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Radinho caminhava lentamente até a mesa da sala de visitas. O ambiente era abafado, e o som de passos ecoava pelo chão de cimento. Ele olhou para a mulher sentada à sua frente. De primeira, não a reconheceu. Era jovem, de cabelo preso e vestindo um terno. Ela o olhou fixamente, como se já soubesse exatamente quem ele era.

Assim que Radinho se sentou, ela se inclinou levemente para frente, e sem hesitar, se apresentou:

— Juliana.

Radinho manteve a expressão fechada, desconfiado.

— E eu deveria saber quem você é? — respondeu ele, seco.

A policial de guarda na sala parecia desinteressada, apenas observando de longe. Juliana, aproveitando o momento, se inclinou ainda mais, e sussurrou rápido:

— Evandro mandou eu vir aqui.

O nome foi como uma bomba. Radinho tentou disfarçar o impacto, ajustando a postura, mas seus olhos o entregaram. Juliana continuou, mantendo o tom baixo:

— Hoje à noite vai ter um apagão na prisão. Vamos infiltrar uns garotos do comando. Eles vão chegar até você. Quando o apagão acontecer, vai ter que sair pelos fundos. Tem um carro te esperando a duas ruas depois da delegacia.

Radinho olhou ao redor, verificando se alguém mais poderia ouvir, e voltou a encarar Juliana.

— Tu tem certeza disso? — perguntou ele, a voz quase inaudível.

Ela sorriu de leve, o suficiente para parecer tranquila, mas o olhar dela era firme.

— Claro que sim.

Depois disso, ela começou a mudar de assunto de maneira súbita e teatral, como se estivesse fazendo uma visita casual. Começou a falar sobre maneiras dele ser solto dali, enquanto Radinho apenas ouvia, tentando assimilar as informações e esconder sua agitação.

Quando a visita terminou, Juliana se levantou e deu um leve sorriso antes de sair. Radinho ficou parado ali por um momento, processando o que havia acabado de ouvir. Apagão. Fundo da prisão. Carro. Duas ruas depois da delegacia. Ele repetia as instruções mentalmente, sabendo que cada detalhe poderia ser a diferença entre liberdade ou uma armadilha mortal.

Ao ser escoltado de volta para sua cela, sua mente trabalhava a mil por hora. O plano parecia arriscado, talvez até suicida, mas se havia uma chance de sair dali, ele sabia que precisaria tentar.

Radinho estava sentado no canto da cela, o olhar perdido no teto, enquanto tentava engolir a ansiedade que crescia no peito. A sensação de espera o corroía, cada minuto parecia uma eternidade. Ele sabia que algo grande estava prestes a acontecer, mas não conseguia prever o que seria. O silêncio da prisão era denso, até que, no meio da noite, as luzes de todo o prédio se apagaram, mergulhando tudo em uma escuridão completa. O apagão veio acompanhado de um silêncio ainda mais opressivo, como se o próprio tempo tivesse parado.

Radinho ficou imóvel por alguns segundos, tentando ajustar os olhos à escuridão. Ele sabia que qualquer movimento precipitado poderia chamar a atenção errada. Então, ele apenas ficou ali, atento aos sons ao seu redor. Não demorou muito até que gritos começaram a ecoar pelos corredores. Gritos de briga, passos correndo e o som de algo metálico caindo no chão ressoavam pela prisão. Ele fechou os olhos por um momento, respirando fundo, tentando entender o que estava acontecendo do lado de fora.

A adrenalina começou a correr por suas veias. "Será que é isso? Será que finalmente chegou a hora?", pensou. Ele se levantou lentamente. Nada fazia muito sentido. O som de uma luta intensa ecoava pelos corredores, misturado com o barulho de chaves e algo que parecia uma arma sendo disparada.

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