Três.

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Acordei com uma música muito antiga do Bruno Mars vindo do andar de baixo, não me recordo do nome da música. Olhei no relógio de cabeceira e eram 7:14, minha aula começava as 8:00.

Estava no último ano do ensino médio, e hoje seria o primeiro dia aula, em Nova York e no terceiro período do ensino médio, mas já estava ansiosa pelo último dia.

Na antiga escola eu não pensava assim, lá eu tinha amigos, professores legais, e agora não tenho nada nem ninguém. E eu não tenho aquele dom que as pessoas legais tem de se enturmar rápido. Muito pelo contrário, sou péssima nisso, e acho que as pessoas fogem de mim.
Então o primeiro dia de aula em uma escola desconhecida não é muito bem o que eu queria.

Levantei preguiçosamente da cama com uma dor insuportável na cabeça, sempre que tinha aqueles sonhos durante a noite minha cabeça doía.

O sonho.

Fui tomar banho relembrando tudo o que passei durante a noite.
"Eu vou voltar, e vou te pegar"
Um arrepio atravessou a minha espinha ao lembrar da voz cruel daquele homem.
Aquele homem que matou meu pai.

Matou o meu pai.

Já não sabia se meu rosto estava molhado pelas lágrimas ou pela água que descia do chuveiro. Talvez pelos dois.

Depois de fazer minhas higienes pessoais e me vestir, peguei a bolsa e desci para cozinha.

Tia Loren estava sentada na mesa bebericando um chá enquanto lia algo no jornal.

- Bom dia querida. - Ela disse sorrindo, o sorriso igual o da minha mãe.

- Bom dia tia. O tio Rogério ainda não chegou do plantão? - perguntei enquanto me servia de café e pegava uma torrada.

- Chegou, esta no jardim. - Ela disse pegando o jornal e voltando a ler.

- Ele nunca dorme?

- Dorme sim querida, mas não quando acaba de chegar do plantão, ele gosta do jardim, cuida de lá como se fosse parte de seu corpo.

- Ahn tá.

Meu tio é chefe da polícia, esta noite ele ficara de plantão, é um homem muito bom. Dos homens que atacaram meu pai quatro deles estão presos graças a ele, um deles morreu, e o outro fugiu ,o que foi o assassino.
Desde que me mudei para NY (Três meses) fui ao jardim duas vezes. É um lugar muito bonito com várias plantas de várias espécies de vários tons e vários aromas. É maravilhoso. Explica o motivo do tio Rogério gostar tanto de lá.

- Já está pronta querida? - minha tia perguntou levantando-se.
-
Já sim tia. Aonde fica o ponto de ônibus? - Perguntei também me levantando.

- Ali na esquina, mas porquê ?

- Pra eu ir pra escola ué.

- O quê ? Não querida eu vou te levar, eu passo na porta todos os dias no caminho pro trabalho. - ela disse rindo

- Ah sim. Então ta bom.

- Vamos então, você não pode se atrasar.

Tia Loren passou no jardim para se despedir do tio Rogério e com isso saímos.

A visão que tive da escola foi um prédio azul de provavelmente cinco andares, com um estacionamento bem grande logo na entrada. Me despedi da minha tia e entrei. O clima era agradável, e tinha um cheiro de cravo da índia. Era bom.
Me dirigi a uma sala que tinha uma placa "Assistente de aluno" na porta. Foi onde minha tia mandou eu ir.
Era uma sala média com um balcão no centro, atrás dele havia uma moça de cabelo ruivo, um ruivo morango, aquele tipo de ruivo que de cara da pra saber que é tingido. Ela tinha um batom na boca vermelho assim como seu cabelo, tinha a pele branca e seus olhos eram verdes com as bordas castanhas, lindos olhos. Ela aparentava uns 28 anos

- Bom dia - ela me cumprimentou

- Bom dia, sou nova e fui informada que é aqui que pego as informações.

- É sim. Qual seu nome?

- Paige. Paige West Campbell.

- Hum, terceiro ano certo? - Ela disse olhando no computador enquanto teclava nos botões do teclado.

- Sim.

- 17 anos, filha de Lauren West e Marco Campbell.

- Exatamente.

- Ok. - Ela disse e a impressora começou a imprimir algo. Ela pegou o papel e me entregou.

- Ai está o número de seu armário Paige, e o horário de suas aulas, seus livros e apostilas estão todos no armário. E a propósito, você esta atrasada.

Olhei no relógio da parede e marcavam 7:59

- Droga! - Disse e sai correndo. - Obrigada! - gritei antes que a porta se fechasse.

De acordo com o papel que a dona ruivinha havia me entregado meu armário ficava no segundo andar, e minha primeira aula no terceiro, o elevador estava ocupado, esperei por ele dois minutos e nada, resolvi ir pela escada, sai em disparada, cheguei no armário digitei a senha que estava no papel e peguei o livro. Já estava começando a suar e o elevador estava livre, resolvi não correr o risco de chegar fedendo no primeiro dia de aula. Quando cheguei na sala todos me olharam, eu estava ofegante e com o cabelo bagunçado

- Ahn, licença...!? - falei sem saber se estava pedindo, perguntando ou afirmando.

O professor que até agora estava de costas para a porta voltou se pra mim, me olhou de cima a baixo e vice versa

- Novata certo?

-Sim.

Ele olhou no relógio de pulso, respirou fundo e me olhou. Ele era alto mais ou menos 1,87, rechonchudo e aparentava ter uns 70 anos.

- 6 minutos atrasada. A escola da aos alunos 10 minutos de tolerância, eu não dou nem 2, mas minha palavra é menor do que a dessa escola, então sente-se novata.

Quando me virei em direção a uma cadeira vazia no fundo da sala ele me chamou novamente:

- Novata, que isso não se repita

Eu assenti e quase corri para cadeira. Logo após ele se apresentou como professor Wilson Costa, professor de história aplicada. A aula foi um saco. Quando a dele acabou tivemos mais duas, uma de matemática e outra de física, o que eu amei por gostar tanto de cálculos.
E depois veio o intervalo. Fui para a cantina e comprei uma maçã, uma fatia de bolo de laranja e suco. Sentei em uma mesa que ficava no canto do refeitório e comecei a comer o bolo enquanto olhava algumas redes sociais pelo celular.

- Ei novata

Quando me virei tinha uma menina loira com um piercing no nariz, uma calça rosa e uma ragata branca com um decote enorme "Essa blusa só pode ser da irmã de dose anos dela pra ser tão curta e justa como é" eu pensei.

Junto dela havia mais duas garotas, uma morena cujo cabelo ia até a metade das costas e a outra também morena, com o cabelo cacheado. Todas aparentavam ser aquelas patricinhas filhas de papai de filmes.
- Você esta no nosso lugar - A do piercing falou.

Eu olhei em volta e tinha varias outras mesas vagas ao redor, isso significava que elas só estavam querendo confusão.
- Não estou vendo nomes aqui. - eu disse olhando nos olhos dela

- Você sabe quem eu sou? - Ela falou com faíscas de raiva nos olhos.

- Claro que sim. Uma loira tingida que acha que o mundo gira ao seu redor e que acha que pode me obrigar a sair daqui, pena que você só acha né?

- Eu sou a filha do diretor dessa escola sua nojenta, e eu faço você ser expulsa em um estalar de dedos.

- Então vai lá mimadinha, corre pro papai e estala os dedinhos, só cuidado pra não quebrar as unhas com o ato ta querida.

Falei por fim e voltei a comer, sorri quando ouvi saltos andando pra longe de mim.

Se tem uma coisa que eu não aturava era gente achando que podia mandar em mim. Depois do intervalo vieram mais 3 aulas e eu pude voltar pra casa.
Passei a tarde trancada no quarto, quando era 19:12 eu adormeci

Lutando pelo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora