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O abraço deles foi longo e reconfortante. Radinho a apertava com força, como se não quisesse soltar, e Beatriz, por mais que ainda estivesse perdida em seus próprios dilemas, se entregava a esse momento de conforto. Eles passaram a tarde inteira assim, no silêncio que só a companhia verdadeira poderia oferecer, sem pressa, sem cobranças.

No final da tarde, o telefone de Beatriz tocou. Era Wilbeth. Ela sabia que precisava atender e que, de algum modo, a sua vida ainda a puxava de volta para o seu novo destino, mais uma vez colocando um ponto de interrogação em sua liberdade. Ela olhou para Radinho, que estava ali, tão presente e ao mesmo tempo tão distante de tudo o que acontecia fora daquele abraço.

Beatriz suspirou, beijou Radinho de forma suave e disse que precisava ir. Ele apenas a observou em silêncio, com o coração apertado, sem palavras, sabendo que algo estava para mudar. Ela saiu para a casa de Wilbeth, não sabendo ainda o que o futuro reservava, mas com um peso no peito e uma sensação de estar dividida entre duas realidades.

Respirando fundo, ela entrou na casa com passos pesados, tentando ignorar o incômodo que se passava. Apenas olhou para wilbeth, que a observava com um sorriso leve, quase como se a situação fosse natural.

Beatriz olhou para a mesa, tentando afastar a sensação de desconforto. Ela estava cansada e queria um pouco de paz, mas, no fundo, sabia que algo estava acontecendo ali, algo que não conseguia entender direito.

Beatriz se sentia exausta, emocional e fisicamente. Ela não conseguia mais se concentrar no que estava à sua volta. Ela havia passado por tantos altos e baixos, que o simples ato de tentar se conectar com o presente parecia impossível.

Deixava o olhar curioso de Wilbeth e caminhou mancando para o quarto. A dor que sentia não era apenas no corpo, mas na alma. Sentia-se fraca, como se o peso dos acontecimentos tivesse consumido sua energia vital. A cada passo, as lembranças de Lucas, de sua decisão, e de tudo o que se desenrolara na sua vida nos últimos tempos, a assombravam. Seu coração apertava a cada pensamento, e ela sentia como se estivesse num turbilhão sem fim, sem saber se um dia conseguiria sair dele.

Assim que entrou no quarto, Beatriz se jogou na cama, abraçando o travesseiro como se ele fosse a única coisa que a segurava no mundo. Suas lágrimas começaram a cair, silenciosas e pesadas, enquanto ela olhava para o teto, perdida em seus próprios sentimentos conflitantes. Ela queria acreditar que estava fazendo o certo, que estava indo para o lugar certo, mas nada parecia certo. A confusão só aumentava.

Ela pensava em Radinho, em tudo o que ele havia se tornado, em como ele estava se afundando em um abismo que ela não sabia como evitar. E ainda assim, seu coração ainda doía por Lucas, por tudo o que havia sido destruído.

Ela fechou os olhos, tentando se afastar dos pensamentos que a consumiam, mas logo uma voz familiar a trouxe de volta à realidade. "Beatriz?", ouviu Wilbeth chamar de longe, mas ela não tinha forças para responder. Ela sabia que ele estava preocupado, mas não conseguia encarar mais ninguém, nem sequer a si mesma. A angústia a sufocava. Ela suspirou, desejando poder desaparecer por um momento, apenas para escapar da dor e da culpa.

O quarto se tornou seu refúgio, mas também a sua prisão, um lugar onde ela estava sozinha com seus pensamentos e medos. Ela não sabia como seguir em frente, mas sabia que algo precisava mudar. E talvez, só talvez, o caminho seria dar um passo de cada vez, mesmo que não soubesse para onde esse caminho a levaria.

Beatriz se sentava na cama, encarando a parede, com a cabeça cheia de pensamentos conflitantes. A tensão na sala era palpável, e o silêncio entre ela e Wilbeth se estendia por alguns momentos. Ele observava, tentando entender o que estava acontecendo com ela, mas ela simplesmente não conseguia se abrir.

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