Ainda espio pela brecha o que me sepera de um mundo um pouco mais evoluído. Difícil não reconhecer a tal de Holly, que já caiu sobre duas mesas, repetindo meu nome de forma confusa e irritante. O meu nome. Sim, aquele que ela acreditava que o fosse. Cassandra. Qual era a semelhança entre Eva e Cassandra? Nenhuma.
Conversei um pouco mais com Nate, antes dele aprontar as outras dançarinas. Havia me contado um pouco sobre a família Lee. Relacionamento conturbado.
Holly ainda tem a chance de deixar essa vida para trás, seguir em frente... Quem sabe conseguir um bom marido, ter filhos com condições. Por mais que as pessoas sejam hipócritas o suficiente de dizerem sempre que o dinheiro não traz felicidade, é isso que separa "uma jovem com problemas emocionais" de uma "vadia" como eu, que aos olhos de muitos, não tem o direito de ter o seu momento Holly de ser.
Se fosse eu naquelas condições, já teria levado uma surra de alguns caras do bar ao lado. Não sou ninguém influente na sociedade e nem posso considerar que trabalho nesse lugar, mas sou grande o suficiente para saber que no mundo real, as coisas não são tão felizes quanto nos filmes. Enquanto a "boa moça" deveria ser aquela garota ali jogada naquela mesa, que teve oportunidades, condições e cultura rica... É a garçonete que a levanta, que trabalha 14 horas por dia para sustentar o marido agressivo e drogado.
O mundo pode se provar uma enorme podridão, onde você pode tentar desviar das merdas, ou como no meu caso, aprender a conviver com elas.
As luzes apagam. É a minha deixa.
Holly já está recomposta, quando a enorme cortina vermelha revela-me. Estou com uma máscara dourada que segue protegendo minha identidade até a altura dos lábios.
Uma forte luz azul centraliza-se no poste. Intensa como a luz é a confiança que me toma. Posso ser qualquer coisa, me fingir de qualquer pessoa. Inúmeras eram as possibilidades, mas naquele. momento eu só queria ser eu.
Apenas a prostituta desalmada.
Encaixo o centro da minha bunda no metal gelado, deslizando o restante do corpo. Essa faísca de energia que me toma, fazem minhas pernas tremerem, mas eu fecho os meus olhos e enfim posso sentir o poder de ser a única realmente desejada naquele momento. A estrela da noite e de seus pensamentos quando estiverem sós, tocando-se.
Ao ter o encontro com o chão, o torno apoio para minhas mãos, empinando o meu bumbum, de forma que o insinuo para o restante da platéia, enquanto "rastejo" em direção à Holly. Um homem chega ao local e em passos brutos caminha em direção à menina. Não posso deixá-la ir.
Arranco minha saia. Revelando o contorno real da minha bunda. Não faz parte do plano, mas consigo arrancar a atenção do homem, assim como de todos.
Meu corpo é regado pelas gotas que caem do teto, numa mistura de sensualidade feminina com a exaustão do desejo alheio. Convido o homem até o palco com o meu dedo, onde há uma cadeira no centro.
De volta ao poste e ao rastejo, fico de quatro ao público, socando minha bunda lentamente no metal. Me sinto como uma bomba. Há uma enorme pressão dentro da minha calcinha. Mordo meus lábios, quero esconder o desejo que me toma, me molha... Meus olhos encontram os do homem, já sentado no palco. Atraente. Cabelo tão negro, como os pensamentos que me vem a cabeça. Grandes olhos azuis, chamativos, assim como o conjunto total, harmonioso, cativante e muito quente.
Não é o pai, talvez o irmão.
- O quer que eu faça? - Indaga o homem imóvel, enquanto observar-me rastejar até ele.
Minhas mãos percorrem suas pernas bem torneadas e durante o percurso encontro suas mãos, onde as posiciono na alça de minha blusa. O homem empurra a empurra, descendo os dedos até o centro da minha blusa, a rasgando ao meio.
- Você é muito gostosa. - Ele tomba a cabeça para trás, entregando-se ao volume de sua calça.
Muitas notas já foram jogadas no palco, mas eu quero mais.
Levanto-me, encaixando o volume do homem entre minhas pernas. Ele alisa o meu rosto, tentando enxergar através da máscara, mas busco seus dedos com a minha boca, onde os chupo por inteiro.
O público vai à loucura e é nesse momento em que vejo uma figura de terno. Alto, loiro e com um porte físico atlético. Diria que é algum integrante de alguma gangue perigosa, mas suas vestes de primeira linha mentem minhas afirmativas. Assim como o meu, seu rosto está escondido por um chapéu preto e sua presença causa tumulto na boate.
O homem no qual eu estou sentada, levanta-se.
- Qual o seu nome? - Ele pergunta envolvendo-me com seu sobretudo negro.
- Eva. - Aceito o meu cobertor metafórico. Sinto certa estranheza pelo homem russo que toma Holly pelo braço, mas procuro não encará-lo.
- Ótimo, Eva. Por qual razão está aqui? - Ele está nervoso e olha diversas vezes para o homem que nos encara.
- Dinheiro. - Respondo sem pensar. Meus lábios tremem e meus olhos me entregam o quão fragilizada estou. Sinto medo. Já faz algumas semanas que andam matando prostitutas pelo bairro. Poderia ser a próxima.
- Me chamo Logan. - Ele puxa um cartão do seu bolso. - Essa mulher vai mudar sua vida.
Quando pego o cartão olho vagamente o nome. "Mona Van Lauren"
- Por qual razão me ajuda? - Estranho tamanha bondade do homem. Não é normal, essas coisas não acontecem na vida real.
- Estou experimentando esse meu novo lado caridoso. - Ele diz e logo em seguida vira-se, caminhando até o russo de rosto anônimo.
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Ego Flamejante
RomanceQuando uma jovem de dezessete anos entra no mundo da moda e descobre os segredos de um famoso empresário, suas vidas mudam para sempre. Nesse romance quente e repleto de intrigas o último desafio é descobrir: Até que ponto você iria para esconder o...