Rivais

Capítulo 70

Anastasia

Desviei o olhar do artigo em que estava trabalhando, verificando a hora no canto inferior da tela do laptop. Christian estava mais de meia hora atrasado. Não era normal que ele não enviasse uma mensagem de texto para me avisar, mas ele estava agindo de forma estranha nos últimos dois dias. Distante e desanimado, não era como de costume. Também não estava enviando mensagens sensuais ou de flerte, que normalmente trocávamos várias vezes por dia.

Quando lhe enviei uma mensagem de texto para perguntar o que estava acontecendo, ele me ignorou completamente. Eu só podia supor que ele estava remoendo a suspensão de três jogos. Na época, ele pareceu não se importar, mas percebi que o fato de ter sido suspenso o incomodava muito. Especialmente quando eles haviam perdido o último jogo em uma derrota brutal.

Ainda assim, não conseguia deixar de sentir que algo mais estava acontecendo.

O desconforto se instalou em minhas entranhas e voltei minha atenção para o artigo sobre a feira de arte da escola. Ao lado da minha mesa, meu celular vibrou e recebeu uma nova mensagem.

999-855-5955: Onde seu namorado estava hoje à tarde?

Anastasia: Mudei meu número por um motivo, Jack.

999-855-5955: Acho que você ficará feliz por eu tê-lo encontrado.

Em seguida, veio uma foto anexada. O medo se instalou quando arrastei os dedos pela tela, aumentando o zoom. Era Christian na varanda de uma casa verde.

A porta estava aberta, e Kristen estava de pé na entrada.

Não.

Uma forma familiar de agonia se instalou: a traição. Assim como aconteceu com Jack. Saber disso por ele foi mais do que irônico, como se tudo estivesse fechando o círculo. Minha mente recuou, procurando freneticamente por uma explicação razoável. Talvez a foto fosse antiga, de antes. Mas então por que Jack a teria?

De dentro do meu quarto, ouvi Kate abrir a porta e deixar Christian entrar. Quando ele cruzou a porta do meu quarto, sua postura era rígida e seus olhos estavam assombrados. Ele até parecia culpado.

— Oi. — Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans, encostando-se no batente da porta.

Mais alarmes soaram em minha cabeça quando ele não se aproximou e não me deu um abraço ou um beijo.

— Onde você estava? — Eu estava muito chateada para ser estratégica sobre como abordar o que estava acontecendo, e o comportamento indiferente dele só estava me deixando ainda mais em pânico.

— Treino. — disse ele. — Olhe, nós precisamos...

Meu coração afundou. 

Primeiro golpe. Ele mentiu.

Eu o interrompi, lançando-lhe um olhar incisivo. 

— Tem certeza disso?

— O que você quer dizer com isso? — Christian franziu a testa, mas a culpa estava em seus olhos.

— Você fez alguma outra parada no caminho?

Por favor, diga-me a verdade. Por favor, confesse isso.

— Tive que fazer algumas coisas, sim.

Empurrando a cadeira da escrivaninha para trás, fiquei de pé, observando seu rosto com atenção. Minha pulsação acelerou. 

— Kristen era uma delas?

Christian interrompeu o contato visual e olhou para o chão, balançando a cabeça. Quase inaudivelmente, ele murmurou: — É claro.