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(Nero)

- Bom dia, senhor Lee. Aqui estão seus recados. - Morgana aproxima-se de mim com uma saia social colada em suas coxas e um decote em "v" valorizando absurdamente seus seios. Os fios azuis levemente encaracolados nas pontas, "aquietam" sua personalidade venenosa. Ah, se eu pudesse. Não a perdoaria.

- Obrigada, Morgana. - Agradeço, ajeitando os botões de meu paletó acinzentado. Morgana tem um jeito tão assanhado de me olhar, que para mim, é quase impossível não retribuir do mesmo favor.

- Se me permite dizer, senhor... Está ótimo hoje. - A mulher deixa alguns dos envelopes na mesa e certifica-se que ninguém está a olhar. - Tão bonito quanto da nossa última conversa, senhor.

- Estou mesmo. - Viro-me para o enorme espelho da entrada de minha sala e deparo-me com meu cabelo escovado para trás e a barba maior do que o normal. - Mas não me lembro de quando te permiti arrastar asinhas por mim. - Agarro o braço de Morgana, aproximando-a de mim bruscamente.

- Desculpe, senhor. - A garota parece assustada, rendendo-se ao meu autoritarismo. -Acho que passei do limite, senhor. Isso não irá mais acontecer. -Quando cedo com o apertar, Morgana rapidamente se afugenta para sua mesa novamente e permanece de cabeça baixa até minha saída.

- Pai! -Quando atendo ao chamado, avisto Holly quase caindo na porta da empresa e rapidamente corro em direção, segurando o corpo "mole" em meus braços.

- Mas que porra... -Arrasto minha filha até o depósito de trás, por sorte, ninguém se encontra. Holly está com a maquiagem borrada e o batom deixa por quase todo o seu rosto manchas avermelhadas.

- Papai, sua filhinha está aqui, papai... - A menina se equilibra, segurando em meus ombros. Ela quase não aguenta falar e seus olhos carregam um brilho tão assustador que quase estremeço.

- O que houve com você garota? - Ergo o corpo feminino com dureza e inclino o seu rosto pelo cabelo, deixando à mostra o costumeiro resíduo de cocaína.

- Isso acaba agora. - Empurro a garota no chão, tentando conter-me com o punho já cerrado. - Não vou mais bancar essa merda. Me fala quem te vendeu isso.

- Descubra sozinho, seu merda. - Holly revira-se no chão, risonha o bastante para irritar-me. Deboche é herança de família.

- Você não deve saber com quem está falando. - Agarro-a pela jaqueta e bato suas costas na parede. - Te taco em um colégio interno sem pensar duas vezes.

- Você não faria isso. - A menina abaixa a guarda e esbugalha os olhos. Nunca levei a situação tão ao extremo e isso a espanta.

- Experimenta testar a minha paciência, garota. - Amasso seus lábios com força e logo posso senti-la tremer. - Desembucha quem te vendeu isso agora.

- Foi... Foi... - Holly gagueja ao sentir o suor frio escorrer pela sua testa. - Um cara forte, com uma enorme cicatriz atravessando o rosto, moreno, ele disse o seu nome.... Era... Era... Jo... Joel, quando ele virou-se consegui ler "Caveira vermelha" com um "X", eu acho que estava riscando. A jaqueta tinha uma caveira gigante e acima do desenho e do nome riscado, consegui ler "Deuses do Inferno" deve ser alguma gangue, sei lá. Mas pai... - A menina abaixa o rosto totalmente avermelhado, ela quase joga-se aos prantos, mas não antes de seu pedido. - Não corte o meu dinheiro, por favor...

- Como se você merecesse... - Livro-me das garras imundas de Holly e ando sereno até o estacionamento, ouvindo os gritos da menina.

Eu sei exatamente de quem se trata. Joel Quentin. Um maldito mexicano que participa da circulação de drogas pela cidade, o que vende é tão "bom" que é procurado por pessoas da elite, que na minha opinião, são burras o bastante para cair na lábia de sete um.

Ego FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora