Beatriz estava em casa, imersa em um silêncio que era quase reconfortante. Lucas e Roberto tinham ido ao centro, e ela se encontrava sozinha, deslizando despretensiosamente pelo chão de madeira da sala, suas meias a fazendo escorregar levemente a cada passo. A solidão não a incomodava tanto quanto antes; na verdade, havia um certo alívio em estar longe das complicações e conflitos que um dia dominaram sua vida.
Decidida a preparar algo para comer, ela se dirigiu à cozinha. Mas, enquanto caminhava, seus pés deslizaram em uma parte do chão mais polida, e ela, desatenta, tropeçou em uma madeira solta. “merda!” exclamou em um murmúrio, equilibrando-se instintivamente. Ao olhar para baixo, percebeu que a madeira estava malfixada, e, com um misto de curiosidade e frustração, decidiu verificar o que havia ali.
Ajoelhando-se, Beatriz afastou a madeira com cuidado e encontrou um pequeno buraco. Sem saber bem o que esperar, uma sensação de apreensão tomou conta dela. Hesitante, estendeu a mão e, com um gesto rápido, enfiou-a no buraco. O que quer que fosse, parecia ter uma textura metálica e um formato incomum.
Ela puxou a mão de volta, segurando algo que brilhava levemente sob a luz da cozinha. Era uma arma, uma pistola nova. O coração de Beatriz disparou ao reconhecê-la. Uma mistura de emoções a invadiu: medo, confusão e uma certa adrenalina.
Beatriz girou a arma em suas mãos, observando os detalhes, os riscos na superfície que contavam histórias de um passado que ela preferia esquecer. Pensou em Radinho, na vida que levava, e como a violência parecia ter sido uma constante em sua antiga realidade. Não conseguia entender como algo assim havia ido parar em sua casa. O que significava aquilo? Ela deveria entregar a arma a alguém? Descartá-la?
A mente dela girava em torno das possibilidades. Seria uma oportunidade de se proteger? Ou seria um risco que a puxaria de volta a um mundo que estava tentando deixar para trás? Em um momento de desespero ou determinação, Beatriz decidiu que, independentemente do que essa descoberta significasse, não poderia permitir que o medo a dominasse novamente.
Segurando a arma firme em suas mãos, ela se levantou, sentindo uma nova coragem pulsando dentro dela. A solidão não a consumiria, e ela não deixaria que o passado a definisse.
Beatriz olhou mais uma vez para o buraco na madeira, e seu coração disparou quando notou algo mais ali. Um brilho metálico se destacava na escuridão do espaço. Com um misto de curiosidade e apreensão, ela suspirou fundo, ajoelhou-se novamente e começou a explorar mais. Ao tocar no que parecia ser um envelope, uma onda de adrenalina a percorreu.
Com as mãos trêmulas, ela puxou o envelope para fora, observando-o com um misto de alívio e horror. Estava cheio de dinheiro, notas dobradas e amassadas que provavelmente estavam ali por um bom tempo. Beatriz encarou o envelope, sentindo a raiva crescer dentro dela. Ela sabia que Roberto, seu pai, estava envolvido em negócios obscuros, e aquilo era uma prova de que as coisas não mudaram. Ele ainda estava se envolvendo com o crime, colocando a família em risco mais uma vez.
Com um suspiro pesado, ela se levantou, segurando o envelope e a arma. A mistura de dinheiro e uma arma a fez perceber a profundidade da situação. A raiva que sentia por Roberto e Lucas se intensificava a cada segundo que passava. Ela não podia permitir que essa situação se arrastasse mais. Sabia que precisava fazer algo, mas a pergunta era: o que?
Sentindo-se tomada pela indignação, Beatriz decidiu que precisava esconder o que encontrou. Ela pegou a madeira e a colocou de volta no lugar, cobrindo o buraco como se nada tivesse acontecido, mas a mente dela estava a mil por hora, pensando nas consequências e em como isso afetaria sua vida.
Caminhando rapidamente até o quarto, ela se ajoelhou ao lado da cama e retirou a arma de dentro de uma caixa de sapatos. A sensação fria do metal a fez hesitar por um momento, mas a necessidade de se sentir no controle era mais forte. Ela conferiu se a arma estava carregada, e, para seu alívio e um pouco de inquietação, estava. Agora, ela tinha um meio de se proteger, mas o que isso significava para ela e suas decisões futuras?
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IMPUROS-Radinho
FanficAs vezes mudar e foda. mas sempre tem seus pontos positivos e principalmente pontos negativos.