Capítulo 24

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Anastasia

Eu estava tendo um dia fantástico. Primeiro, convenci meu instrutor de astronomia a permitir que eu trocasse extraoficialmente o horário das aulas, alegando conflitos imprevistos (e inexistentes) com o jornal da escola. Eu ainda teria de fazer o exame final com minha turma atual - incluindo Jack -, mas o professor Walsh concordou em me deixar assistir às aulas de quinta-feira de manhã. Eu praticamente saí dançando de seu escritório. Foi como se um meteoro gigantesco tivesse sido tirado de meus ombros.

Em seguida, Susana levou Mia e eu para o nosso restaurante favorito

fora do campus para saborear saladas picadas do tamanho de nossas cabeças, muito caras, mas deliciosas.

— Você não precisava me pagar o almoço. — eu disse a Mia, e estava falando sério. Era difícil justificar as saladas de 15 dólares, mas a minha gigantesca Caesar de frango era o paraíso em uma tigela. De alguma forma, as saladas sempre ficavam mais gostosas quando eram feitas por outra pessoa.

Ela deu de ombros, dando uma mordida em sua salada de macarrão tailandês picante. 

— É o mínimo que eu poderia fazer depois que você concordou em cobrir o jogo de vôlei amanhã à noite em cima da hora. De novo.

— Não me importo.

Tecnicamente, eu tinha planos com Christian. Ele me convidou para o aniversário de Tyler, mas entendeu quando eu disse que chegaria tarde. Era um jogo cedo, pelo menos, então não seria uma noite muito longa.

— Você sabe que eu teria feito uma pela equipe se pudesse. — disse ela. — Mas ninguém quer ler um artigo sobre esportes escrito por mim. Meu conhecimento começa e termina com o fato de que a bola passa por cima da rede.

Eu ri. — Não tem problema. Você tem um encontro amanhã à noite, não é mesmo? Como estão as coisas com o Caleb?

Caleb era o seu par do Tinder da semana passada, um veterinário um pouco mais velho com uma filha de três anos. Diferente de seu tipo habitual, mas talvez isso fosse uma coisa boa. Normalmente, Mia gravitava em torno de garotos maus, com resultados ruins como consequência.

— Incrível. — Os olhos de Mia brilharam. Eu nunca a tinha visto tão entusiasmada com alguém.

— É o terceiro encontro deles. — disse Susana em uma voz cantada. — Alguém vai ter sorte.

Mia corou, o que foi a primeira vez que eu a vi ficar envergonhada. 

— Bem, talvez. Estamos indo devagar.

Eu não tinha certeza se poderia ser muito mais lento do que Christian e eu, que ainda não tínhamos estabelecido nossas intenções. Eu tinha certeza de que ele quase me beijou no outro dia, mas agora eu estava duvidando de mim mesma. Talvez ele realmente me visse apenas como uma amiga, e o flerte fosse por diversão. Às vezes, era difícil saber.

Ugh.

Esse limbo em que nos encontrávamos era ao mesmo tempo estimulante e exaustivo.

— Vou usar protetores auriculares hoje à noite, se for o caso. — disse Susana.

As bochechas de Mia ficaram ainda mais vermelhas. 

— Não é minha culpa que as paredes sejam finas.

— Por falar nisso... — eu disse. — Isso pode parecer um pouco estranho, mas vocês já pensaram em como será a moradia no próximo ano?

Uma rajada de vento da porta aberta soprou, esfriando todas nós. Puxei meu cachecol xadrez, desejando que tivéssemos pegado uma mesa mais próxima do fundo.

— Na verdade, não. — Susana balançou a cabeça. — Isso ainda está muito longe. Depende do que acontecer com o nosso aluguel, eu acho. No ano passado, nosso locador aumentou o aluguel em 10%, portanto, se ele fizer isso novamente, talvez procuremos outra coisa. O que há?

Engoli um pedaço de comida. — Eu estava pensando se você não gostaria de ter um três quartos.

— Isso seria incrível. — disse Susana. — Nós nos divertiríamos muito.

Mia tomou um gole de chá gelado, balançando a cabeça. Ela pousou o copo enquanto uma carranca confusa cruzava seu rosto. — Mas espere. Por que você não quer ficar com a Leila e a Gia?

— Uh... Nós não estamos nos dando bem ultimamente.

— Sério? — Susana franziu a testa. — O que está acontecendo?

— O que não está? — Eu bufei. — Todo mundo me odeia por causa de Jack. E estão usando Christian como desculpa, já que ele é supostamente o inimigo número um.

— Isso não faz sentido. Jack terminou com você. E você é uma pessoa livre. — Mia deu uma facada agressiva em sua salada de macarrão.

— Elas não pensam assim. — eu disse. — E é tão desconfortável que nem quero mais ficar lá. Se eu pudesse pagar um lugar por conta própria, eu estaria fora amanhã.

Susana estremeceu. — Isso é uma droga, Ana. Sinto muito. Não sei por que eles seriam tão ruins.

— Jack é o líder, eu acho. O que ele diz vale.

— Mas e quanto ao seu irmão? — perguntou Mia. — Ele não defende você?

Suspirei. — Não... Essa é uma história completamente diferente.

Definitivamente, não queria entrar nesse assunto agora. Ou nunca. Eu ainda esperava que Sawyer caísse em si e terminasse tudo com Gia. No momento, eu não conseguia olhar nenhum dos dois nos olhos.

— De qualquer forma. — eu disse. — Se vocês souberem de alguém que precise de uma colega de quarto, me avise. Eu realmente consideraria a possibilidade. É muito difícil ficar lá em casa.

Susana sorriu. — Ainda bem que você tem Christian para distraí-la.

Agora foi minha vez de corar. 

— Somos apenas amigos.


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