Rivais

Capítulo 3

Christian

Nosso ritual pré-jogo para os jogos em casa era sagrado. Treino de patinação na Northridge Arena, cochilo em casa, refeição no Ironwood Grill, depois voltava para o rinque bem cedo para aquecer e dar umas tacadas. Repetir, repetir, repetir.

Não é que fôssemos supersticiosos, mas o desvio dessa sequência específica de eventos tendia a resultar em perdas.

Ok, talvez fôssemos um pouco supersticiosos.

As apostas eram especialmente altas esta noite porque estávamos jogando contra nossos rivais, os Callingwood Bulldogs. Eu não suportava o time, especialmente o capitão, e não via a hora de acabar com eles.

— Dia de jogo, vadias. — Nosso goleiro, Tyler, se espreguiçou, cruzando os braços atrás da cabeça. Seus bíceps fortemente tatuados se flexionaram, com uma manga cheia de tinta descendo até ao antebraço esquerdo.

— É melhor você estar pronto.

Eu bufei. — Quem disse isso foi o cara que ficava perdendo discos nos treinos. Já vi cupons que economizam mais do que você.

— Nenhum dos seus conseguiu passar, então o que isso quer dizer?

Embora a ala esquerda fosse tecnicamente uma posição ofensiva, marcar gols não era meu objetivo principal - pelo menos, não no gelo. Minhas áreas de especialização eram lutar pelo disco, ser forte nas tabelas e matar penalidades. E, é claro, antagonizar o outro lado para mexer com a cabeça deles e fazer com que cometessem pênaltis, o que eu achava imensamente gratificante.

Também participei ocasionalmente de um scrum. Ok, isso acontecia com bastante frequência.

— A propósito. — disse Elliot, ignorando nossos comentários. — Vamos atacar a XS hoje à noite. Incluindo você. — Ele apontou para mim com o garfo.

— Que diabos é XS? — perguntei, fazendo-me de bobo. — Um tamanho de camiseta? Vou precisar de pelo menos um tamanho grande, cara.

Ele me lançou um olhar severo. — Uma nova boate. Abriu no último fim de semana. Supõe-se que esteja cheio de garotas gostosas.

É claro que eu já conhecia sua perspectiva.

Elliot era o garoto bonito do time - o capitão do time totalmente americano; Tyler era o goleiro bad boy tatuado; e, bem, eu era o agitador babaca. Éramos colegas de quarto, companheiros de equipe e formávamos um trio bastante imparável quando se tratava de conquistar garotas.

Mas as casas noturnas eram muito chatas. Eu poderia fazer a mesma coisa em casa com uma luz estroboscópica e bebidas diluídas. Também economizaria o pagamento da cobertura e da carona.

E no que diz respeito às mulheres, eu já tinha números suficientes para iniciar meu próprio serviço Dickdash.

Peguei o taco de frango do meu prato. — Tenho uma ideia melhor.

— O que é isso? — Elliot olhou para cima de seu prato de fettuccini alfredo, com as sobrancelhas erguidas.

— Poderíamos fazer literalmente qualquer coisa diferente disso.

Por que eles se deram ao trabalho de tentar me convencer disso? Todos nós sabíamos que eu era teimoso. Era impossível me forçar a fazer qualquer coisa que eu não quisesse. O treinador Miller podia atestar esse fato.

Tyler se recostou em sua cadeira. — Desde quando você é tão desmancha-prazeres? Achei que estaria por dentro de tudo isso.

— Desmancha-prazeres. — era a última palavra que alguém usaria para me descrever. Nunca recusei uma chance de transar, foder ou me meter em confusão. Mas não em uma maldita boate. Eu escolheria literalmente qualquer outra maneira de relaxar depois de um jogo físico e mentalmente desgastante.