CAP. 36 Parte 8 - O despertar do dragão

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Ele está olhando aborrecida e fixamente para mim.

Eu inalo bruscamente quando um arrepio assustador me invade da cabeça aos pés. É mais do que intenso, é de uma densidade tão forte que me faz recuar por alguns segundos inteiros.

Ter vivido em meio a acontecimentos mágicos – mesmo que secretamente pelo povo de meu reino não aceitar isso, parece brincadeirinha de criança agora.

Como é possível que esse garotinho, que essa criança seja tão forte assim? Ele não exala nada além de poder palpável. Mas acho que o pivete nem mesmo tem noção disso.

- Oi... - Eu ouso sussurrar para ele em tom quase inaudível, abrindo um sorriso curto e gentil para que ele veja de cara, que não sou uma ameaça.

Mas isso não é o bastante.

Eu vejo o garoto engolir em seco e recuar, começando a erguer seu corpo de modo lento e defensivo – pronto para se manter o mais longe possível de mim agora, o que me faz estreitar os olhos.

- Eu acho melhor se afastar, rainha... - Trixie sussurra para mim, me alertando, mas, não demora muito para que eu entenda o verdadeiro porque disso.

O verdadeiro porque por trás desse aviso.

Eu consigo ver apenas o borrão de uma das mãos do pirralho se erguendo no ar quando ele faz um gesto brusco. A pressão corporal que eu sinto é imensurável, atinge todo meu corpo como uma trovoada violenta que atordoa toda uma floresta por completo.

O simples gesticular hostil da mão do garoto é um ato poderoso o suficiente para me lançar com força direto no teto da pequena cabana de camponês abandonada.

Eu arfo sem ar e mal tenho tempo de um gemido esganiçado de dor escapar de minha figura. Bato no teto da casa com tanta força, que fico completamente atordoada por segundos dolorosos inteiros.

- Rainha! – Trixie exclama para mim e no segundo seguinte, eu caio com ainda mais força no chão. Um baque tão violento que me deixa ensurdecida e a dor em meu corpo é tão avassaladora que tudo em mim fica dormente.

Eu só sinto o meu núcleo de energia limitada e implantada queimando em meu interior em meio a toda dor momentânea.

- Seu pirralho... - Eu murmuro baixinho e ainda cheia de dor quando, em meio a visão embaçada pelos sentidos atordoados, consigo ver o loirinho correndo fervorosamente e com tudo o que existe em si, para fora do pequeno local.

- Não, rainha, não é seguro! – Trixie grita animalesca em minha direção quando encontro forças e me levanto, também começando a correr. Porém, em direção ao pivete que está tentando fugir.

- Cuide das batatas, eu estou morrendo de fome! – Eu exclamo de volta para a raposinha mágica, saltando desleixadamente para fora do assoalho da cabana envelhecida, que range alto em descuido.

O moleque corre muito rápido, considerando o quão magricelo é ao ponto do vento o levar junto – assim como é extremamente pequeno.

Eu corro com tudo que existe em mim, ignorando por completo o quanto as feridas abertas em meus pés mal acobertados doem agora.

Eu cerro o maxilar em reação e inalo bruscamente para reunir forças e correr ainda mais rápido.

Então, tudo acontece num segundo mais do que glorioso, é lindo, preciso admitir.

O garoto vira à esquerda, indo direto para um beco sem saída, tendo apenas entulhos de madeira no final que criam um muro não muito alto, mas que também não o dará a oportunidade de pular – considerando que mesmo sendo tão pequeno, não vai conseguir ser ágil assim.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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