Trinta e oito

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O teto da nossa caverna parecia ter se abrido, eu vi uma luz forte e branca. No começo ela parecia ferir meu olhos, mas depois eu me acostumei.

A luz era linda.

- O que é isso? - Perguntei pra quem tivesse ouvindo.

- Isso, o quê? - Alguém perguntou ao meu lado.

Mas não soube distinguir quem era e nem abrir a boca pra responder, eu estava hipnotizada.

E então eu vi algo saindo de dentro da luz, era um ser tão glorioso que eu não conseguia olhar. Eu não me sentia digna de olhar.

Eu senti quando ele se aproximou de mim, a sua luz era quente e acolhedora, e quanto mais perto ficava de mim, melhor eu me sentia. Então aquele ser que se parecia com um anjo encostou a mão no meu peito, exatamente sobre o meu coração.

E então tudo mudou.

O filme da minha vida passou diante dos meus olhos. Os meus pais, a perca do bebê de tia Loren, minha revolta e raiva de Deus, conhecer Carlos e logo depois os meus amigos... Tudo. Lembranças que a muito tempo estava se empoeirado em minha mente apareceram diante dos meus olhos.

E eu vi o propósito de tudo o que aconteceu. O motivo de cada acontecimento, de cada lágrima e de cada sorriso, tudo aquilo tinha um propósito.

E eu senti o que a muito tempo não sentia. Forte e arrebatador, eu me enchi de amor.

E tão rápido como veio, o anjo retirou a mão do meu coração e tocou a testa de Artur. Feito isso, afastou-se e subiu de novo para a luz. E antes que ele se fosse completamente eu ouvi uma voz calma dizer ao meu ouvido.

"Eu estou contigo, filha."

Aquilo era a única coisa que eu precisava ouvir desde o princípio. Ouvir mestre Oliver dizer que eu não estava só tinha me animado, mas eu ainda sentia-me vazia, como se faltasse algo. Mas agora não faltava mais nada. Deus estava comigo. Tinha como estar mais segura?

Acho que não.

Assim que a luz se apagou, Artur deu um espasmo, tragou um porção generosa de ar e caiu no meu colo de novo ainda desacordado.

Eu me curvei sobre ele novamente e depositei um beijo leve em sua testa. Abaixei-me mais e sussurrei em seu ouvido.

- Não estamos sozinhos Artur. Deus está conosco.

E então seus olhos se abriram. Ele me encarou por alguns segundos sério, piscou umas duas vezes antes de finalmente falar.

- Eu morri? - Sua voz estava áspera e rouca. Os olhos um pouco avermelhados.

Eu sorri um pouco.

- Você não vai morrer tão cedo enquanto eu estiver com você. - Eu disse e ele sorriu.

E eu sorri mais ao ver seu sorriso.

- O que aconteceu? - Ele perguntou olhando em volta pelo canto dos olhos.

- Estamos presos em uma espécie de caverna. Carlos ainda não decidiu o que fazer com a gente.

- Eu tenho algumas idéias se ele quiser.

Antes que eu pudesse responder, uma porta se abriu com um baque surdo e luzes fluorescentes foram acesas. Em um reflexo rápido eu escondi o celular dentro do short de novo.

Homens de preto entraram com baldes nas mãos e tão rápido como entraram ele despejaram todo o conteúdo dos baldes sobre nós.

A água estava gelada, e eu juro que pude sentir pequenas pedras de gelo descerem pelas minha roupas.

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⏰ Última atualização: Nov 28, 2016 ⏰

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