Trinta e dois.

391 24 10
                                    

- Sem febre - concluí tirando a mão da testa de Grover.

Ele já estava sóbrio depois de quase uma hora resmungando coisas sem sentido, os meninos deram um banho gelado nele e depois eu dei café puro pra ele tomar. Ele ainda reclamava de dor de cabeça quando o colocamos pra dormir na cama de Artur.

Já passava de 1:00 da manhã e todos nós estávamos exaustos, não achamos seguro nos separarmos visto a situação em que estávamos, então cada um encontrou um cantinho se aconchegou e dormiu. O apartamento de Artur parecia uma república de anões crescidos e malhados.

Tobias dormia calmamente no sofá da sala e Freddy roncava no chão ao seu lado, Thommy se aconchegou milagrosamente numa poltrona velha escondida em um canto da sala e Stuart deitou- se no chão ao lado da cama de Artur, mestre Oliver sentou encostado na parede convicto de que não iria dormir mas acabou cedendo sentado como estava. Eu não consegui dormir acompanhada de Artur.

Sentei em uma cadeira de ferro e fiquei parada analisando meus amigos dormirem. Só então percebi no que havia enfiado eles. Cada um tinha uma história e alguém com quem se preocupar, cada um tinha uma responsabilidade e eu coloquei eles numa missão suicida pra quê? Pra impedir que outras pessoas morressem? Eu não era nenhum super-herói, meu sentimento se elevava a vontade de salvar outras pessoas. Eu estava naquela missão por vingança.

- No que você está pensando? - Artur me tirou dos meus pensamentos.

- Preciso ir na minha casa.

- Pra quê?

- É importante, tenho que pegar umas coisas.

- É perigoso Paige.

- Não se você estiver comigo.

***

Destranquei a porta da minha casa e entrei com Artur atrás de mim. A casa estava da mesma forma que eu deixara. Sem sinal de visitantes indesejáveis.

Digitei a senha do alarme antes que ele disparasse, acendi as luzes e olhei o resto da casa, tudo limpo. Subi as escadas rumo ao meu quarto acendendo cada luz a minha frente.

Peguei algumas peças de roupas e enfiei em uma bolsa media. Não voltaria a minha casa tão cedo.

Peguei um caderno e uma caneta e sentei na minha cama, escrevi a carta de socorro aos meus tios que estavam no plano C que eu havia elaborado enquanto preparava o café de Grover.

- Que isso? - Artur perguntou se sentando ao meu lado.

- Precaução.

Terminei a carta e a dobrei com cuidado.

- Você está com algum dos celulares pré-pagos que Grover comprou? - perguntei a Artur.

Ele apalpou os bolsos e então tirou um celular pequeno de um deles e me estendeu.

Disquei o número da minha tia e esperei até que ela atendesse. A ligação foi pra caixa postal.

- Oi tia, eu estou com saudades de vocês, espero que estejam se divertindo, eu vou fazer uma viagem com o pessoal da academia, vamos participar de um campeonato, voltamos quinta de manhã - odiei mentir pra minha tia, mas não havia solução - eu limpei a casa, toda a casa, só faltou um lugar que eu não limpei, em cima da geladeira, quando você chegar limpe lá Ok? Por favor tia, não se esqueça de limpar em cima da geladeira, eu te amo de mais. Beijo e, até logo.

- O que foi isso? - Artur perguntou.

- O plano C.

Desci as escadas com a mala nas costas e a carta na mão, fui até a geladeira e coloquei a carta em cima dela. Coloquei o celular que acabara de usar em cima da mesa e peguei um martelo de amassar carne. Com toda a força eu esmaguei o celular.

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora