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Beatriz corria com o grupo, sentindo o coração martelar dentro do peito a cada passo pelas vielas estreitas e sufocantes do Dendê. As ruas pareciam mais perigosas do que nunca, e o som de tiros ecoava ao longe, misturando-se ao grito abafado das pessoas. Ela era a última no grupo, sua mente dividida entre o que poderia acontecer e a preocupação crescente por Wilbeth e Radinho.

Quando o grupo dobrava uma esquina apertada,

armados. Tudo aconteceu rápido demais: os homens de
depararam-se com Roberto e um punhado de homens Roberto ergueram as armas e abriram fogo sem hesitar, derrubando instantaneamente os companheiros de Beatriz. O sangue tingiu as vielas, e ela ficou congelada por um instante, os olhos arregalados enquanto sua mente tentava processar o horror diante dela.

Quando um dos homens ergueu a arma em sua direção, Roberto levantou a mão, sua voz autoritária cortando o caos:

-Não! Ela vem comigo.

Beatriz tentou recuar, mas sentiu mãos firmes a segurando pelos braços, imobilizando-a. Sua respiração estava descontrolada, e o olhar dela se fixou nos corpos inertes de seus aliados no chão.

-Você tem sorte de estar comigo, garota - Roberto disse, aproximando-se dela com um olhar avaliador. - Eu avisei Wilbeth que ia buscar o que era meu, mas parece que ele não quis ouvir.

Ela tentou se soltar, mas a força dos homens a segurando era esmagadora. Beatriz cuspia palavras de raiva, mas no fundo, estava tomada por um medo paralisante. Roberto apenas sorria, inclinando a cabeça.

-Vamos conversar, Beatriz. E quem sabe, você pode até sair viva dessa história.
Beatriz sentia o pânico tomar conta de cada célula do seu corpo enquanto Roberto a puxava para um abraço forçado. 0 cheiro de cigarro e suor dele era sufocante, e ela lutava desesperadamente para se soltar. Suas mãos batiam contra o peito dele, e os gritos de "Me solta, desgraçado!" ecoavam pelas vielas desertas. Mas Roberto não cedia.

-Beatriz, você vai entender. - Ele disse com uma calma assustadora, como se a carnificina ao redor não significasse nada. - Você é a minha filha...eu sou seu pai,e você vai voltar comigo.

Ela tremia, lágrimas começando a escorrer enquanto sua voz falhava. 

-Você matou eles! - gritou, olhando para os corpos caídos dos seus companheiros. - Seu monstro!

Roberto inclinou a cabeça, ainda a segurando firme.

-Eles eram apenas idiotas, garota. Eu já fiz muito pior para proteger o que é meu. Agora, para de espernear. Você não está entendendo o quanto eu posso te proteger.

-Proteger?! - Beatriz se contorcia, mas os braços dele eram como barras de aço ao redor dela. - Você acha que é algum tipo de herói? Você destrói vidas, destrói famílias!

Roberto deu uma risada seca, apertando o rosto dela entre as mãos para forçá-la a olhá-lo nos olhos.

-Olha quem fala de destruir famílias... A garota que esfaqueou o namorado sete vezes e mentiu para a polícia.

Beatriz olhou para Roberto com puro ódio, o corpo ainda tremendo pela adrenalina e pelo medo. Suas lágrimas pararam de cair enquanto um sentimento de revolta crescia dentro dela, transformando a angústia em palavras cortantes. Ela forçou sua cabeça para longe do aperto dele, arregalando os olhos enquanto dizia com a voz carregada de veneno:

— Você é só um covarde! Um viciado que perdeu tudo porque não conseguiu segurar o próprio rabo! Agora quer jogar de poderoso?  A única coisa que você sabe é como afundar mais fundo na merda!

Roberto endureceu o rosto, mas seu aperto não afrouxou. A calma que exibia até então começava a rachar. Beatriz viu isso e continuou, a voz saindo mais firme, mais afiada:

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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