Vinte.

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Explosões aconteciam perto de mim e traziam uma onda de confusão pra minha cabeça. Um terremoto me fazia girar. O que está havendo? O mundo está acabando? É uma guerra? Por que tantas bombas? E esses tremores? Está tudo tão confuso.

Mas quando abri os olhos, percebi que essa guerra era toda dentro da minha cabeça. Meu corpo estava todo dolorido. Mas isso não foi o pior.

Quando me virei para frente. Uma confusão de lembranças vieram a minha mente.

- Mas que droga! - Susurrei.

O quarto tinha uma parede azul escuro. Uma montanha de roupa suja parecia ter vida no canto da parede. A escrivaninha tinha um amontoado de papéis e camisas. Um saco de areia pendia em outro canto da parede. No tapete circular no centro do quarto havia pares de sapatos.

No lado direito da cama havia uma porta. Um banheiro talvez. Precisava de um banheiro. Levantei lutando contra a dor das minhas juntas e costas e cabeça e braços e tudo. Abri a porta com medo do que iria encontrar. Mas ao contrário do quarto, o banheiro era limpo. O que me assustou foi quando me olhei no espelho preso acima da pia, e me vi com uma camisa larga de beisebol. Droga! Levantei a barra da camiseta com medo mas me aliviei em ver que minha calcinha ainda estava lá.

Tirei essa pouca roupa e me enfiei em baixo daquele chuveiro de água congelante. Passei o shampoo masculino que estava dentro do armário e me esfreguei com um sabão líquido que estava em cima da pia. Não ousei usar a única escova de dentes que estava no armário então escovei os dentes com o dedo da forma mais higiênica possível. Vesti minhas poucas roupas ainda molhada e sai do banheiro.

No quarto, parado com uma bandeja de comida, Carlos me olhava curioso. Ficamos nos encarando por alguns estantes, minha barriga roncava cada vez em que meus olhos paravam na bandeja.

- Bom dia. - Ele finalmente falou.

Andou calmamente até a escrivaninha jogou tudo o que estava em cima no chão e colocou a bandeja. Caminhou até o armário de roupas e pegou uma caixinha preta, retirou uma cartela de comprimidos e depois me entregou um dos comprimidos, logo depois me deu o copo de suco que estava na bandeja.

- Beba. É pra ressaca. Depois coma. - Ele disse cautelosamente.

Tomei o remédio como ele havia mandado e depois caminhei até a bandeja de comida me esquivando de todos os empecilhos no chão. Comi como-se aquela fosse minha última refeição da vida. Havia pão com geléia ovos mexidos com bacon, uma tigela de cereal, uma copo de suco e um copo de leite. Comi um pouco de tudo.

- Cadê meu celular? - Perguntei entrando em pânico pensando na encrenca que tinha entrado. De acordo com o sol que atravessava a janela já estava bem tarde.

- Já avisei seus tios que não dormiria em casa e o motivo. - Ele disse me entregando o meu celular.

Arregalei os olhos temendo.

- Mandei uma mensagem pelo seu celular dizendo que havia acontecido um acidente com Pilar e que você ficaria com ela essa noite. - Ele disse como-se tivesse lido minha expressão.

Entrei na minha caixa de entrada, uma mensagem já lida da minha tia dizia que tudo bem mas que era pra eu voltar cedo no outro dia.

- Onde estão minhas roupas? - Perguntei.

- Secando. Maria as lavou, estavam todas sujas de vômito.

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora