Capítulo 11

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Anastasia

A tarde de sábado chegou sem que eu percebesse, atingindo-me em cheio. Tentei desistir de ir à revanche das três horas da tarde no rinque em casa contra os Falcons. Tentei mesmo, de verdade. Não queria ver Jack e também não tinha certeza se conseguiria encarar Christian depois do último fim de semana. Infelizmente, apesar de meus melhores esforços, Sawyer me convenceu a ir. Como sempre.

— Não acho que seja uma boa ideia. — eu disse a ele.

— Você tem que vir. — disse ele. — Você dá boa sorte, Ana. Sem pressão.

Por que, se eu era tão sortuda, os Bulldogs haviam perdido os três últimos jogos a que assisti? Guardei essa pergunta para mim mesma, não querendo mexer com a cabeça de Sawyer antes do jogo.

Pateticamente, eu não tinha nenhum outro plano. Se eu não fosse, estaria lavando roupa ou sentada no meu quarto navegando na Netflix. Assistir ao meu irmão jogar por algumas horas não era pedir muito. Eu fingiria que estava no primeiro ano de novo - antes de Jack e eu nos conhecermos.

Eu queria que fosse.

Dessa vez, pelo menos, eu me soltaria logo em seguida para evitar o constrangimento. Começaria com isso e, depois, talvez pudesse ir embora cada vez mais cedo no decorrer da temporada, até que, por fim, não viesse mais. Se eu fosse aos poucos, talvez Sawyer não percebesse ou não se importasse tanto.

Ou talvez as coisas ficassem magicamente menos incômodas com Jack.

Mas provavelmente não.

***

Dizer que nossa temporada estava tendo um início difícil seria um eufemismo. No início do terceiro período, os Falcons estavam liderando novamente com um placar de quatro a dois. Não era ótimo, mas pelo menos estávamos no placar.

Elliot roubou o disco de Paul, voando para nossa zona final como um raio. Ele se esquivou dos esforços defensivos de Sawyer, deixando-o na poeira, e passou para Grey, que estava perfeitamente posicionado, como sempre. O cara tinha o QI de um gênio no hóquei. Era irritante.

Grey mergulhou no gelo como uma máquina e foi para a rede antes que alguém pudesse chegar perto dele. Ele se preparou e acertou o canto inferior esquerdo com um chute certeiro de pulso, levantando o bastão em sinal de vitória quando o disco entrou.

Foi uma bela jogada, executada tão rapidamente que Mendez não teve a menor chance de pará-la. E como o terceiro gol de Grey na noite, foi também um hat trick. Os torcedores do Falcons na multidão foram à loucura, assobiando e gritando seu nome. Os gritos de 'dezenove' ecoavam pela arena enquanto os Falcons no banco de reservas o cumprimentavam com os punhos e batiam no capacete.

Ugh.

Tanto Grey quanto Ward estavam em chamas esta noite. Nossa equipe, nem tanto. Mas um placar de cinco a dois faltando quinze minutos significava que ainda tínhamos uma chance de lutar - em teoria. Os jogos podiam mudar em um piscar de olhos. Se tudo estivesse em ordem, era mais do que possível marcar dois gols consecutivos no espaço de um ou dois minutos. Então, bastaria mais um gol para empatar o jogo.

Tudo se resumiu em saber se os Bulldogs permaneceriam concentrados ou se deixariam que o quinto gol os abalasse. Infelizmente, eu tinha a sensação de que seria a segunda opção.

— Droga.  — Leila gemeu, cobrindo o rosto. Suas unhas vermelhas e alegres escondiam sua expressão angustiada. — O placar está indo para o lado errado.

— Ainda é melhor do que na semana passada. — eu disse.

Christian voltou ao gelo para mais um turno. Nossos olhares se cruzaram, e um choque elétrico percorreu meu corpo. Arrepios surgiram em meus braços por baixo da minha parka preta e fofa. Ele me lançou um sorriso arrogante e lindo de morrer e piscou antes de patinar para o outro lado.

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