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(Nero)

Dom havia me ligado mais cedo e disse que Eva está muito ferida e ao que parece foi juntada por um grupo de homens. Fiquei intrigado e perguntei a razão disso ter acontecido e Dom diz ter ouvido que se trata dos maridos das mães de menininhas que estudam no colégio que a irmã de Eva estuda. Não entendi coisa nenhuma e agora estou parado frente à porta de madeira desbotada onde Eva mora, tocando a campainha.

Eva atende a porta mansa, com a metade do rosto coberto pelo cabelo loiro.

- Mas que porra aconteceu com você? - Pergunto com a voz grossa, claramente puto.

- Não aconteceu nada. - Ela ainda tenta mentir, mas não é capaz de me encarar os olhos.

- Tem certeza? - Empurro um punhado do cabelo feminino, revelando os hematomas extremamente escuros. - Por qual razão fizeram isso com você?

- Eu não entendi muito bem... -  No começo, ela explica devagar, mas parece tomar um choque de realidade em seguida. - Quer saber? Não sei a razão de estar te contando isso! E o que você veio fazer na minha casa? - Ela dispara perguntas toda bruta e a imagem daquela Eva doce e livre de carga negativa que havia visto à um tempo atrás naquela alucinação, simplesmente desaparece. 

- Será que você pode parar de ser grossa por um segundo? - Seguro o braço esquerdo dela com força, finalmente mostrando quem manda. - Será que a gente pode conversar normalmente uma vez na vida?

- Nós já conversamos o suficiente, Nero. - Ela tenta arrancar seu braço, mas continuo sendo duro. Porra, que menina irritadinha.

- Como vou ajeitar as coisas com você sendo que está esbanjando arrogância toda vez que a vejo? - A fulmino com os olhos e logo a solto num leve empurrão.

- Quer terminar o serviço daqueles caras? - Ela me afronta, mostrando que mesmo machucada, ainda pode ser durona.

- Já levei um tapa seu e não revidei. - Rebato, mantendo-me parado. Estou realmente falando sério. - Onde posso encontrar esses caras?

- Para você ir lá e matar eles? Não, obrigada. - Eva cruza os braços.  É até engraçado ver essa garota de 1,65 de altura toda durona e mandona.

- Porra, Eva... - Jogo minha jaqueta dentro da casa dela, trajando agora apenas minha blusa branca e meu jeans desbotado.

- Ei! - Ela me chama a atenção. - Tá pensando que isso aqui é um chiqueiro?

- O problema é que você gosta de ser maltratada. - Praguejo a verdade no ar e balanço a cabeça negativamente. - Eu realmente sou um puta de um idiota, toda hora, todo dia, venho aqui me rastejar por você.

- Não, isso é mentira. - Eva responde com o tom de voz mais baixo, até posso dizer que amansei um tanto mais a fera.

- É a mais pura verdade. Eu não entendo a razão de você querer tanto manter essa tua pose de durona, quando na verdade você é igual a todo mundo. Não é essa pedra que tô vendo! Você tem sentimentos ou não tem? Pois sinceramente... Ás vezes você me assusta com tanta insensibilidade. - Digo balançando a cabeça, enquanto tento buscar mais palavras para descrever a explosão de sentimentos que sinto.

- Agora você está pegando pesado. - A mulher recua para trás, mas ainda sim mantém a voracidade em seu olhar.

- Eu sei. - Agora é a minha vez de recuar para trás e levantar os braços. - Desisto de continuar sendo palhaço na tua mão!

Deixo Eva falando sozinha e vou embora na minha moto, onde paro em um parque próximo à suposta escola. Pego o celular e ligo para Dom.

- Fui tão apressado que esqueci de te perguntar... Onde esses caras costumam ficar? - Pergunto para Dom.

Ego FlamejanteOnde histórias criam vida. Descubra agora