(Nero)
Minha saída da agência de Mona acabou por ser mais rápida do que ela esperava. O desejo feminino por mim já é de longa data, sempre flago partes de seu corpo molhado.
Não foi por falta de vontade, na situação que me encontro, aceitaria até a acidez de Meredith. Felizmente, meu orgulho é maior que meu tesão e isso me salva diversas vezes.
Hoje quando acordei, notei que ainda sou Nero e que devo cumprir com minhas responsabilidades. Ser quem eu sou cobra mais que minha imagem artificial e estar em meu lugar exige que eu seja um homem, de forma que eu não me lembre de uma vez que não o fui.
- Você por aqui. - Observo Hugo - um jornalista que tentou acabar com a imagem de minha grife, através de seu blog de fofocas imundo.
- Me solta, por favor. - Ele é carregado pelos braços por dois homens. O mexicano de fios enrolados, está pálido, apesar de sua pele escura.
- Ah, você sabia... - Digo num tom irônico, enquanto visto meu avental de açougueiro. - Eu sempre deixei claro para todo mundo o quanto sou sistemático com minha imagem.
Um dos meus homens passa um facão para mim.
- Não... - Os ditos de Hugo são abafados por seu choro inevitável.
- Tarde demais para arrependimentos, não? - Amolo o facão no próprio asfalto.
- Desculpe interromper, senhor... - Dom intromete-se no meio, mas por um nobre motivo. - Você terá uma reunião em quinze minutos.
- Muito obrigada, amigo. - Assinto com a cabeça, mas ele parece fragilizado demais e simplesmente vira-se.
- Bom... - Respiro fundo e dou de ombros. - Ameaçou minha família, meu trabalho e à mim. Como acha que eu te perdoarei por isso?
- Eu mudei.... Estou realmente arrependido... - Hugo balbucia palavras desesperadas de alguém em seu leito de morte.
- Você deveria saber algo sobre mim, cara. - Aperto o cabo do facão com força. - Posso ser a sua maior bênção, mas se tocar no nome dos meus filhos novamente, você não vai querer ver o meu outro lado.
- Nunca mais vou escrever nada sobre você e seus filhos, eu prometo.... Muito obrigada, senhor Lee. - O homem está de quatro, apoiando suas mãos em uma tábua de carne. Seus olhos estão inchados e encharcados, como se passasse a noite inteira chorando.
- Eu sei que não vai escrever mais nada. - Esboço um sorriso amigável, mas logo tomo impulso com o facão, arrancando fora ambas as mãos de Hugo. Espirra sangue em todas as direções, principalmente no rosto do agredido. O homem cai aos prantos ao observar os seus pulsos liberarem um líquido grosso e escuro.
O monstro, meu melhor amigo no momento. Tento não pensar nas consequências ou em quantas pessoas derrubei de uma vez, no momento em que destrui uma parte de Hugo. Preciso estar por cima e para isso, não demonstrar fraqueza é o primeiro passo.
- Embrulhe as mãos e mande para a sua assistente. Ela entenderá o recado. - Retiro o avental e devolvo o facão para um dos meus homens.
Novamente transformo-me no homem sério e influente da elite, mas uma parte de mim morre cada vez mais. Será esse sempre o meu fim? Notar que todos que tenho ao meu redor são comprados?
- Leve-me à reunião. - Adentro o carro. Claramente abatido. A sensação de estar por cima não é tão gloriosa como parece.
- Me permite dizer o que acho, senhor? - Dom observa-me pelo retrovisor.
- Sim. - Retribuo a encarada. Normalmente não aceito opiniões alheias, mas ele é diferente.
- Todas as coisas ruins que faz para as pessoas te odiarem, não esconde o homem bom que sei que existe dentro de você. - Dom não diz como um empregado e muito menos como um amedrontado, soa-me como algo próximo de um amigo.
Meu silêncio respondeu tudo.
Ele estava certo.
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Ego Flamejante
RomanceQuando uma jovem de dezessete anos entra no mundo da moda e descobre os segredos de um famoso empresário, suas vidas mudam para sempre. Nesse romance quente e repleto de intrigas o último desafio é descobrir: Até que ponto você iria para esconder o...