Capítulo 57

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Anastasia

No caminho para casa, algumas horas depois, eu me encolhi contra a porta do passageiro, com as pálpebras pesadas pelo sono que se aproximava. Mas isso não impediu Christian de me questionar sobre meu encontro com Jack.

Enquanto dirigíamos, as luzes da rua lançavam sombras no perfil de Christian. Relutantemente, contei a ele toda a história, inclusive a parte em que Jack me chamou de vadia. Quanto mais eu falava, mais o rosto dele se encobria de raiva. Não apenas raiva, mas fúria. Seu aperto no volante ficou cada vez mais forte, e as veias de seu pescoço se tensionaram na mesma proporção.

— Então ele foi embora. — concluí.

— Filho da puta! — Christian bateu no volante com a palma da mão aberta. — Vou quebrar o  pescoço dele como um galho.

Ele respirou fundo e soltou um rosnado baixo. — Talvez quebre suas pernas primeiro.
— murmurou, balançando a cabeça. — Ou seus dedos. Um de cada vez. Arranque alguns dentes com um alicate também.

Depois de seu ataque verbal, ele ficou em silêncio por alguns instantes. Dei uma olhada para ele, mas não sabia o que dizer. Ele estava com a rédea muito curta, especialmente porque estava dirigindo um veículo motorizado. Não era que ele estivesse descontrolado. Era exatamente o contrário. Uma calma estranha e excessivamente silenciosa havia se instalado sobre ele. Do tipo que significava que algo letal estava se formando sob a superfície.

— Espero que saiba que não estou bravo com você. — disse Christian calmamente. — Apenas com ele e com o que ele fez.

— Eu sei. — Mas parte de mim se sentiu estranhamente culpada por ele estar tão chateado.

— Ele lhe enviou alguma mensagem desde que eu escrevi para ele do seu telefone? — Seu tom era estranhamente uniforme. — Eu preciso da verdade.

— Não. — As ameaças de Christian tendiam a afastar Jack temporariamente. Mas nunca ficavam por muito tempo.

— Tem certeza?

— Juro. Posso lhe mostrar se quiser.

— Você precisa bloqueá-lo, Ana.

— Boa escolha. — Bocejei. — Vou fazer isso agora que me mudei.

Christian acrescentou: — Melhor ainda, mude seu número para que ele não possa entrar em contato com você pelo telefone de outra pessoa. E, pelo amor de Deus, não vá mais aos jogos sozinha. Por favor.

— Combinado. Em ambos os aspectos.

Conseguir um novo número seria um incômodo, e foi por isso que eu resisti no início, mas Christian estava certo - Jack não hesitaria em usar o telefone de outras pessoas para entrar em contato comigo. Eu sabia disso por experiência própria. Valia a pena o incômodo de ter um novo número.

A questão do jogo poderia ser mais complicada, mas eu faria com que funcionasse de alguma forma. Eu também não estava ansiosa para viver uma repetição do que Jack fez.

Christian entrou na rampa de entrada da rodovia. Depois de checar o acostamento, ele entrou na faixa do meio. Fechei os olhos, aconchegando-me em um moletom preto que eu havia pegado do banco de trás e dobrado em um travesseiro improvisado. Tinha o cheiro dele. Provavelmente, ele não o receberia de volta. Desculpe, Grey.

Mais alguns segundos de silêncio se passaram e, em seguida, ele inspirou com força.

— Sinto muito, não consigo superar isso. Por que diabos você não me ligou? E se ele tivesse machucado você?

— Alguns motivos. — eu disse, com os olhos ainda fechados.

— Como...

— Acho que parte de mim sente que a culpa é minha.

Minha culpa por ter saído com Jack em primeiro lugar; minha culpa por não ter lidado com ele corretamente e tê-lo provocado; minha culpa por ter ido ao jogo de hóquei sozinha.

— Steele. — Sua voz se suavizou. — Isso não é nem um pouco verdade.

— Como não é?

— Você não é responsável por nada que esse desgraçado faça.

Não foi o que pareceu.

— Isso e eu não quero que você se meta em problemas. — eu disse.

— Um dia desses, vou ter que cumprir minhas ameaças a ele ou elas não terão significado algum.

— Você pode limitar a agressão a ele quando estiver no gelo para não ir para a cadeia?

— Confie em mim quando digo que estou me esforçando muito, muito mesmo para fazer isso. Estou contando os dias até que eu possa demoli-lo.— disse ele. — Mas se ele fizer algo como aquela cena do carro novamente, ele sairá em um saco para cadáveres.

— Christian. — Eu gemi.

— Não se preocupe. — disse ele. — Posso pagar um advogado de primeira linha. Chame isso de legítima defesa ou algo assim, tanto faz.

Ele fez uma pausa. — Ou talvez eu deva contratar um assassino. Seria um dinheiro bem gasto.

Eu não sabia dizer se ele estava falando sério.

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