O Plano e A Execução.

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Sara estava sozinha na casa, imersa em seus próprios pensamentos. Cada minuto parecia mais pesado do que o anterior, como se o ambiente ao redor estivesse se fechando sobre ela. A angústia de saber que Wilbert estava preso, longe de sua proteção, e ela, impotente, consumia sua mente. Ela precisava agir. Precisava fazer algo para tirá-lo de lá, não importava o custo.

Com os nervos à flor da pele, ela sabia que o dinheiro era sua única chance. O plano estava simples: usar a quantia que tinha para comprar o silêncio dos guardas e, assim, conseguir uma brecha para vê-lo. Mas não seria apenas isso. Ela precisava ser estratégica, precisa ser discreta, para que ninguém suspeitasse de suas intenções.

Sara pegou o celular com as mãos trêmulas e, com o coração acelerado, discou o número de Burgos. Ele atendeu no terceiro toque, a voz grave carregada de um peso que refletia a tensão do momento.

— Burgos, eu preciso que você vá até o banco. Pegue o dinheiro e me traga o quanto antes — disse ela, já sem paciência para mais retóricas.

Burgos hesitou do outro lado da linha, claramente preocupado.

— Sara, não sei se isso vai funcionar... — sua voz vacilou, mas Sara interrompeu, determinada.

— Burgos, eu não estou pedindo.  Essa é a única chance que temos de conseguir alguma coisa. Eu preciso ver o Wilbert.

Houve uma longa pausa do outro lado da linha, como se Burgos estivesse ponderando as consequências. Ele sabia o risco que aquilo representava, mas não teve outra escolha senão concordar.

— Tá bom, Sara. Eu vou fazer isso. Mas e depois? O que você vai fazer?

— Eu vou dar um jeito. Você vai me ajudar, não vai? — Ela se forçou a manter a calma, embora seu corpo estivesse em constante tremor. — Quando você tiver o dinheiro, me avise. Eu vou te dar os detalhes.

Após desligar, Sara sentiu um alívio momentâneo, mas logo foi tomada novamente pela aflição. O plano estava em movimento, mas o relógio corria contra ela. Ela tinha pouco tempo. Cada minuto perdido poderia ser crucial.






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O coração de Sara batia descompassado, e a sensação de estar à beira de um precipício se intensificava. O plano estava em andamento: Burgos tinha o dinheiro, e ela faria o que fosse necessário para garantir que nada de errado acontecesse enquanto ela se encontrava com Wilbert. Os guardas, como ela esperava, estavam mais vulneráveis à suborno, e esse seria o seu trunfo.

Ela sabia o que estava em jogo. A pressão da situação parecia sufocá-la, mas o amor por Wilbert e a promessa que fez a si mesma de não deixá-lo para trás a mantinham firme.

Quando chegou ao presídio, seus olhos buscaram o lugar, um ambiente imundo e aterrador, que, se não fosse por Wilbert, ela jamais teria se atrevido a entrar. O lugar estava cercado por muros altos, com sentinelas de plantão. Uma figura se aproximou dela, um guarda. Ele deu um aceno sutil, que Sara soubera interpretar: tudo estava sob controle, por enquanto.

— Vai ser rápido, tá? — o guarda disse com voz baixa, quase sussurrando. — Os guardas estão em horário de almoço, a guarda tá baixa.

Sara assentiu, controlando a respiração. Cada passo seu dentro daquele presídio poderia ser o último. Ela se concentrou em não deixar que a ansiedade a consumisse. Ela tinha que estar focada, sem cometer erros.

Ao entrar na sala de visitas, o impacto foi imediato. O rosto de Wilbert apareceu diante dela, pálido, sujo, com os sinais das agressões que ele havia sofrido, mas ainda com aquele brilho familiar nos olhos. Isso foi o que a manteve em pé.

Ele parecia surpreso ao vê-la, como se não esperasse por sua visita. Mas, logo, uma leve expressão de alívio se formou em seu rosto e ele caminhou até ela com passos largos, a abraço apertado.

— Você... você veio. — Sua voz rouca, mas o sorriso era genuíno, mesmo que cansado.

Sara tentou sorrir, mas o peso da situação a impedia. Ela olhou ao redor, sentindo o olhar do guarda e a pressão do lugar. Sabia que não poderia se dar ao luxo de mostrar fraqueza.

— Eu não ia te deixar aqui, amor. Não importa o que aconteça — disse ela, a voz firme, mas ainda trêmula.

Wilbert a olhou nos olhos, sentindo saudade creser. Os olhos de sara percorriam seu rosto, tentando se lembrar dos detalhes que haviam ficado tão distantes. Só agora ela percebeu o quanto ele estava tenso. O rosto de Wilbert estava marcado pelas agressões que ele sofreu na delegacia.


— Olha o que fizeram com você... — ela murmurou, examinando as feridas no rosto dele. — Quem fez isso?

Wilbert sorriu de forma amarga, tentando esconder o quanto aquilo ainda o afetava.

— Parte foi o filho da puta do Morelo, e o resto foi presente do seu pai. Acho que ele não gostou muito de mim — disse, tentando aliviar a tensão com seu tom brincalhão, mas seus olhos denunciavam a dor que ele estava carregando.

Sara engoliu o nó na garganta e olhou em volta, sentindo o peso do que estava fazendo. Mas ela não podia mais voltar atrás.

— Eu vou dar um jeito... Vou contratar um advogado. Se não der certo, a gente parte pra outra opção, não me importa o que for. A gente vai resolver isso juntos.

Ela disse, com uma força renovada. Eles estavam juntos naquela batalha, e não importava o que acontecesse, ela não o deixaria.

Impuros - Nossa Liberdade.Onde histórias criam vida. Descubra agora