um estudante.

É justo. E, pelo menos, ele estava usando um moletom preto com zíper em vez de seu equipamento escarlate habitual dos Falcons. O pássaro carmesim era proibido por essas bandas.

— Tudo bem, mas assim que terminarmos de comer, temos que estudar de fato. — Tentei - e não consegui - manter a cara séria, meu tom severo. — E por nós, quero dizer você. Estudar. Não flertar comigo do outro lado da mesa.

— Que tal os dois? — Ele me deu um sorriso brincalhão. — Você sabe, um encontro.

Impossivelmente charmoso e impossível de recusar.

— Qualquer coisa que o mantenha estudando e fora da liberdade condicional.

— Quero que saiba que estou tirando B+ direto neste semestre. — Ele tomou um gole de sua água mineral, lançando-me um olhar inocente que quase acreditei. — Tenho sido um anjo perfeito.

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