Sete

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 Depois que tomei um banho, vi no relógio que já eram 19:47.
Tinha que me arrumar pra festa. Depois tinha que esclarecer com minha tia tudo o que vi nesse sonho. Ou talvez seria melhor deixar pra lá, tocar nesse assunto podia magoa - lá. Mas eu tinha que saber.
No meu celular havia uma mensagem da Pilar.
"Já está se arrumando? Passo aí 21:00"
"Ok" foi só o que respondi.
Sequei o cabelo, e deixei ele liso, sem cachos nas pontas. Logo o liso ia se desfazer e as pontas voltariam a ficar cacheadas de novo. Mas fiz mesmo assim.
Achei melhor comer algo antes de ir, óbvio que não teria comida nesse tipo de festa.

"Você estava dormindo quando chegamos, tem comida na geladeira, não vamos demorar."

Era o que estava escrito em um bilhete em cima do balcão, com a caligrafia do tio Rogério.
Havia um hambúrguer e refrigerante na geladeira. Esquentei o hambúrguer e comi vendo TV.
Quando voltei a me arrumar já eram 20:15. Vesti o croped e sentei na penteadeira.
Minha maquiagem foi aquele tipo que não é exagerada, mas também não passa despercebida. Finalizei com um batom matte rosa.
Pintei as unhas das mãos com um esmalte roxo. E esperei até que secasse.

"Será que vou te ver?"

Uma mensagem do Carlos caiu no meu celular.

"Talvez sim, talvez não."

Ele estava dizendo muito que queria me ver. Isso só podia significar que ele só queria me beijar e nada mais.
Podia não ter tido muitos namorados no meu passado, mas uma coisa eu sabia: os homens nunca se abrem dessa maneira. Ele poderia ter dito uma vez que queria me ver que poderia até ser verdade. Mas quando ele repete isso tantas vezes, ele só ta querendo me iludir pra que eu passe a gostar dele e depois que ele fazer o que quiser comigo me descartar.
Aah, comigo não meu amor! Comigo não!

"Não sei o que fazer com meu cabelo"

Pilar mandou

"Deixa solto, seu cabelo é lindo"

Terminei de vestir a roupa e quando me olhei no espelho, tive uma conclusão do resultado final: eu estava linda.

"Estou indo"

Mandou Pilar 20:37

"Ok!"

Respondi.

Depois de 20 minutos a campainha tocou.
Corri até a porta e Pilar estava deslumbrante.
Ela também vestia um cropped mas o dela era estampado, e vestia uma saia preta rodada que ia até uns três dedos acima do joelho.
Seu salto era vermelho, combinava com a estampa do cropped.
A maquiagem não passava despercebida mas não era exagerada. Seu cabelo parecia estar mais brilhoso e sedoso que sempre.

"Fui para festa. Estou com minha chave, amo vocês."

Foi o que escrevi no bilhete pros meus tios e deixei em cima do balcão.

Depois disso partimos.

A casa onde era a festa aparentava ser grande. Na frente havia um gramado. E a rua da frente estava lotada de carros. Segui Pilar até a casa, no gramado tinha muita gente, dava pra ouvir o som que vinha de dentro da casa.
- Ei Pilar! - gritou alguém atrás de nós.
Eu e Pilar olhamos, deparei com um garoto muito bonito, olhos azuis como a água de uma piscina e a pele branca como a neve, o cabelo arrumado era preto como carvão, seu sorriso era de arrancar suspiros.
- Grover! Oi - Pilar disse e o abraçou. Quando desfez o abraço me apresentou - essa é Paige, uma nova amiga. Como vai você?
- É um prazer Paige. - ele disse estendendo a mão
- Igualmente - respondi apertando a mão dele sorrindo.
- Vou bem Pilar, e você?
- Ótima. Chegou agora?
- Sim, vamos entrar?
- Claro.
Notei pela maneira como Pilar olhava pra ele, que ela gostava dele. Mas o jeito que ele olhava pra ela, mostrava que o sentimento dela não era correspondido.
Quando entramos, a minha vontade era dar meia volta e ir pra casa. Aquilo realmente não era minha praia.
A sala de entrada estava muito cheia, era difícil andar, cheirava a álcool, cigarro, e algo muito podre. Tive ânsia de vômito quando encontrei o motivo do cheiro podre. Tinha uma poça de algo muito nojento com pedaços de alguma coisa, depois de tanto olhar assimilei que alguém havia vomitado ali.
- Tem outro lugar pra ficarmos né?! -perguntei desesperada
- Com certeza. O início da casa é geralmente o lugar onde ficam os mais chapados. - Pilar respondeu, ela estava com a mesma ânsia que eu. Passamos pela cozinha e tinha um casal se agarrando em sima da mesa. Outro casal estavam fazendo algo que eu não acreditei estar vendo. A menina pressionada contra o balcão da pia, estava sendo engolida pelo rapaz em um beijo enquanto ele se afastava para trás e voltava contra ela novamente, pela sequência que ele fez isso, e ao ver o vestido dela levantado acima da cintura, consegui identificar o que estavam fazendo.
Corei. Como alguém não se sentia envergonhado em fazer aquilo em público? Aquele lugar realmente não era pra mim.
Dei graças quando conseguiu respirar o ar puro do lado de fora. Havia várias pessoas dançando por toda parte, na piscina tinha meninas semi nuas dançando ou nadando. Não sei se foi reflexo mas parece que vi duas garotas se beijando. Dei de ombros. Já não conseguia mais me impressionar com as coisas que estava vendo.
- Esse é o nosso lugar. É aqui que a festa de verdade acontece. - disse Pilar
Permaneci calada.
- Vamos beber algo - ela disse andando e dançando.
Pilar foi até uma mesa com algumas pessoas e eu a acompanhei.
- Iai Pilar, nossa dançarina, trouxe uma parceira hoje? - disse um garoto com um sorriso malicioso e de cabelo laranja enquanto passava a mão na barriga de pilar.
- Tira a mão Gilbert. Me dá duas cervejas, pra hoje. - ela disse afastando a mão do tal Gilbert.
- Ta difícil hoje é gatinha? - ele entregou os copos rindo.
- Provavelmente... Palhaço. - ela arrancou os copos das mãos dele e se virou.
- Eu não bebo Pilar. - eu disse quando ela me entregou o copo.
- Já bebeu antes?
Neguei com a cabeça.
- Então o que custa experimentar?
Exitei no início. Meus pais não ficariam felizes comigo se me vissem bebendo. Nem meus tios. Ninguém ficaria. Mas uma vez não faria nenhuma diferença. Só estaria experimentando.
A bebida, mesmo líquida, desceu seca pela minha garganta. Mesmo gelada, desceu quente. Mas mesmo assim dei outro gole. Dessa vez foi melhor. Consegui sentir o gosto. Era amargo,mas também era um pouco doce. Não era ruim, mas também não era bom.
- Isso aí! - disse Pilar sorrindo. - sabe dançar?
- Sei me mexer - respondi
- Então vamos nos mexer! - ela gritou e caminhou pra um lugar cheio de gente, parecia ser uma pista de dança improvisada, pois todos estavam dançando.
No começo tive vergonha, mas depois me soltei, não sei se por causa da bebida que eu já estava a um tempo bebendo, ou por que estava começando a gostar daquilo.
Grover dançou com a gente e logo percebi que estava sobrando ali, eles estavam quase se agarrando.
- Ta se divertindo? - falou uma voz masculina bem perto do meu ouvido fazendo meus pelos se arrupiarem.
Quando me virei, lá estava Carlos. Não sei se já estava baqueada por causa das diversas bebidas que Pilar me deu ou se realmente estava vendo aquilo.
Mas ele parecia estar bem mais bonito que o normal.
- Oi - eu disse sorrindo - Sim, e você ?
- Acabei de chegar, agora que te encontrei vou me divertir.
- Que bom que sou entretenimento para alguém. - disse e virei o copo mais uma vez.
- Você é muito mais que isso - ele disse piscando - quer dançar comigo?
- Eu estou com a Pilar, acho que ela vai ficar zangada se eu deixar ela só...
- Acho que ela não esta nem um pouco só - ele disse apontando com a cabeça para atrás de mim.
Quando me virei vi Pilar em um amasso profundo com Grover.
- Realmente - eu disse
- Vem comigo linda - ele disse pegando minha mão e me arrastando pra longe de Pilar.
Ele me levou pra um lugar mais calmo da festa, ficava do outro lado da piscina e tinha menos gente.
- Me fala mais de você linda - ele me perguntou pegando meu copo e bebendo. Abusado.
- Não tenho muito o que falar - realmente, o que eu iria dizer? Que sou órfã e moro com meus tios? Acho que ele não era tão próximo pra saber de toda minha vida.
- Sério? Me fala o que você gosta de fazer, ler, assistir... Bebidas que gosta de beber, fetiches... Sei lá.
- Hum, gosto de poesia, romance, e aventura. Gosto de surfar, mas depois que me mudei pra cá nunca mais surfei, gosto de praticar esportes, não tenho bebidas preferidas, e não vou te falar os meus fetiches. - disse piscando - E você? Me fala de você. - eu disse e peguei meu copo da mão dele.
- Gosto de você.
- É tudo o que tem a dizer sobre você?
- Exato.
- Como você é simples.
- Vem dançar comigo linda - ele disse e me puxou pra perto.
Enquanto dançávamos, Carlos tentou me beijas diversas vezes, tentativas falhas, eu sempre virava o rosto. Mas a cada bebida que eu bebia, ele parecia ficar mais bonito, e eu queria beijar ele a cada vez mais.
- Ora, ora, ora. Temos um casal surpresa hoje meninas - alguém falou, e só com isso percebi o quanto estava próxima de Carlos, não havia nenhuma brecha entra nós.
Corei me afastando e vi a loira que estava procurando encrenca comigo a um tempo.
Ela parecia uma prostituta. Estava com a parte de cima do biquíni rosa e um short branco, estava com uma sandália baixa, parecia estar vestida pra ir a praia. Suas duas amigas estavam com o mesmo estilo que ela.
- O que você quer Skylert? - Carlos perguntou.
- Nada. Só estava de passagem - Skylert respondeu com fúria nos olhos.
Foi quando ela passou por mim e simplesmente virou o copo que segurava em sima de mim.
A bebida gelada transformou meu cropped que antes era branco em marrom.
- Ops, foi sem querer - ela disse fazendo cara de sínica - esqueci isso - ela falou e simplesmente cuspiu no meu cropped. Foi a gota d'agua.
- Sua vaca! Você procurou agora aguenta - eu gritei e só vi a minha mão estalando no rosto dela. Quando tomei consciência e o ódio saiu da minha visão, vi que tinha uma mão enorme estampada de vermelho no lado esquerdo do rosto dela, todos pararam de fazer o que faziam para olhar.
- Eu não acredito que você fez isso - ela disse e voou pra sima de mim.
Cai no chão com ela por sima de mim, não vi nada, apenas senti a mão dela acertando minha orelha esquerda e um soco na minha bochecha direita.
Ela era magra então foi fácil tirar ela de sima de mim. Ajoelhei em sima da barriga dela prendendo uma de suas mãos com um pé e segurando a outra com uma de minhas mãos.
- Você é tão ruim de briga que nem consegue me acertar. - eu gritei alto olhando aquele rostinho bonitinho apavorado. Logo esse rostinho viraria apenas manchas.
Soquei o olho dela com força, o que fez com que ela gritasse. Não mais com a mão fechada, bati em sua face com tanta força que minha mão ardeu, e a cada tapa que dei nela, minha raiva apenas aumentava.
Senti uma mão entrelaçando em meu cabelo e puxando com força, só foi preciso ver um pedaço de um biquíni amarelo pra saber que era o socorro de Skylert.
Sem me virar bati com o cotovelo no rosto dela bem a tempo de ver a outra amiga de Skylert vindo rápido em direção a mim.
Apenas com um soco forte no rosto dela, ela caiu no chão inconsciente.
A de biquíni amarelo avançou contra mim me derrubando. Essa era tão ruim de briga quanto Skylert, ela era tão incapaz que ao me derrubar ela não caiu em sima de mim, e sim do meu lado, o que me deu tempo pra subir nela, sentada na barriga dela, estava pronta pra apaga - lá com um só tapa quando senti uma mão se fechando contra meu pulso.
- A festa acabou pra você mocinha.
- Não! Eu vou acabar com ela! - eu gritei
- Não, não vai! - a voz respondeu ainda mais forte. Logo reconheci aquela voz, ainda assim olhei pra sima. E lá estava o tio Rogério com uma expressão muito mais que zangada. 

Deu ruim :s

Por hoje é só amores e amoras. Até amanhã.

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