O som insistente das batidas na porta despertou Sara de um sono inquieto. Ainda era cedo, mas a luz filtrada pelas cortinas já deixava claro que o dia seguinte ao confronto com seu pai havia começado. Ela se levantou, o corpo ainda pesado pela exaustão emocional da noite anterior. Ao passar pelo espelho, viu o rosto marcado: os olhos inchados pelas lágrimas contidas e a pele ainda vermelha de onde seu pai a tinha acertado.As batidas ficaram mais intensas, quase impacientes.
— Já vai! — gritou, enquanto calçava os chinelos e corria até a porta.
Ao abrir, encontrou Burgos. A expressão grave no rosto dele congelou qualquer palavra que estivesse prestes a dizer.
— Precisamos conversar. Agora. — A voz dele era tensa, baixa, como se temesse ser ouvido.
Ela abriu espaço para que ele entrasse, e Burgos foi direto ao ponto.
— Wilbert foi baleado.
Por um momento, Sara achou que não tinha ouvido direito.
— O quê?
— Ontem à noite, teve uma briga entre facções dentro da prisão — ele explicou, os olhos fixos nela, como se cada palavra fosse um golpe. — Ele e o Evandro tentaram achar abrigo em outro lugar, mais no meio da confusão o Wilbert foi atingido.
A respiração dela acelerou, e o peso da notícia a atingiu em cheio. O coração disparou enquanto flashes de Wilbert passavam em sua mente: o sorriso que ele lhe dava, o jeito como ele parecia protegê-la de tudo, mesmo atrás das grades. Agora ele estava vulnerável, machucado, e mais uma vez ela não podia fazer nada.
— Estão cuidando dele? — perguntou, a voz trêmula.
Burgos balançou a cabeça, sem muita convicção.
— Do jeito que dá. Você sabe como é lá dentro. Ferido assim, ele não vai durar muito tempo.
Sara apertou os punhos, a raiva começando a borbulhar sob a superfície. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Burgos soltou outra bomba.
— Isso não é tudo, Sara. Seu pai entrou com uma queixa formal contra você. Ele disse que você roubou o dinheiro do banco. A polícia tá atrás de você agora.
Por um instante, o mundo pareceu girar. Sara deu um passo para trás, apoiando-se no móvel.
— Ele... fez o quê?
— É isso mesmo. — Burgos respirou fundo, como se soubesse o impacto que aquilo causava. — Ele já sabe que você retirou o dinheiro. Usou a influência dele pra acelerar as coisas. A polícia pode aparecer aqui a qualquer momento.
— Puta que partiu. — disse sara visivelmente nervosa. — Eu tô fudida, tô tô fudida burgos.
Tudo estava desmoronando. Wilbert ferido, seu pai em uma cruzada para destruí-la, e agora a polícia no seu encalço. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, mas a raiva e o desespero se misturavam, tornando impossível pensar com clareza. Sara respirou fundo, ela precisa manter a calma, mesmo sendo praticamente impossível.
— Eu tenho que ir ver o médico que tá cuidando Wilbert. — Disse sara, tentasse recompor. — Eu tenho dinheiro, se ele ficar lá dentro ele vai morrer.
— E como é que você vai entrar. — Burgos perguntou olhando para ela. — Antes era diferente, ninguém te conhcia, agora a polícia tem um mandado contra você.
Sara balançou a cabeça, a raiva crescendo ainda mais.
— Foda-se, você me ouviu, foda-se. — Eu não tô te pagando, da seu jeito.
Burgos respirou pesado, sabem que estava com outro grande problema em mãos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Impuros - Nossa Liberdade.
FanfictionSara Ribeiro, filha de um poderoso político, se vê atraída pelo perigoso mundo do Dendê, onde conhece Wilbert, um líder misterioso e irresistível. Em meio a segredos familiares e um romance proibido, Sara precisa decidir até onde está disposta a ir...