Fizemos piadas sarcásticas sobre coisas aleatórias por um longo tempo depois da confissão de Grover. O clima no carro não tinha ficado muito bom.
Stuart e os outros participavam das piadas através do rádio até sermos interrompidos.
- Galera, notícia ruim: tem uma blitz ali na frente. - Stuart falou.
- Fudeu. - Tobias soltou.
Não demorou muito até avistarmos também. A estrada não estava tão movimentada, os dois carros que estavam a frente do carro de Stuart logo foram liberados.
Stuart parou e um policial foi até sua janela, e outro veio caminhando até a nossa.
O policial tinha altura média, o cabelo estava precisando ser cortado e a barba grande de mais. A farda estava amassada e não encontrei se distintivo.
- Olá. - Cumprimentou.
- Olá senhor. - Artur respondeu educado.
- Vocês vem de onde? - Indagou o policial olhando pra mim e para os garotos no bando de trás, etudando-nos.
- New York. - Artur podia ter contado uma mentira pelo menos.
- Ah é? E pra onde estão indo?
- México! - eu respondi por Artur antes que ele contasse a verdade pra um policial de farda amassada.
Artur me olhou confuso.
México foi minha primeira resposta, eu não fazia ideia se o caminho que estávamos indo também nos ligava ao México.
- Hum, México é? - ele riu um pouco - Podem esperar aqui um estante? Já volto. - ele disse antes de caminhar até um carro na beira da estrada.
Um carro comum, não uma viatura.
- Artur. Temos que sair daqui. - mandei.
- Ahn, Paige eles são a polícia. Relaxa. - Tobias respondeu por ele.
- Polícia? Que tipo de polícia usa carros comuns em vez de viaturas? Que deixa a barba crescer e que usa farda amassada? E onde está o distintivo dele?
Artur demorou uns dois minutos pra ligar os pontos também. Ele agarrou o rádio e chamou Stuart.
- Stuart, eles não são policiais.
O policial de farda amassada que estava no carro deles se afastou da janela e olhou em direção ao nosso carro. Falou algo no rádio dele e então o outro policial saiu de dentro do carro.
Artur enfiou a mão na buzina com força e arrancou com o carro, se Stuart demorasse um segundo pra sair Artur teria peitado nele.
Stuart passou por cima das barreiras que impediam a passagem estilo Velozes e Furiosos. Talvez não fôssemos Velozes mas com certeza Furiosos.
Parei de olhar o relógio de velocidade no painel pra não ter um infarto indesejado. A visão pela janela virou apenas um borrão.
O meu medo era no momento só a velocidade, mas logo ele foi substituído pelo som dos tiros e das balas atravessando a lataria do carro.
- Me da uma arma! - Mandei pra qualquer um que estivesse me ouvindo e me virei pra trás pra recebe-la.
Grover me estendeu uma metralhadora que eu nem sabia que estava ali, o problema é que Freddy não me ensinou a atirar com metralhadora. Mas não devia ser tão diferente né!?
Freddy pegou outra e começou a abaixar o vidro da sua janela. Eu fiz o mesmo.
- O que você tá fazendo? - Artur berrou.
-Revidando.
Enfiei os braços com a metralhadora primeiro e depois a cabeça. Mirei nos pneus e atirei. O coice da metralhadora era bem pior do que das outras porque era frenético, mas logo eu me acostumei.
O problema era que agora eles tinham um alvo: minha cabeça. E tenho certeza que a mira deles é bem melhor que a minha.
O capô do carro deles começou a soltar fumaça.
Esvaziei o pente, enfiei a cabeça pra dentro e recarreguei. Quando ia sair de novo fui impedida.
- Paige, não! - a voz de Artur gritou. Olhei pra ele e derepente parecia estar tudo em câmera lenta.
Ele segurando o volante com tanta força que os nós dos dedos estavam sem cor. Os braços estavam rígidos. Seu ombro sangrava de novo. Os olhos estavam vermelhos e as orelhas também. Suor escorria por sua testa e passava por todo o rosto. Seu olhar era novo pra mim, ele estava tenso, zangado, triste...? Uma ruga estava parada no meio da testa, as sombrancelhas curvadas e o dentes trincados.
Então quando olhei pra frente a velocidade das coisas voltaram a ser às mesmas. Um carro veio contra Stuart fazendo ele freiar abruptamente mas ainda assim colidiu de frente com esse carro.
Artur também freiou pra não ter que peitar neles.
E então tudo rodou e rodou, e depois girou, girou, girou até eu não poder mais contar.
Eu sacudia batendo contra o painel, contra o banco e depois contra Artur... Eu batia em tudo. Os vidros se quebravam e os cacos rasgavam minha pele, a metralhadora batia contra minha cabeça e então ela escapuliu pela janela.
Ouvia gritos. Gritos de homem e de mulher. Só então percebi que eu também gritava.
E então tudo parou.
Tudo se apagou.
Estava tudo escuro, e estrelas começaram a surgir, brilhando como jóias.
E então o rosto da minha mãe apareceu. Sorrindo. Feliz.
- Olá Paige. - ela disse.
Não é real.
- Sinto sua falta minha filha.
Não é real.
- Faça o que é certo minha querida.
Não é real.
- Levante. E me honre. Honre o seu pai. Você é guerreira Paige. Faça o que é certo.
Sim, é real.
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Lutando pelo amor
EspiritualPaige West de 17 anos depois de perder os pais se muda para NYC para morar com os tios. Lá conhece a arte do boxe, e também a Cristo. Os dois tomam um grande espaço no coração de Paige. Mas ela ainda terá que encarar muitas coisas na descoberta dess...