Continuo te amando (Parte3)

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(Observador)


Após uma longa viagem sem trocar alguma palavra, o casal desfrutou de uma ducha silenciosa com mentes barulhentas -  a casa de Eva parece deserta na presença dos dois.


Nero está à vontade com uma blusa cinza e uma bermuda esportiva. E Eva não muito diferente com um blusão vinho e um shortinho preto. 


—  Você foi corajosa hoje. —  Nero quebra o silêncio, olhando-a com o semblante arrependido. Tão fragilizado como ela. 


  —  Por que não me sinto assim? —  Indaga Eva, sentindo-se fraca por novamente ter lágrimas presentes no rosto.


—  Eu... —  Nero tenta dizer algo, mas é interrompido pelo suspiro emocionado. —  Não sei o que dizer para fazê-la sentir-se melhor.


—  Diga que meu pai está realmente morto, pois eu não vou conseguir viver mais um dia com essa dúvida... 


—  Ele está morto, Eva. —  Nero aproxima-se, mas contém-se. —  Apenas confie em mim. Disse aquilo naquele dia sobre o seu pai estar vivo, pois não pensei em algo melhor para convencê-la de que não havia sido eu quem fez aquela maldade com você. 


  —  Estou enlouquecendo, Nero. Estou tomando remédios, tenho ataques de pânico e ansiedade... Eu... —  Eva levanta suas mãos, mostrando-as tremer. —  Simplesmente não consigo dormir à noite... Eu só consigo pensar em... —  Ela se interrompe, pois cai no choro. 


—  Eva... —  O homem se aproxima, passando o olhar por cada detalhe que não havia notado antes. —  Você não me disse nada... Eu... Eu pensei que você estava bem.


—  Não quis incomodá-lo. —  Ela soluça. —  Você é sempre tão ocupado, sempre chega tão tarde. 


—  Eu preciso me agarrar à alguma coisa para não deixar de acreditar em nós, pois eu juro, estou quase fraquejando. Olha o que eu fiz com você. —  Nero a toma os pulsos, tentando conter o tremer. —  Eu não queria que visse o que aconteceu hoje, mas quando senti aquele cara nos observando, só consegui pensar em tirá-la dali e levá-la comigo, pois nunca me perdoaria se algo acontecesse com você. 


Eva permanece calada, tentando amenizar a expressão de choro em seu rosto e mesmo com os olhos transbordando, ainda fita os do homem.


—  Eu me sinto muito ocupado por não ter percebido que aquela revelação poderia ter sido demais para você. —  Admite Nero. —  Muitas coisas aconteceram nesse curto período de tempo. Muitas mudanças para você, para sua irmã, sua amiga... E eu acabei um pouco distante demais. Mas esse sou eu, Eva. Estou longe de ser uma pessoa legal e principalmente ideal para você. E sei que merece uma coisa bem melhor do que eu. 


Ele respira fundo e cessa o apertar dos pulsos dela, com o olhar como quem diz "Eu sou culpado, mas não me odeie por isso"


  —  Não vai dizer nada? —  Nero vai soltando as mãos femininas até a altura dos dedos, mas Eva permanece calada.


Ele fecha os olhos e suspira, dando as costas e seguindo o seu caminho para fora da casa.


Quando cruza a porta e a metade do quintal, tem as esperanças reacendidas quando ouve seu nome ser pronunciado da boca de Eva.


  —  Nero. —  Quando ele vira, depara-se com a mulher esperando-o de braços abertos.


O homem caminha com vontade em direção à sua amada e a agarra num abraço apertado, levantando-a até a pontinha de seus pés. 


Eva sente seu cheiro inconfundível no pescoço de Nero, deleitando-se.  Esquiva seu rosto um tanto para trás, encontrando a orbe verde do russo.


  —  Você e eu é possível. —  Sussurra ao encostar as testas e deslizar a ponta dos dedos na barba cerrada. 


—  Eu só quero estar com você. Apenas você. —  Murmura Nero, que mergulha seus lábios nos dela, arrepiando o corpo feminino. 


Finalmente fazendo-a sentir-se verdadeiramente amada.

 






Ego FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora